domingo, 31 de agosto de 2008

Blog Day - 2008

Fui surpreendido por um e-mail de um amigo que me dizia que ia indicar o meu blogue hoje no Blog Day. Confesso que não estava a par da existência de qualquer comemoração do género e fui ver o que se passava.

E aqui estou a colaborar.

Que blogues indicar ? São tantos e tão bons que a escolha se torna difícil. Por isso vou destacar quatro que são escritos por colegas meus de profissão e um, cujo autor não faz parte da confraria, mas que pela sua qualidade merece uma visita diária: (clicar nas imagens para serem direccionados para cada um deles)

1 - Desabafos de um Médico
Obviamente. Já o citei neste blogue, já transcrevi um artigo dele quando ainda estava inactivo (A Menina Ruiva). O autor voltou, com a qualidade de outros tempos, com o sentimento que transpõe para as palavras escritas, com as histórias simples do dia a dia de um médico pediatra.


2 - Fala Médico
Transcrevo a sua introdução que só por si diz tudo:
"Este blog tem como objetivo reunir médicos de todos os setores para discutir e propor idéias para a valorização do trabalho médico, do SUS, opiniões, denúncias, problemas e soluções. O conteúdo deste blog será livre, sem moderadores, para que a colaboração e participação de todos crie um resultado de propostas eficientes e respostas para melhores condições ao sistema de saúde no Brasil, afinal, nosso lema é: a medicina exige respeito!"

3 - A culpa é do médico
Crítico, mordaz por vezes. Vale a pena seguir.

4 - Médico explica medicina a intelectuais
O próprio autor diz: "Tanto dislate se ouve e lê, por vezes publicado inconscientemente, que decidi esclarecer quem me procurar, para que os jornalistas (e outros intelectuais!) sejam um meio para os 'media' fomentarem a literacia científica."

5 - Abaixo o presidente!
E por último o tal que não faz parte da confraria, mas que se me impunha indicar. O seu autor fala de si: "No meu universo ficcional é recorrente quer o cenário quer o ambiente dos Arcos, cuja sociedade, com um olhar que faço os possíveis por ser atento, sensível e mordaz, tento escalpelizar de forma cáustica nas minhas curtas histórias."


A escolha foi difícil, tanto pelo conhecimento que tenho da qualidade de outros que ficaram por mencionar, como pelo receio de criar susceptibilidades desnecessárias. Espero não o ter feito.

sábado, 30 de agosto de 2008

Timor Lorosae - Decisão popular há 9 anos

A 30 de Agosto de 1999, em referendo organizado pela ONU, a população de Timor-Leste votou a favor da independência face à Indonésia.

De acordo com alguns antropólogos, um pequeno grupo de caçadores e agricultores já habitava a ilha de Timor por volta de 12 mil anos a.C. Há documentos que comprovam a existência de um comércio esporádico entre o Timor e a China a partir do século VII, ainda que esse comércio se baseasse principalmente na venda de escravos, cera de abelha e sândalo, madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de luxo e na perfumaria, que cobria praticamente toda a ilha. Por volta do século XIV, os habitantes de Timor pagavam tributo ao reino de Java. O nome Timor provem do nome dado pelos Malaios à Ilha onde está situado o país, Timur, que significa Leste.

A colonização


Os portugueses foram atraídos pelos recursos naturais em 1514, trazendo os missionários e a religião católica que atualmente é predominante. Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o Timor Português. Em 1914, a Sentença Arbitral assinada entre Portugal e os Países Baixos para terminar com os conflitos entre os dois países, fixando as fronteiras que hoje dividem a ilha.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Aliados (australianos e holandeses) envolveram-se numa dura guerra contra as forças japonesas em Timor. As forças japonesas entraram em Timor-Leste em Fevereiro de 1942 para expulsar as forças australianas que tinham ocupado o território em Dezembro de 1941, violando a neutralidade da então colónia portuguesa. Algumas dezenas de milhar de timorenses deram a vida lutando ao lado dos Aliados, entre os quais se encontrou o célebre régulo Dom Aleixo.

Em 1945, a Administração Portuguesa foi restaurada no Timor Português. Seguiu-se um período de quase três décadas em que não se manifestaram movimentos independentistas.

As guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Timor. A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em acção na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida no território.

Invasão da Indonésia

A 28 de Novembro de 1975, após uma breve guerra civil, a República Democrática de Timor-Leste foi proclamada. Apenas uns dias depois, a 7 de Dezembro de 1975, a nova nação foi invadida pela Indonésia que a ocupou durante os 24 anos seguintes. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador Mário Lemos Pires, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem forças militares suficientes para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilha de Ataúro.

A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu as simpatias do governo dos EUA e da Austrália, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela Comunidade Internacional.

A invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós II Guerra Mundial. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam de forma sistemática e sem controlo meios brutais de tortura, a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização", procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses.

Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português e a islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27ª província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo no Mar de Timor.

No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos recursos materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, pela morte em combate de Nicolau Lobato ou por detenção de Xanana Gusmão. Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano com manifestações de massas e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli.

Independência

Em 30 de Agosto de 1999, os timorenses votaram por esmagadora maioria pela independência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia, na sequência de um referendo promovido pelas Nações Unidas. Em 20 de Maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste. (Fonte: Wikipédia)

Lucélia Santos, actriz brasileira bem conhecida do público em Portugal, produziu um filme intitulado Timor Lorosae - O Massacre Que O Mundo Não Viu, e explica, na sua página web, as razões que a levaram a fazê-lo:

"O primeiro contato de Lucélia com a barbárie que acontecia no outro lado do mundo foi em 1995 com a visita do embaixador da causa timorense José Ramos Horta ao Brasil. Ela ficou chocada como aquilo poderia estar acontecendo em plena década de 90. Quando o professor Ramos Horta e o bispo Belo foram laureados com o Nobel da Paz em 1996, Lucélia foi a Oslo como convidada de honra para a solenidade de entrega do prêmio. Foi lá que surgiu a idéia de se fazer um filme que divulgasse a causa timorense ao mundo, e principalmente no Brasil, que mal ouvira falar em Timor até então. O projeto foi amadurecendo e só então em 2000, com o apoio do governador Mario Covas (a quem o filme é também dedicado), que alavancou o patrocínio das companhias elétricas Bandeirante Energia S.A. e EDP Brasil, que pôde sair do papel. Lucélia foi à Timor com um equipe reduzida e durante um mês registrou a trágica situação em que se encontra o povo maubere. De volta ao Brasil a luta pela finalização do filme continuou e mais importantes passos foram dados, com o apoio da BR Distribuidora, que através da Lei do Audiovisual forneceu recursos para o processo de pós-produção. Lucélia conseguiu também a aquisição de um material de imagens de arquivo, em sua maioria inéditas no Brasil, junto à RTP, ao CIDAC e o CDPM em Portugal. Depois de montado e finalizado, "Timor Lorosae - O Massacre Que O Mundo Não Viu" chega às telas como o primeiro filme a apresentar a triste história timorense ao Brasil e ao mundo, e também como um alerta de como a violência está presente em nossas vidas de forma assustadora."

Em Portugal, o filme ganhou o Prémio Lusofonia em 2001 e, no ano seguinte, no Famafest arrecadou uma Menção Honrosa.

A denúncia do Massacre do Cemitério de Santa Cruz, em Dili, feita por inúmeros órgãos de comunicação social de muito prestígio, as imagens que todo o planeta viu nos seus televisores, os protestos públicos de muitas personalidades de grande prestígio internacional, acabaram por dar resultados positivos que culminaram com o nascimento da mais jovem nação do planeta.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Como retirar um anel de um dedo inchado

De tempos a tempos somos confrontados com a necessidade de remover um anel de um dedo inchado.

