terça-feira, 29 de março de 2011

O labrego


E hoje veste Armani... e dizem que compra as fatiotas na célebre loja de Apparel Bijan em Rodeo Drive (Los Angeles) onde cada unidade chega a custar 50.000€. Como os tempos mudam !!!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Henrique Neto fala de Sócrates

 Uma vez, fui a um debate em Peniche, conhecia o Sócrates de vista. Isto antes do Governo Guterres. Não sabia muito de ambiente, mas tinha lido umas coisas, tinha formado a minha opinião. O Sócrates começou a falar e pensei: “Este gajo não percebe nada disto”. Mas ele falava com aquela propriedade com que ainda hoje fala, sobre aquilo de que não sabe. Eu, que nunca tinha ouvido o homem falar, pensei: “Este gajo é um aldrabão, é um vendedor de automóveis. Ainda hoje lhe chamo vendedor de automóveis".

"Quando se pôs a hipótese de ele vir a ser secretário-geral do PS, achei uma coisa indescritível. Era a selecção pela falta de qualidade. O PS tem muita gente de qualidade. Sempre achei que o PS entregue a um tipo como o
Sócrates só podia dar asneira".

"Gosto muito de Portugal – se tiver uma paixão é Portugal – e não gosto de ninguém que dê cabo dele. O Sócrates está no topo da pirâmide dos que dão cabo disto. Entre o mal que faz e o bem que faz, com o Sócrates, a relação é desastrada".

"Há caras de que gostamos mais e outras menos, mas não me pesa assim tanto. Além do facto de que estou convencido de que ele não é sério, também noutros campos. Conheci a vida privada do Sócrates, ele casou com uma moça de Leiria, de quem conheço a família. Sou amigo do pai dela, que foi o meu arquitecto para a casa de São Pedro de Moel. Esta pequena decoração que vê aqui [em casa] foi feita pela cunhada do Sócrates. Às vezes compro umas pinturas que a mãe delas faz. Nunca fui próximo da família, mas tenho boas relações. Não mereciam o Sócrates. Portanto, sei quem é o Sócrates num ambiente familiar. Sei que é um indivíduo que teve uma infância complicada, que é inseguro por força disso, que cobre a sua insegurança com a arrogância e com aquelas crispações. Mas um País não pode sofrer de coisas dessas".

"Escrevi uma carta ao Guterres, que foi publicada, em que lhe disse coisas que digo do Sócrates. Era deputado quando escrevi a carta, era da comissão política do Partido Socialista. Foi na fase de Pina Moura e daqueles descalabros todos. Na comissão política, estão publicadas algumas dessas coisas, [sobre] os negócios do Jorge Coelho e do Pina Moura. Depois de ter falado disso tudo em duas ou três reuniões e não ter acontecido nada, escrevi uma carta e mandei ao Guterres. Ele distribuiu a carta. No outro dia veio nos jornais. Era uma carta duríssima. Os problemas eram os mesmos, estávamos a caminhar mal, estávamos a enganar os portugueses, a dizer que a economia estava na maior, quando não era verdade. Na altura já falava com o Medina Carreira e ele já falava comigo".

"Quando o Pina Moura foi ministro das Finanças, uma senhora das Finanças instalou-se lá na empresa. Nunca contei isto. Encontrava-a no elevador, nunca falei com ela, “bom dia Sra. Dr.a.”. Mas os meus homens contavam-me. Andou à procura, à procura, à procura como uma doida. Esteve lá alguns dois anos. As coisas não são impunes, a gente paga-as neste mundo. Disse o que quis do Pina Moura, da maioria desses gajos; era natural que se defendessem. Os seus colegas jornalistas muitas vezes foram ao Pina Moura com o que eu disse; e ele: “Não comento”. O Guterres também não comentava, e o Sócrates também não comenta. Aliás, quando faço uma intervenção ao pé dele fica histérico, não me pergunte porquê".

"Estudei um pouco da história portuguesa, nomeadamente dos Descobrimentos; fizemos erros absurdos. Um dos erros é deixarmo-nos enganar, ou pelos interesses, ou pela burrice. O poder, os interesses e a burrice é explosivo. Descambámos no Sócrates, que tem exactamente estas três qualidades, ou defeitos: autoridade, poder, ignorância. E fala mentira. Somos um País que devia usar a inteligência e o debate para resolver os problemas, e temos dirigentes que utilizam a mentira e evitam o debate".