O corte ou destruição de uma peça de joalharia valiosa ou de grande estimação pode ser evitado se seguirmos o seguinte método.

1 - Usando uma agulha, um clip ou outra coisa qualquer que se julgue apropriado, passar um pedaço de fio dental (ou uma linha forte) por baixo do anel, e puxá-lo para a zona mais distal possível (Fig.A).
2 - Enrolar o pedaço distal do fio à volta do dedo, fazendo uma espiral com alguma pressão e aperto, até passar a zona inchada (Fig.B).
3 - Fixando a extremidade que se enrolou (a que está virada para a ponta do dedo), ir puxando lentamente a outra, desenrolando o fio, que vai empurrando o anel (Fig.C).

Na maioria dos casos o anel sai com muito pequeno, ou nenhum, desconforto e sem ter que se estragar a joia. O uso de um lubrificante pode ser necessário, mas nem sempre.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Paralímpicos em Pequim 2008

Os atletas representantes de Portugal nos Jogos Paralímpicos de Pequim partem hoje para a China.
Depois das 2 medalhas de ouro, 5 de prata e 5 de bronze de Atenas 2004, esperamos dos nossos representantes o melhor nas suas respectivas especialidades.
Estamos com eles e vamos seguir os seus feitos.
Desejamos-lhes as melhores felicidades.

Hematoma subungueal - Tratamento imediato


Ui ! Entalei-me !!! Na porta, na janela. Dei uma martelada no dedo !!! Que suplício!!! Que dores !!!
E agora ? A unha vai cair ? Vou estar semanas com a unha negra ? Que horror !
Pois é, isto é tão frequente acontecer.
Tomemos medidas simples e de imediato.

Um simples clip resolve o assunto. Nem sempre a parte estética, mas seguramente as dores e evita que a unha venha a cair mais tarde.

1 - Agarre num clip e desdobre-o como mostra a figura.
2 - Aqueça a ponta desdobrada numa chama (lamparina ou mesmo um isqueiro) até que fique bem em brasa.
3 - Toque com ela na unha, na zona central do hematoma que está por baixo.
4 - A unha derrete, fica um pequeno orifício por onde o sangue se liberta, dando um alívio imediato e duradouro.

Se é o acidentado, não fique com medo durante a preparação do tratamento. Não vai doer ( e isto não é daquelas mentiras descabidas ). Quando se cortam as unhas doi ? Claro que não.

O clip com a ponta em brasa vai penetrar de imediato na unha, mas não deve ultrapassar a sua espessura. O sangue que está por debaixo afastou os tecidos moles e por isso não há queimadura da carne, nem dor.

No final, deve-se desinfectar a zona e cobrir com um penso rápido, pois irá sair sangue durante mais um tempo.

Mais tarde verá a progressão do pequenino orifício para a ponta do dedo, à medida que a unha vai crescendo. Sem mais problemas.

Este método é efectivo para os traumatismos recentes, enquanto o sangue ainda está líquido mas não deve ser feito em hematomas antigos. Aí já não resulta mesmo.

Wonderful World - 1

Mais um dos meus vídeos com fotografias recebidas em pps. Estas são maravilhosas e, tanto quanto sei, da National Geografic, edição turca.
Um bom dia para todos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Madre Teresa de Calcutá

Madre Teresa de Calcutá, cujo nome verdadeiro é Agnes Gonxha Bojaxhiu, (Skopje, 27 de Agosto de 1910 — Calcutá, 5 de Setembro de 1997) foi uma missionária católica albanesa, nascida na República da Macedônia e naturalizada indiana beatificada pela Igreja Católica.
Considerada a missionária do século XX, concretizou o projeto de apoiar e recuperar os desprotegidos na Índia. Através da sua congregação "Missionárias da Caridade", partiu em direção à conquista de um mundo que acabou rendido ao seu apelo de ajudar o mais pobre dos pobres.

Partiu para a Índia em 1931, para a cidade de Darjeeling, onde fez o noviciado no colégio das Irmãs de Loreto
No dia 24 de maio de 1931, fez a profissão religiosa, e emitiu os votos temporários de pobreza, castidade e obediência tomando o nome de "Teresa". A origem da escolha deste nome residiu no fato de ser em honra à monja francesa Teresa de Lisieux, padroeira das missionárias, canonizada em 1927 e conhecida como Santa Teresinha.
De Darjeeling passou para Calcutá, onde exerceu, durante os anos 30 e 40, a docência em Geografia no colégio bengalês de Sta Mary, também pertencente à congregação de Nossa Senhora do Loreto. Impressionada com os problemas sociais da Índia, que se refletiam nas condições de vida das crianças, mulheres e velhos que viviam na rua e em absoluta miséria, fez a profissão perpétua a 24 de maio de 1937.
Com a partida do colégio, tirou um curso rápido de enfermagem, que veio a tornar-se um pilar fundamental da sua tarefa no mundo.
Em 1946, decidiu reformular a sua trajetória de vida. Dois anos depois, e após muita insistência, o Papa Pio XII permitiu que abandonasse as suas funções enquanto monja, para iniciar uma nova congregação de caridade, cujo objetivo era ensinar as crianças pobres a ler. Desta forma, nasceu a sua Ordem – As Missionárias da Caridade. Como hábito, escolheu o sári, nas cores — justificou ela — "branco, por significar pureza e azul, por ser a cor da Virgem Maria". Como princípios, adotou o abandono de todos os bens materiais. O espólio de cada irmã resumia-se a um prato de esmalte, um jogo de roupa interior, um par de sandálias, um pedaço de sabão, uma almofada e um colchão, um par de lençóis, e um balde metálico com o respectivo número.
Começou a sua atividade reunindo algumas crianças, a quem começou a ensinar o alfabeto e as regras de higiene. A sua tarefa diária centrava-se na angariação de donativos e na difusão da palavra de alento e de confiança em Deus.
No dia 21 de dezembro de 1948, foi-lhe concedida a nacionalidade indiana. A partir de 1950 empenhou-se em auxiliar os doentes com lepra.
Em 1965, o Papa Paulo VI colocou sob controle do papado a sua congregação e deu autorização para a sua expansão a outros países. Centros de apoio a leprosos, velhos, cegos e doentes com HIV surgiram em várias cidades do mundo, bem como escolas, orfanatos e trabalhos de reabilitação com presidiários.

* Um serviço ao mundo

Ao primeiro lar infantil ou "Sishi Bavan" (Casa da Esperança), fundada em 1952, juntou-se o "Lar dos Moribundos", em Kalighat.
Mais de uma década depois, em 1965, a Santa Sé aprovou a Congregação Missionárias da Caridade e, entre 1968 e 1989, estabeleceu a sua presença missionária em países como Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética, China, etc.
O reconhecimento do mundo pelo seu trabalho concretizou-se com o Templeton Prize, em 1973, e com o Nobel da Paz, no dia 17 de outubro de 1979.
Morreu em 1997, aos 87 anos, mas o seu trabalho missionário continua através da irmã Nirmala, eleita no dia 13 de março de 1997 como sua sucessora. Tratado como um funeral de Estado, vários foram os representantes do mundo que quiseram estar presentes para prestar a sua homenagem. As televisões do mundo inteiro transmitiram em directo durante uma semana, os milhões que queriam vê-la no estádio Netaji. No dia 19 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II beatificou Madre Teresa.
Hoje a sua Congregação reúne 3.000 freiras e 400 irmãos, em 87 países, dando apoio aos mais necessitados em cerca de 160 cidades.
Um de seus pensamentos era este: “Não usemos bombas nem armas para conquistar o mundo. Usemos o amor e a compaixão. A paz começa com um sorriso”.

* A "noite escura" de Madre Teresa

Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro Mother Teresa: Come Be My Light publicado em 4 de setembro de 2007, organizado pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa da sua canonização revelaram, segundo alguns, dúvidas profundas de madre Teresa sobre sua fé em Deus, provocando discussões sobre uma possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus. Em 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo." Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
No entanto, o texto de suas cartas não deve afetar a campanha por sua santificação, já que a Igreja defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

* A crise espiritual.

Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade; a partir daí "viveu uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte". "Sabia que estava unida a Deus, mas não conseguia sentir nada .Este fenômeno é conhecido na tradição e na teologia mística cristã, e foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura do espírito, o que considera uma etapa no caminho de alguns santos no caminho de identificação com Deus.

* Silêncio divino.

Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a situação daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da beata disse que "tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus".

* Antídoto contra o sentimentalismo.

Kolodiejchuk enxerga na atitude da beata um antídoto contra o sentimentalismo: "A tendência em nossa vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao anor, é que o que conta são os nossos sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e vulnerabilidade. Madre Teresa não "sentia" o amor de Cristo, e poderia ter cortado, mas levantava-se às 4:30 hs. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos."

* Santa da escuridão.

O jornal New York Times em editorial de 5 de setembro de 2007 assinala que Madre Teresa em uma de suas cartas afirma que se alguma vez chegarei a ser santa, seguramente o serei da escuridão. O editorial cita a jornalista e escritora Flannery O’Connor, católica, que passou por uma difícil enfermidade de natureza degenerativa, que escreveu que existem pessoas que "pensam que a fé é um grande cobertor elétrico, quando é com certeza a cruz". O artigo procura estabelecer um paralelismo entre o sofrimento dessas duas mulheres quando considera que "ambas não falaram sobre o seu próprio sofrimento e continuaram a trabalhar. "Madre Teresa, enferma de nostalgia por um sentido do divino, manteve a fé com os enfermos de Calcutá", conclui o editorial.
Michael Gerson, colunista do Washington Post, a respeito da "noite escura" de Madre Teresa, escreve que este fato interior e o contraste externo de sua alegria e sorriso não podem ser considerados como se fosse hipocrisia. Afirma que "Há uma espécie de valentia na perda da ilusão sem perder o coração" e que "a santidade tem que ver mais com obediência que com sentimentos espirituais, que a fé pode coexistir com o sofrimento e a dúvida, que a santidade pode ser mais áspera e mais difícil do que imaginamos".

* Deus caritas est

Bento XVI na sua encíclica Deus caritas est, de 25 de dezembro de 2005, "sobre o amor cristão", cita Madre Teresa como exemplo de pessoa de oração e ao mesmo tempo de fé operativa:
"A piedade não afrouxa a luta contra a pobreza ou mesmo contra a miséria do próximo. A beata Teresa de Calcutá é um exemplo evidentíssimo do fato que o tempo dedicado a Deus na oração não só não lesa a eficácia nem a operosidade do amor ao próximo, mas é realmente a sua fonte inexaurível. Na sua carta para a Quaresma de 1996, essa beata escrevia aos seus colaboradores leigos: 'Nós precisamos desta união íntima com Deus na nossa vida quotidiana. E como poderemos obtê-la? Através da oração'."

* Controvérsias e Críticas

Críticos de Madre Teresa, nominalmente Christopher Hitchens, Aroup Chatterjee e Robin Fox, argumentam que sua organização fornecia ajuda abaixo dos padrões e esta primariamente interessada em converter pessoas à beira da morte para o Catolicismo, e usou doações para atividades missionárias em outros lugares, em vez de gastar na melhoria do padrão de ajuda médica. Esses críticos representam ainda uma pequena minoria mas colocaram objeções fortes às virtudes de Madre Teresa.
A Igreja Católica nega a maioria dessas críticas. Por exemplo, a idéia que missionários gastavam dinheiro em atividades missionárias parece óbvia e Madre Teresa nunca afirmou que suas atividades eram sobre ajuda médica. Christopher Hitchens escreveu que as próprias palavras de Madre Teresa sobre pobreza provam que "suas intenções não eram de ajudar as pessoas". Hitchens vai mais fundo afirmando que Madre Teresa mentiu a doadores sobre onde suas contribuições eram usadas.
Em 1994, Hitchens publicou um artigo no The Nation entitulado "O Demônio de Calcutá". Dr. Aroup Chatterjee, o autor de "Madre Teresa: O Veredito Final" (2003), afirma que a imagem pública de Madre Teresa como ajuda dos pobres, dos doentes e dos à beira da morte é errada e exagerada; ele mantém que o número de pessoas que são servidas mesmo pela maior parte das casas não é perto do que os ocidentais são levados a acreditar. Como o Vaticano aboliu o papel tradicional de "Advogado do Diabo" que servia um propósito similar, Hitchens foi a única testemunha chamada pelo Vaticano para dar evidência contra a beatificação e processo de canonização de Madre Teresa. (Fonte:Wikipédia)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Carlos Paião - 20 anos do seu desaparecimento

Carlos Manuel de Marques Paião (Coimbra, 1 de Novembro de 1957 — Rio Maior, 26 de Agosto de 1988) foi um cantor e compositor português.
Nasceu acidentalmente em Coimbra, passando toda a sua infância e juventude entre Ílhavo (terra natal dos pais) e Lisboa. Licenciou-se em Medicina pela Universidade de Lisboa (1983), acabando por se dedicar exclusivamente à música. Desde muito cedo Carlos Paião demonstrou ser um compositor prolífico, e no ano de 1978 tinha já escritas mais de duzentas canções. Nesse ano obteve o primeiro reconhecimento público ao vencer o Festival da Canção do Illiabum Clube, com o tema O Tempo é de Guerra, que nunca chegou a gravar.
Em 1981 decide enviar algumas delas ao Festival RTP da Canção, numa altura em que este certame representava uma plataforma para o sucesso e a fama no mundo da música portuguesa. Play-Back ganhou o Festival RTP da Canção de 1981 com a esmagadora pontuação de 203 pontos, deixando para trás concorrentes tão fortes como as Doce.
A canção, uma crítica divertida, mas contundente, aos artistas que cantam em play-back, ficou em penúltimo lugar no Festival da Eurovisão de 1981, que se realizou nesse ano em Dublin, na República da Irlanda. Tal classificação não beliscou minimamente a popularidade do cantor e compositor, pois Carlos Paião, ainda nesse ano, editou outro single de sucesso e que mantém a sua popularidade até hoje: Pó de Arroz.
O êxito que se seguiu foi a Marcha do Pião das Nicas, canção na qual o cantor voltava a deixar patente o seu lado satírico.
Algarismos (1982) foi o seu primeiro LP, que não obteve, no entanto, o reconhecimento desejado. Surgiu entretanto a oportunidade de participar no programa de televisão Foguete, com António Sala e Luís Arriaga. Num outro programa, Hermanias (1984), Carlos Paião compôs a totalidade das músicas e letras de Serafim Saudade, uma caricatura criada por Herman José, já então uma das figuras mais populares da televisão portuguesa.
Em 1983, cantava ao lado de Cândida Branca Flor, com quem interpretou um dueto muito patriótico intitulado Vinho do Porto, Vinho de Portugal, que ficou em 3.º lugar no Festival RTP da canção.
Em 1985, concorreu ao Festival Mundial de Música Popular de Tóquio (World Popular Song Festival of Tokio), tendo a sua canção sido uma das 18 seleccionadas em mais de 2000 representativas de 58 países.
A editora EMI - Valentim de Carvalho tinha inclusive chegado a encomendar a Carlos Paião canções para outros artistas, entre os quais o próprio Herman José, que viria a alcançar grande êxito com A Canção do Beijinho, e Amália Rodrigues, para quem escreveu O Senhor Extra-Terrestre (1982), cuja letra chegou mesmo a constar dum manual para alunos de escola primária.
A 26 de Agosto de 1988, a caminho de um espectáculo em Leiria, morre num violento acidente de automóvel, na antiga estrada EN1, actual IC2. Nessa altura, estava a preparar um novo álbum intitulado Intervalo, que acabou por ser editado em Setembro desse ano, e cujo tema de maior sucesso foi Quando as nuvens chorarem. (Fonte: Wikipédia)
É a sua actuação no festival Eurovisão da Canção de 1981 que o vídeo seguinte reproduz.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Terrorismo ou Guerra Biológica - Uma ameaça real

Há 49 anos, na sessão de abertura da Conferência de Pugwash, sobre a guerra química e biológica, Bertrand Russel afirma: «a guerra biológica é mais perigosa para a Humanidade do que as armas nucleares».
Numa altura em que a Humanidade receava a eclosão de uma guerra nuclear, Bertrand Russel, prémio Nobel da Literatura, político liberal activista e um dos mais influentes matemáticos e filósofos do século XX, alerta, nesta Conferência, para a perigosidade da utilização de armas químicas e biológicas, cujos efeitos poderiam ser ainda mais devastadores do que aqueles que adviriam do uso de armas nucleares.
(Fonte: Diário Popular de 25-08-1959).

Na Antiguidade e na Idade Média a guerra biológica era praticada através do uso das substâncias tóxicas originárias de organismos vivos. Os Exércitos usavam corpos em decomposição para contaminar o abastecimento de água de uma cidade sitiada, ou atiravam para dentro das muralhas inimigas cadáveres de vítimas de doenças como varíola ou peste bubônica (conhecida na Idade Média como peste negra). O arremesso de corpos sobre as muralhas das cidades sitidas era realizado com o uso de catapultas, e apresentava também um impacto moral pela visão de um corpo voando sobre a muralha e espatifando-se no pátio interno da fortaleza ou cidade, além do forte odor do corpo em putrefação.

Actualmente, essas armas podem ser bactérias (ou suas toxinas), vírus e fungos fabricados em laboratórios. Durante a Guerra Fria, EUA e a ex-URSS desenvolvem pesquisas voltadas para a guerra bacteriológica.
O fabrico e armazenamento de armas biológicas foram proibidos pela Convenção sobre Armas Biológicas (BWC) de 1972.
No entanto, a convenção proíbe somente o fabrico e o armazenamento, mas não o uso, destas armas.
Entretanto, o consenso entre analistas militares é de que, excepto no contexto do bioterrorismo, a guerra biológica tem uma aplicação militar bastante limitada.
Mas o terrorismo internacional está na ordem do dia.

Aspectos médicos

A literatura científica especializada menciona uma série de bactérias, fungos, ricketsias e toxinas biológicas como prováveis causas da sinistralidade de referência numa guerra com agentes biológicos.
Frequentemente mencionados são os Bacillus anthracis (Carbúnculo), a toxina botulínica, a Yersinia pestis, o rícino, a entoroxina do estafilococo ß (SEB) e a encefalite equina venezuelana (VEE).
Embora com características difrentes, estes agentes e toxinas, quando usados como armas, têm alguns traços comuns. Por exemplo, todos podem ser espalhados em partículas de aerossóis, com um tamanho de 1 a 5 μ (micron: 1 μ = 0001 mm), capaz de permanecer em suspensão no ar, consoante as condições meteorológicas, durante algumas horas.
Portanto, se essas partículas forem inaladas, penetram os bronquíolos terminais e nos alvéolos distais das vítimas.
Outros possíveis canais sensíveis a agentes biológicos são os da a via digestiva (intencional de contaminação dos alimentos e da água) e da pele. Em geral estas vias são considerados de efeitos menos importantes do que os produzidos sobre a função respiratória.
Do ponto de vista estritamente militar, a possibilidade de que estes agentes incapacitarem soldados inimigos numa alta porcentagem (efeito operacional), é um efeito mais significativo que a acção dos agentes letais.

Entre os agentes letais incluem-se o antraz, a toxina botulínica e a Francisella tularensis. Entre os agentes incapacitantes deve incluir-se o Staphylococcus ß e Coxiella burneti.

Existem basicamente três tipos de agentes biológicos:

• Bactérias:

- Bacillus anthracis.
- Yersinia pestis.
- Francisella tularensis.

• Vírus:

- Varíola.
- Encefalite eqüina venezuelana.
- Febre hemorrágica.

• Toxinas:

- Botulismo.
- Staphylococcus ß.
- Rícino.
- Micotoxinas (T2) (Myrotecium, Trichoderma, Fusarium).

Este artigo tem por objectivo divulgar uma pequena síntese de cada um desses agentes, especificando, no entanto, as informações pertinentes sobre os seus sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, prevenção e descontaminação.

Carbúnculo

Sinais e sintomas: o período de incubação dura de um a seis dias. Os sintomas são febre, mal-estar, fadiga, tosse, dor torácica seguida por uma grave insuficiência respiratória (falta de ar), diaforese (suores) e estridor laríngeo-cianose. O choque e a morte ocorrem dentro das 24-36 horas desde o aparecimento dos primeiros sintomas.
Diagnóstico: os sinais físicos não são específicos. No entanto, na radiografia de tórax, podemos ver um alargamento do mediastino. Deve fazer-se esfregaço nasal e hemocultura.
Tratamento: Embora habitualmente não efectiva após os sintomas estarem presentes, é utilizada a penicilina, a ciprofloxacina, a doxiciclina.
Profilaxia: Vacinação. Mas essa vacina tem muitos efeitos colaterais e contra-indicações. Em caso de confronto com a iminente exposição ou exposições conhecidas, pode ser utilizada a ciprofloxacina oral.
Descontaminação: Deve ter-se muito cuidado com as secreções. O instrumental e a área contaminada deverão ser cuidadosamente desinfectados com um agente esporicida (iodo ou cloro).

Cólera

Sinais e sintomas: o período de incubação é de um a cinco dias. Esta doença pode ser assintomática ou ter um arranque rápido com sintomas graves. O quadro é de vómitos, distensão abdominal com dor, febre, seguidos rapidamente por diarrreia. A perda de fluidos pode variar entre 5 e 10 litros por dia. Sem tratamento, a morte é causada por desidratação grave, choque e hipovolémia.
Diagnóstico: é clínico. Diarreia aquosa e desidratação. O exame microscópico de amostras de fezes pode revelar células sanguíneas vermelhas e brancas. O agente pode ser identificado nas fezes.
Tratamento: reposição de fluidos e eletrólitos. Antibióticos (tetraciclina, ampicilina ou sulfametoxazol e trimetoprim) podem reduzir a duração da diarréia.
Profilaxia: Vacinação. Revacinação aos trinta e sete dias. Necessidade de revacinação a cada seis meses.
Descontaminação: o contato pessoal normalmente não causa infecção, mas devem ser tomadas precauções com o tratamento dos dejectos e a mais cuidadosa higiene das mãos. Hipoclorito de sódio (lixívia) fornece soluções adequadas à descontaminação.

Peste (YersiMia Peste)

No homem, aparece sob três formas: a pneumónica, a bubónica e septicémica.
Sinais e sintomas:
Pneumónica: o período de incubação dura de dois a três dias. Hipertemia, dor de cabeça, calafrios, toxémia e hemoptise. Aparece rapidamente dispnéia, cianose e estridor laríngeo. A morte é causada por insuficiência respiratória, colapso circulatório e hemorragia tendências.
Peste negra: o período de incubação dura de dois a dez dias. Apresenta-se com febre alta, dor muscular e gânglios linfáticos palpáveis (Buba), pode evoluir para a forma de septicémica, com infiltração do sistema nervoso central, pulmões e outros órgãos.
Diagnóstico: é eminentemente clínico.
Tratamento: Administração imediata de antibióticos é muito eficaz. A droga é, por excelência, a estreptomicina. Terapêutica de suporte de vida é necessário para as formas pneumónica e septicémica.
Profilaxia: Vacinação. Porém a vacina não imuniza contra a exposição a partículas dispersas por aerosol.
Descontaminação e de isolamento: devem ser tomadas precauções relativamente às lesões bubónicas, em termos de secreções. É indispensável o estrito isolamento dos pacientes com forma pneumónica.

Febre Q

Sinais e sintomas: febre, tosse e lesão pleural. O período de incubação começa a partir do momento da infecção até dez dias.
Diagnóstico: febre Q não têm uma entidade clínica distinta e pode simular uma simples doença viral ou de uma pneumonia atípica. O diagnóstico é confirmado por análises serológicas.
Tratamento: febre Q é uma doença geralmente auto-limitada, mesmo sem tratamento. As drogas de escolha são as tetraciclinas.
Descontaminação: água e sabão ou solução de hipoclorito de sódio a 0,5% (lixívia).

Varíola

Sinais e sintomas: início de forma aguda com mal-estar, febre, calafrios, vómitos, dores de cabeça e dorsalgias. Dois ou três dias depois que aparecem lesões cutâneas, que vão progredindo rapidamente a partir de máculas, e, eventualmente, bolhas e pústulas. Estas lesões são mais abundantes nos membros e face.
Diagnóstico: é clínico.
Tratamento: não existe hoje. É apenas sintomático.
Profilaxia: devem ser vacinadas ou revacinação imediato a todas as pessoas expostas. Vacina (uma dose escarificação, revacinação a três anos).
Isolamento: isolamento rigoroso de quinze a dezassete dias após a exposição, para todos os contatos. Os doentes devem ser considerados infecciosos, até que todas as crostas desapareçam.

Encefalite equina venezuelana

Sinais e sintomas: o seu início é nítido, com mal-estar, picos febre, arrepios, cefaleias, mialgias e fotofobia. Náuseas, vómitos, tosse, dor de garganta e diarréia. A total recuperação geralmente ocorre entre uma a duas semanas.
Diagnóstico: é clínico. Os achados clínicos geralmente não são específicos. O número de glóbulos brancos, muitas vezes demonstra leucopenia e linfocitopenia. O isolamento do vírus pode ser feita a partir do sangue e de esfregaço da faringe.
Tratamento: é sintomático.
Profilaxia: vírus da vacina atenuada.
Descontaminação: devem ser tomadas precauções em matéria de contacto com o sangue e secreções. Os casos humanos são infectados pelo picada do mosquito. O vírus é destruído pelo calor e com desinfectantes comuns.

Vírus da febre hemorrágica

Estes distúrbios aparecem em diferentes grupos de doenças humanas, e este é devido à presença de vírus de diferentes famílias: o Filoviridae (Ébola, Marburg), avenaviridae (Lassa febre, febre hemorrágica boliviana e Argentina), buoryaviridae (hanta, congo, Crimeia, Nair, Rift Valley), o Flaviviridae (febre amarela, dengue).
Sinais e sintomas: febre é uma doença que é complicada por sangramento fácil, petéquias, hipotensão e choque, inchaço da face e pulmões. O doente infectado também pode apresentar mal-estar, mialgia, dor de cabeça, vómito e diarreia.
Diagnóstico: é feito por técnicas específicas laboratoriais de virologia.
Tratamento: A terapia antiviral com a ribavirina, em alguns casos, é frequentemente útil. O plasma de convalescentes é eficaz em casos de febre hemorrágica argentina.
Medicina preventiva: a única vacina conhecida é a que se aplica contra a febre amarela.
Descontaminação: a descontaminação deve ser feita com hipoclorito. É necessário indicar medidas de isolamento.

Toxina botulínica

Os sinais e sintomas aparecem através de uma fraqueza generalizada, boca seca, certa rigidez da mandíbula, visão turva, diplopia, disartria, disfonia e disfagia, seguido pelo simétrico flácida e insuficiência respiratória. Os sintomas começam em 24-36 horas, mas a infecção, causada por inalação, podem ocorrer vários dias depois.
Diagnóstico: é clínico.
Tratamento: intubação e ventilação para a insuficiência respiratória. Traqueostomia pode ser necessária. A administração da antitoxina botulínica é capaz de prevenir a insuficiência respiratória.
Descontaminação: hipoclorito (0,5% para 10-15 minutos) e/ou água e sabão.

A presença de enterotoxinas ß

Os sinais e sintomas após três a doze horas após a exposição ao spray, os sintomas começam a manifestar-se rapidamente com febre, calafrios, dores de cabeça, mialgia e tosse não produtiva. Alguns pacientes desenvolvem muitas vezes dor retroesternal (dor no peito) e respiração superficial. A febre pode terminar em dois a cinco dias mas a tosse pode persistir ao longo de quatro semanas. Alguns doentes têm, muitas vezes, náuseas, vómitos e diarreia (se ingeriram a toxina). Altos níveis de exposição pode levar a choque séptico e morte.
Diagnóstico: é clínico.
Tratamento: apenas terapêuticas de sustentação da vida. Pode exigir ventilação artificial, em casos graves. Deve ser dada atenção à gestão dos líquidos.
Profilaxia: Não existe vacina.
Descontaminação: hipoclorito (0,5% para 10-15 minutos) e / ou água e sabão. Devem destruir-se todos os alimentos que possam ter sido contaminados. Uso de máscara protectora pelos que têm contacto com os doentes.

Rícino

Sinais e sintomas: o doente apresenta mau estado geral, tosse e hipertermia. Isso ocorre cerca de 36 horas após a exposição ao spray, e segue, nas seguintes doze horas, com hipotensão e colapso cardiovascular.
Diagnóstico: clínico, laboratorial é inespecífica, excepto para o método Elisa.
Tratamento: Não existe nenhuma antitoxina. Se a toxina é ingerida, deverão ser utilizados métodos de descontaminação gástrica.
Profilaxia: não existe vacina. Usar máscara.
Descontaminação: a pele deve ser descontaminada com soluções hipoclorito fraco, ou usar água e sabão.

domingo, 24 de agosto de 2008

Os Bichos da Fazenda - Quim Barreiros

Música "pimba" para um domingo alegre ou mais uma originalidade da língua portuguesa. Como diz o povo "tristezas não pagam dívidas" e por vezes até sabe bem fugir das rotinas. Divirtam-se.

sábado, 23 de agosto de 2008

O sexo quente & O truca-truca


Sou um admirador de Francisco Moita Flores que, embora de ideias que não são politicamente as minhas, tenho que reconhecer pessoa de grande valor, quer como autarca, escritor, guionista.
Há dias li uma crónica sua no Correio da Manhã online de que transcrevo os dois primeiros parágrafos.

O sexo quente
“Não creio que a classe política não goste de sexo. Até deve gostar. E de várias maneiras”.

Alberto Martins (líder da bancada parlamentar do Partido Socialista) e Manuela Ferreira Leite (actual líder do Partido Social Democrata) ganharam, por direito próprio, chamadas de primeira página por incursões em territórios que, de modo geral, os políticos não frequentam: sexo. Alberto veio vincar a necessidade de a Assembleia da República reflectir sobre o casamento entre homossexuais. Manuela produziu uma pérola: casamento é coisa feita para a procriação. Quem quer procriar tem o direito a casar-se, quem não quer dedicar-se à reprodução vá dar uma curva. É evidente que nem Alberto deixa de dormir por causa dos casamentos entre homossexuais e Manuela é capaz de ser um pouco mais aberta.
Devemos admitir que ambos os políticos procuram agarrar um tema que não lhes é querido. Não é apenas a Igreja que tem tido dificuldade em se desenvencilhar dos preconceitos; a política encara a coisa sempre pela rama. Basta regressar à galeria de discursos falsamente morais durante a campanha sobre o referendo do aborto para se constatar aquilo que estamos a dizer. Sendo um casamento um contrato ditado pela paixão, não vejo qualquer razão para que duas pessoas apaixonadas não possam casar-se. Mas também não vejo razão para que a paixão obrigatoriamente seja coroada pelo casamento. (in Correio da Manhã)

Esta discussão lembra-me uma outra mais antiga. A História repete-se ? Talvez... Se não vejamos:

Já em 1982 se discutia na Assembleia da República o aborto e a Lei sobre Interrupção Voluntária da Gravidez.
O Deputado João Morgado, deputado do CDS, veio então defender aquilo a que eu chamo o "obscurantismo da direita conservadora", com a afirmação de que:

"O acto sexual é para ter filhos!"

Natália Correia, deputada independente, respondeu ao colega com um poema que distribuiu nas bancadas do Parlamento:

O Truca Truca

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,

preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

sexual petisco manduca,

temos na procriação

prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

só usou - parca ração! -

uma vez. E se a função

faz o orgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.


Natália de Oliveira Correia (Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993) foi uma intelectual e activista social de origem açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores. Juntamente com José Saramago (Prémio Nobel de Literatura, 1998), Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).
A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas. (Fonte Wikipédia)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sabia que há meio-século Michael Phelps teria de partilhar uma das suas medalhas?

"PAM! Quatro pares de narinas nem têm tempo de sentir o cheiro a pólvora seca no ar antes de serem bruscamente invadidas por uma torrente de água salgada. Quatro pares de braços rasgam uma barreira líquida e empurram-na com toda a força para trás. Quatro pares de ouvidos vão captando os gritos de incentivo da multidão nas bancadas entre cada braçada nas águas do Mar Báltico.

CORRIDA PARA A VITÓRIA


É sábado, 6 de Julho de 1912, o auge da quinta edição dos Jogos Olímpicos, na Suécia. Perante várias centenas de espectadores, decorre neste preciso instante a sétima série das eliminatórias dos 100 metros livres de natação. Quatro atletas competem pela passagem aos quartos-de-final, mas as atenções centram-se em apenas dois: o sueco Harald Julin e o italiano Mario Massa, que nadam praticamente a par. A chegada está cada vez mais próxima, os dois dão o último esforço, esticam os braços... e eis que o relógio marca 1 minuto, 11 segundos e 8 décimos para ambos. Julin e Massa, exultantes, passam excepcionalmente à fase seguinte da competição.


Nestas Olimpíadas de 1912, o Comité Olímpico Internacional orgulhava-se do rigor da medição dos tempos das provas. Os relógios eléctricos semi-automáticos e as primeiras versões do photo finish eram as grandes novidades tecnológicas dos Jogos, mas o empate de Julin e Massa comprovou imediatamente que o décimo de segundo tinha os dias contados como elemento decisivo da vitória. Oito anos depois, nas Olimpíadas de Antuérpia, na Bélgica, o cronómetro de quartzo já possibilitava a marcação de tempos ao centésimo de segundo em caso de desempate. Em 1948, na Suíça, a célula fotoeléctrica ajudava a aprimorar ainda mais o momento da chegada. Mas, para a natação, a verdadeira precisão só foi alcançada em 1968, nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, com a instalação de cronómetros integrados em placas electrónicas sensíveis ao toque de cada nadador.


QUANTO TEMPO O TEMPO TEM?


Contudo, nada disto seria possível sem o trabalho pioneiro de um homem. Em 1821, Nicolas-Mathieu Rieussec, relojoeiro da corte francesa, regista a sua patente de um "relógio ou medidor de distância percorrida". Capaz de marcar o tempo em quintos de segundo, este pequeno engenho aplicava duas minúsculas gotículas de tinta no mostrador para registar cada intervalo de tempo. Duas décadas depois, com a invenção de um sistema de reposição do tempo a zero, o suíço Adolphe Nicole acerta as agulhas do último dos elementos fundamentais do moderno cronómetro.


Hoje, mais do que nunca, o cronómetro é o derradeiro juiz da aldeia olímpica, o decisor da diferença entre a alegria do bronze e a ausência da tão ansiada medalha, entre o sabor da impensável prata e um corriqueiro terceiro lugar no pódio. Mas, mesmo nestes tempos vividos em fracções de segundo mais rápidas do que um piscar de olhos, ainda é possível conseguir-se o aparentemente impossível, como testemunha este espantoso vídeo. Pois a glória olímpica não tem forçosamente de contemplar apenas um vencedor."

(in Dicionário Digital)

Ouro duplo nos 50 metros livres em Sydney


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Michael Phelps também vence online

Para além de bater recordes consecutivos e de ter conquistado oito medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, o nadador norte-americano é também o nome mais procurado e discutido na Internet, revela um estudo da Nielsen Online.

A análise incidiu sobre 50 desportistas presentes em quatro desportos das Olimpíadas - natação, basquetebol, ginástica e voleibol de praia – e concluiu que o nome de Michael Phelps é já o mais citado nos vários sites analisados.

A seguir, na mesma lista, encontram-se três basquetebolistas, todos a jogar em equipas da NBA: o chinês Yao Ming e os norte-americanos Kobe Bryant e LeBron James.
Fonte: Exame Informática

Pequim 2008 - Ouro para Portugal

Nelson Évora conquistou a primeira medalha de ouro para Portugal nos Jogos Olímpicos de Pequim. O atleta, no salto triplo, alcançou a marca de 17m67 no seu quarto ensaio. Esta foi a segunda medalha do nosso país na China, após a de prata conquistada por Vanessa Fernandes no triatlo.
Nelson Évora não precisou de fazer o seu último salto para alcançar a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Pequim. A marca do triunfo surgiu no quarto ensaio, com o português a registar 17m67.
Quando soube que tinha sido campeão, o atleta foi cumprimentar o treinador João Ganço entre lágrimas, numa clara demonstração de reconhecimento.
Évora, um dos poucos atletas nacionais que confirmaram as esperanças dos portugueses em si, não tremeu na final e logo no segundo salto registou 17m56, demonstrando que seria ele o alvo a abater.
No entanto, Phillips Idowu respondeu com 17m62 no terceiro salto e relegou o português para o segundo lugar.
Mas Évora reagiu e alcançou no salto seguinte a marca que lhe valeu o ouro, 17m67. O britânico ainda procurou no sexto ensaio superar o registo do português, mas acabou por falhar o seu salto, entregando o ouro ao português, que, recorde-se, também é o actual campeão mundial.
A medalha de bronze foi para para Leevan Sands, das Bahamas, com 17m59.

Saltos de Nelson Évora

1.º salto: 17m31

2.º salto: 17m56

3.º salto: x

4.º salto: 17m67

5.º salto: 17m24

6.º salto: x


(in Diário Digital)


Pelo seu profissionalismo, o seu brio, a sua persistência, Nelson Évora é merecedor do nosso orgulho e dos mais efusivos PARABÉNS !!!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pequim 2008 - Projecto falhado

"O Presidente do Comité Olímpico Português, Vicente Moura, assumiu ontem que os objectivos propostos no contrato-programa para Pequim falharam. O investimento do Governo não terá retorno em pódios. A cinco dias do encerramento de Pequim 2008, o Comité Olímpico Português (COP) assumiu já a sua derrota. Vicente Moura não resistiu ao salto falhado de Naide Gomes, ao quarto lugar de Gustavo Lima, às criticas de Vanessa Fernandes, à falta de brio de alguns atletas, ao ambiente de completa revolta instalado na comitiva e, sobretudo, à fuga das medalhas que o próprio prometeu ao País e ao Governo. É que por essa "promessa" (quatro medalhas e 60 pontos) o presidente do COP recebeu 14 milhões de euros, num contrato ("Projecto Pequim") assinado em 2005. "O projecto Pequim tem como objectivo principal assegurar especiais condições de preparação aos participantes ou selecções nacionais que reúnem condições desportivas para obterem classificações relevantes nos Jogos Olímpicos de Pequim", lê-se no contrato programa assinado por Vicente Moura e pelo então presidente do Instituto de Desporto de Portugal, José Manuel Constatino. Por este contrato, o Estado comparticipou com 14 milhões de euros, verba que o COP canalizou para Federações, clubes, atletas, treinadores e despesas do próprio Comité. Por sua vez, o COP, uma entidade autónoma, comprometeu-se a obter "cinco classificações no pódio" (a fasquia desceu entretanto para quatro) e "12 classificações até ao 8.º lugar", conforme refere a cláusula 2 do contrato, publicado em Diário da República em Abril de 2005. Com 12 dias de provas, a delegação portuguesa, a maior de sempre, composta por 77 atletas obteve uma medalha de prata e 16 pontos (em Atenas 2004, Portugal conquistou uma de bronze, duas de prata e um total de 43 pontos)." (in Diário de Notícias).


Somos o país que somos. Porquê falsos idealismos?
O que me espanta é que os portugueses continuem na ilusão de serem ainda os que "em perigos e guerras esforçados, mais do que permitia a força humana..."...
Caiamos na realidade, aceitemos de cabeça erguida a nossa pequenez.
A humildade é virtude a cultivar.
Mas não podemos contemporizar com desvarios, com desmedidas aspirações de uns em contraste com o desinteresse e falta de empenho de outros.
Se aquilo que Vanessa Fernandes disse é a verdade dos factos, e tudo leva a crer que sim, alguns dos nossos "atletas olímpicos" não mereciam sequer o apoio que lhes demos, através do Estado que somos todos nós, os contribuintes.
Ouvi, na televisão, depoimentos dos próprios: "não sou pessoa para este tipo de competições", "senti-me paralisado com aquele estádio cheio de gente", "eu já me convenci que, de manhã, no meu caso, só é bom para ficar na caminha", "quando se corre os 5000 metros com as africanas, é melhor ir de férias".
Fiquei estarrecido.
Que lhes vai acontecer ? Que vai esse Estado, que somos todos nós, fazer a quem produziu publicamente tais afirmações ? Será que esta gentinha imbecil vai continuar a viver à nossa custa ?
Esperemos para ver.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Dia Mundial da Fotografia

Acabei de ouvir dizer que hoje é o Dia Mundial da Fotografia.
Entre milhares de fotos que já vi, houve uma que me impressionou especialmente, quer pela enorme carga de simbolismo que encerra, quer pela séria mensagem que nos deixa a todos nós.
Ela está largamente difundida por inúmeros sites na Internet, mas é a que escolho para comemorar este dia.
Aqui fica a minha homenagem ao excelente fotógrafo, que desconheço.

Pequim 2008 - Cerimónia de Abertura

Para quem não teve oportunidade de ver em directo, devo dizer que foi um espectáculo magnífico.
Explosões de cor, música e efeitos especiais, milhares de figurantes, onde se constata uma produção absolutamente espantosa.
Aqui vos deixo um vídeo que eu realizei com imagens retiradas da Internet, disponibilizadas para qualquer um. Espero que seja do agrado de todos os meus leitores.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Pequim 2008 - Medalha de prata para portuguesa

A atleta portuguesa Vanessa Fernandes conquistou hoje a medalha de prata no triatlo feminino dos Jogos Olímpicos de Pequim, ao ficar em segundo lugar na prova individual.

Vanessa Fernandes deu a Portugal a primeira medalha em Pequim, o que constitui a 21ª das conquistadas pelas missões portuguesas na história das competições olímpicas (3 de ouro, 6 de prata e 11 de bronze).

Parabéns Vanessa !!!

(Foto Lusa)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tunísia em Imagens


Yasmine Hammamet


O trânsito é anárquico, nem tanto pela sua intensidade mas pela velocidade a que se circula.
Passadeiras para peões são miragens. Cuidado.
Pela primeira vez na minha vida viajei num taxi, a alta velocidade na faixa da esquerda de uma autoestrada, com o condutor a enviar mensagens SMS do seu telemóvel. Loucura completa.
Na avenida marginal é frequente assistirmos a "cavalinhos" de moto e moto-quatro...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Aventuras e desventuras de um português na Tunísia

Regressei a Portugal depois destes 15 dias de férias na Tunísia, em Yasmine Hammamet.
Como prometido aqui estão algumas das coisas que tenho para vos contar.
Nem tudo foram rosas nestas minhas férias.

Mas vamos à história:

1 - Onde nos foi dado o número do quarto !!! ...

Saímos de Lisboa cerca das 17:00 horas locais e aterrámos no aeroporto de Tunis por volta das 21:00, hora tunisina. Espera de transfer, demora da viagem, chegámos ao Hotel Iberostar Solaria por volta das 23:30.
Só havia um recepcionista de serviço para o check-in de todos os que chegavam (mais de vinte pessoas). A Recepção do hotel era um forno, o ar condicionado estava desligado.
Depois de muito suar lá nos deram um número de quarto.
Em Portugal tínhamos pedido um quarto com vista mar (e pago o respectivo suplemento) mas deram-nos um quarto com janela para o pátio interior, com a desculpa que "vista mar" não estava assinalado no voucher que eu trazia da TUI Viagens.

2 - ... e depois de várias reclamações "jantámos" uma salada fria, acompanhada com água !!!

Pedimos comida. Ninguém tinha jantado. Obviamente tínhamos fome. Informaram-nos de que havia "room service" à nossa disposição, mas que era pago como extraordinário, mesmo para quem ia com regime de Tudo Incluído.
O restaurante tinha encerrado às 21 horas.
Bebidas ao menos ... Nada... só pelo room service.
Gerou-se a confusão entre todos os que chegavam, começaram a ouvir-se as reclamações... o sururu...
Alguém mais apareceu e lá nos conduziram ao restaurante. Comida ... salada fria, bebida ... água. Nada mais. Foi assim a nossa primeira refeição neste hotel de 5 estrelas !!!!

3 - Onde "acampámos" no chão da varanda de um quarto, num hotel de 5 estrelas !!!

O quarto estava aparentemente limpo, duas camas, bem composto, embora pequeno.
Temperatura ? Um perfeito forno.

O regulador do ar condicionado, na parede, marcava 28 graus, mas a refrigeração não funcionava. Frigorífico ?... completamente vazio e desligado. Nem uma garrafa de água fresca... Nada !
Chamada a manutenção nada conseguiu fazer. Era mesmo assim...
Solução: transportar um colchão e um lençol para o chão da varanda e dormir ali no chão. Pelo menos, embora quente, sempre era mais fresco que o interior do quarto. Foi isso que fizemos e conseguimos descansar, até que a claridade da madrugada nos acordou.

4 - Onde as notas de cinco Euros são passaportes para o paraíso !!!

Manhã seguinte.. Recepção... Reclamação... Conversas dos recepcionistas, uns com os outros, em árabe. O mesmo problema: o voucher da TUI Viagens não tinha nada escrito sobre quarto com "vista mar".

O último argumento: uma nota de 5 Euros à vista !!!
Milagre !!!
De clientes ou hóspedes anónimos, passámos a "amicos". O voucher da TUI Viagens deixou de interessar.
Mudança de quarto dentro de meia hora... que esperássemos.
Ahhhhhhh !!! Quarto com 2 camas e um divã, mesa de trabalho, varanda ampla com vista para a praia... e, sobretudo, ar condicionado a funcionar impecavelmente. Que bom o fresquinho !!! Só dois pequenos pormenores sem importância: o frigorífico também não funciona e, à tarde depois da piscina, não há banho porque a água não tem pressão. Mas o que é isso comparado com a boa temperatura ambiente ?
Informação passada a todos os colegas da recepção: "Estes são "amicos de coraçao" !!! Amicos família" !!!

Aprendida a lição. Mais 5€ na praia e as cadeiras na primeira linha, com mesa de apoio, ficaram reservadas para toda a estadia. Sem quaisquer problemas... "amicos família" !!!

5 - Onde se come o que não se sabe o quê !!!

Restaurante amplo... zona de buffet acanhada. Fritadas na própria sala, sem exaustão de cheiros. Desagradável, como se imagina.
Pequeno almoço dentro de parâmetros de qualidade aceitável, mas nada que seja digno de um hotel de 5 estrelas.
Almoço e jantar... Qualidade claramente inferior dos produtos, confecção absolutamente desastrosa. Repetição quase diária dos mesmos alimentos e da mesma má confecção.
Prima-se pelos fritos, embrulhados (pastéis e outros semelhantes) de que se ignora o conteúdo. Comi chouriço de carne de borrego !!!
Muitos guisados. Muitos refogados. Muitos molhos desconhecidos. Sabores exóticos, uns bons, outros execráveis.
Fruta razoável... para o mauzinho. Doces... os que sobram são dados no dia seguinte, misturados com outros frescos.
A maioria dos pratos são cheios no buffet, mas voltam quase na mesma para o lixo. Até dá pena ver tanta comida desperdiçada, por toda a gente.
Os restos dos pratos (e os próprios pratos e talheres sujos) são deixados, pelos empregados, em sacos para lixo, existentes em vários carrinhos, na própria sala de refeições.
Carregam-se os bolos uns em cima dos outros. Esperemos que o fundo das bandejas esteja limpo !!
Ausência completa de uma cozinha internacional decente num hotel onde os hóspedes são, na sua quase totalidade, oriundos de países europeus. Até as pizas não prestavam. Fizeram batatas fritas porque eu o sugeri ao chefe.
Depois das 21 horas não há nada para comer no hotel, a não ser através do tal Room Service, pago como extra.

6 - Onde a pressão sobre os hóspedes atinge níveis degradantes:

À entrada do restaurante um tipo que nunca tínhamos visto por lá.
Distribuição de uns linguados de papel (para os hóspedes fazerem a sua avaliação dos serviços do hotel) e os depositarem numa urna de cartão.
Correria dos "chefes", dos empregados. Da cozinha, do bar, da recepção, da animação... Todos a quererem ver onde tínhamos posto a cruz... todos a pedirem que colocássemos a marca no "Muito Bom".
Pressão... pedido... quase imploram.
Só tínhamos 3 hipótese de classificação: Muito Bom, Bom e Mau.
Marcação de "Muito Bom" dá bónus de 10 dinares. "Bom" não dá nada. "Mau" retira 10 dinares no fim do mês. A todos os funcionários do sector, não só às chefias...
Injustiça marcante !!!
Dilema terrível para quem sabe que um recepcionista, por exemplo, ganha o equivalente a cerca de 200 € por mês.
Claro que os ajudei... com remorsos na consciência, é certo. Impotente por não poder dizer, alto e bom som, que o problema era a falta de organização geral, que era a falta de um Director de Hotel competente, que era uma empresa da União Europeia (espanhola) que explora coitados do terceiro (ou quarto) mundo e defrauda completamente as expectativas dos seus compatriotas da UE. Mundo Cão !!!

7 - Onde alguém deve ter ficado com os dedos em sangue:

No programa de estadia está um jantar num restaurante na Medina, com um espectáculo incluído.
O restaurante tem o pomposo nome de Shéhérazade. Lembra as Mil e Uma Noites. Vamos que deve ser bom.
Entrada, conferência dos hotéis e números dos quartos, distribuição nas mesas por hotel, independentemente de quem são as pessoas, os casais ou as famílias. Tudo ao monte e fé em Deus !!
Mesas grandes.. uma tábua rotativa com aperitivos.
Média luz... no palco dois senhores de idade avançada. Um tocava tamborete, o outro aquela espécie de guitarra de cordas mal afinadas.Confesso que não consegui ouvir uma melodia. Ouvido duro o meu...
Pois não é que tocaram ininterruptamente durante 50 minutos ??? Contei pelo meu relógio !!
O pobre tocador da "banza" deve ter ficado com os dedos em sangue... 50 minutos non stop é duro !!!

8 - O espectáculo do Shéhérazade:

Depois de "picarmos" uns aperitivos e no fim da quase interminável interminável "tocata" foi-nos servido o "prato principal": borrego cozido e couscous. O cheiro da carne era tal que nem sequer conseguimos sujar o prato.
Começou o espectáculo:
Introdução em voz off em árabe (a sala estava cheia de turistas europeus) seguida de vários grupos de dança do ventre. Bonito mas monótono pela sua duração. Terminou com a moças a dançarem em cima das mesas onde tínhamos comido.
9 - Onde nem tudo foram "desgraças" ...

Praia razoavelmente limpa. Em certos dias algumas algas à entrada, mas 2 metros depois água límpida, quase sem ondas, onde apetecia tomar banho e nadar.
Vendedores pouco e nada agressivos (ao contrário do que alguns turistas anteriores me tinham dito). Talvez por eu ter um certo ar árabe (depois do bronzeado) e os cumprimentar com Salam aleikum... o facto é que não nos incomodaram.


A Medina de Yasmin Hammamet não é, na sua globalidade, muito diferente de outras. É limpa, sem os cheiros desagradáveis dos esgotos a céu aberto que sentimos, por exemplo, em Marrocos. As lojas, os restaurantes, os espectáculos são de boa apresentação. Nota-se que é algo artificial feito para turistas. É agradável de visitar.

Cartago foi uma desilusão. Talvez porque íamos à espera de ruínas imponentes, conservadas, como conhecemos de Itália, de Espanha, de outros países.
É tão só um punhado de pedras, de estátuas decapitadas, de colunas partidas, espalhadas por terrenos meio ajardinados. Ausência de paineis explicativos, de mapas do local, para orientação.
É uma pena. Mas sempre vale a visita.

(continua)


terça-feira, 5 de agosto de 2008

Tunísia, Hammamet

Tunísia, Hammamet, fim da primeira semana.

O calor é de abrasar.
O sol queima.
A água quentinha, mas com muitas algas.

Aqui ficam algumas fotos, tiradas com "câmara oculta", para aguçar a curiosidade.

Novos modelos...

Há tempos alguém perguntava por aí, num blogue, o que seria melhor: biquini ou fato de banho ?

E destes ? Esqueceram-se ?

Até breve Amigos