"A última comissão política do PS foi feita no dia em que o Sócrates anunciou estas medidas todas. Convocou a comissão política depois de sair da conferência de imprensa, para o mesmo dia, à última da hora, para ninguém ir preparado – primeira questão. Segunda questão, organizou o grupo dos seus fiéis para fazer intervenções umas a seguir às outras, a apoiar, para que não houvesse vozes discordantes. A ideia dele era que o Partido Socialista apoiasse as medidas. Fez medidas tramadas, toda a gente sabe. O mínimo era que o partido as apoiasse. Mas não falou antes. Depois o Almeida Santos fez aquilo que faz sempre: uma pessoa pode inscrever-se primeiro, mas o Almeida Santos só dá a palavra a quem acha. Os que acha que vão dizer o que não quer que digam, só vêm no fim. E no fim: “Isto está tarde, está na hora de jantar”. Isto é uma máfia que ganhou experiência na maçonaria. O Arq. Fava é maçónico, o Sócrates entrou por essa via, e os outros todos. Até o Procurador-Geral da República. Utiliza-se depois as técnicas da maçonaria – não é a maçonaria – para controlar a sua verdade. Os sucessivos governos, este em particular, pintam uma imagem cor-de-rosa da economia portuguesa. Isto é enganar as pessoas sistematicamente.

Depois aparecem críticos como o Medina Carreira ou eu a chamar a atenção para a realidade do País – chamam-nos miserabilistas! E quando podem exercem pressão nos lugares onde estão esses críticos e se puderem impedir a sua promoção ou acesso aos meios de informação, não hesitam. Isto era o que se passava antes do 25 de Abril, agora passa-se em liberdade, condicionando as pessoas, e usando o medo que têm de perder o emprego. José Sócrates, na última Comissão Política do PS, defendeu a necessidade das severas medidas assumidas pelo Governo, mas também disse que era muito difícil cortar na despesa do Estado porque a base de apoio do PS está na Administração Pública. Disse-o lá, e pediu para isso a compreensão dos presentes. Não tenho nada contra José Sócrates. Se ele se limitasse a ser um vendedor de automóveis, ser-me ia indiferente. Mas ele é o primeiro-ministro e está a dar cabo do meu País. Não é o único, mas é o mais importante de todos".

(Entrevista de Henrique Neto a Anabela Mota Ribeiro no "Jornal Económico" - 5 Nov 2010)

Breve BIOGRAFIA de HENRIQUE NETO
Henrique Neto nasceu em Lisboa em 27.04.36, de uma família operária da indústria vidreira, originária da Marinha Grande. Vive presentemente em S. Pedro de Moel, é casado
e tem três filhos.
Iniciou a sua actividade profissional na Marinha Grande aos 14 anos como aprendiz na indústria de embalagem de madeira e aos 16 anos como aprendiz na indústria de
moldes para matérias plásticas.
Em 1975, com o Engo Joaquim Menezes, fundou a empresa Iberomoldes que através da aquisição e fundação de novas fábricas, se tornou numa das maiores organizações mundiais do sector.
Em 1992 fundaram a SETSA, a primeira empresa nacional de engenharia, especializada no desenvolvimento de novos produtos e fabrico de protótipos com tecnologia e conceitos mundialmente inovadores.
Henrique Neto desenvolveu actividade política activa na oposição ao antigo regime, sendo candidato da Oposição Democrática pelo Distrito de Leiria nas eleições de 1969.
Deputado na Assembleia da República pelo Partido Socialista na legislatura de 1995-1999.
Vice-Presidente da Direcção da AIP – Associação Industrial Portuguesa.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ilhas Desertas

Ilhas Desertas é o nome de três pequenas ilhas de origem vulcânica, situadas a sudeste da Ilha da Madeira, que constituem a Reserva Natural das Ilhas Desertas, classificada também como Reserva Biogenética pelo Conselho da Europa.
Fazem parte das Ilhas Desertas o Ilhéu Chão, a Deserta Grande e o Bugio.

terça-feira, 15 de março de 2011

Praia do Machico

Na Ilha da Madeira só existem duas praias com areia clara. Tudo o resto é calhau grande rolado.
A areia desta praia foi importada da Figueira da Foz.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Espantalho

Eu sei que o Carnaval já lá vai... mas não pude resistir...

Como diz o povo: XÓÓ !!!!

( Foto tirada durante o Cortejo Trapalhão no Funchal )


sexta-feira, 4 de março de 2011

Pétalas de fogo

Os putos

Hoje, num site de fotografia onde vou às vezes, vi uma bela foto de um amigo de Moçambique.
O nome do trabalho, onde é retratada uma criança moçambicana, é "O puto".
Por baixo, outro amigo, este brasileiro, interrogava: "o que significa "O puto", em sua cultura?"
Daí o facto de hoje, e aqui, eu publicar dois vídeos:
1º - Carlos do Carmo na Gala da TVI de 2008 com a letra de Ary dos Santos.
2º - Um outro que eu publiquei também em 2008 neste blogue mas que me parece manter-se actual.




Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.

Uma fisga que atira ,a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser, criança
Contra a força dum chui, que é bruto.

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.

As caricas brilhando ,na mão
A vontade que salta ,ao eixo
Um puto que diz ,que não
Se a porrada vier, não deixo

Um berlinde abafado ,na escola
Um pião na algibeira ,sem cor
Um puto que pede ,esmola
Porque a fome lhe abafa ,a dor.

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens