domingo, 30 de março de 2008

Violência nas Escolas II ou Actividades circenses no Correio da Manhã


Raramente leio o Correio da Manhã, primeiro porque gosto de bom jornalismo, isento e não sensacionalista, depois porque desde sempre me recusei a gastar dinheiro em pasquins.
Mas a sorte foi madrasta e no voo de ontem da TAP, de Barcelona para Lisboa, já só restava o referido pasquim quando a assistente de bordo chegou à fila onde eu estava.

Teve que ser ...

Logo na primeira página deparei com uma chamada à pág.18. Fui ver.
Lá consegui ler aquele arrazoado de disparates que, à laia de narração barata de um episódio telenovelístico, os dois “jornalistas” debitam.
Fiquei a saber que o Rafinha “é o maior querido”, que os meninos lá da turma, apesar de se andarem sempre a insultar, se amavam com muito carinho, que até davam uns cigarritos uns aos outros...
Fiquei a saber que houve muitas lágrimas, com troca de muitos beijinhos e abraços, como se de uma noite de “expulsões” do Big Brother se tratasse.
E fiquei também a saber que afinal a Patrícia já é reincidente e que “já tinha sido transferida de outra escola de Custóias, concelho de Matosinhos, devido a problemas de comportamento”.
Custóias, no Concelho de Matosinhos, que fique claro... que a moça não está em liberdade condicional coisa nenhuma... nem nunca esteve na outra Custóias... não é nada disso... ela só é indisciplinada... coitadinha.
Tudo muito bem escrito... e descrito.
Aos senhores “jornalistas”, Pedro Sales Dias e Manuela Teixeira, tiro o meu chapéu pelo tema escolhido, pela maneira como é tratado e pela qualidade do texto. Espectaculares !!! ( como os putos dizem )
Até me deixaram de boca aberta e na ignorância completa quanto ao significado de dois “neologismos” que até agora não consegui entender: "... a tona da professora ..." e “... de tripares comigo, de olhares para mim“.
Confesso que nem no Dicionário de Calão da Universidade do Minho encontrei o significado de tais expressões.
Depois de uma sandes de salmão fumado (grrr..), meia dúzia de cubos de fruta pouco madura e de uma chávena de “cafágua” que foi a refeição que a TAP nos forneceu, lá continuei e ler o pasquim.

Página 2: “A Cena do Ódio” nas Coisas do Circo, de Emídio Rangel.

Coisas do Circo ? Emídio Rangel ? Fera ou presunto domador ? (desculpem o “presunto”... estou a chegar de Espanha... queria dizer presumível).
Falar de tabernas, de álcool a mais, de lutas ferozes de prostitutas, de Sodoma e Gomorra (coitado nunca leu a Bíblia...) fazem-me inclinar para a opção da besta (da fera.. queria eu dizer) e não para a do domador.
Depois aquela de “um miúdo de 18 anos”....
Coitada da besta (da fera... desculpem, enganei-me outra vez), não conhece a Constituição Portuguesa e não sabe que aquele a quem chama miúdo é um cidadão de corpo inteiro, igual, em deveres e direitos, a qualquer um de nós.
No fim a alusão velada (?) de que há professores a destabilizar as escolas secundárias (felizmente só essas...) e a usar “os miúdos” em práticas subterrâneas pouco honestas...
Que dizer disso ? Que o bom julgador por si se julga ?

Felizmente que o voo terminou e aterrei são e salvo em Lisboa.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Violência nas Escolas


Com a devida vénia, transcrevo o excelente escrito de Ana Gomes no seu blog "Causa Nossa", primeiro pela importância do assunto, depois porque expressa opiniões que subscrevo completamente.

"O video da agressão à professora na Escola Carolina Michaelis é um murro na nossa consciência colectiva. Todos temos culpa por ter deixado degradar a disciplina na escola democrática, a autoridade dos professores e por negligenciarmos as crianças que os pais não têm tempo, nem capacidades, para educar.
Eu sinto culpa, por nunca me ter interessado pelas implicações das mudanças sociais na degradação do ensino em Portugal, por nunca me ter incomodado em demasiada com a qualidade política de quem ficava com a pasta da Educação a seu cargo em sucessivos governos. E sinto ainda mais culpa por ter obrigação de ter ouvido professores e alunos na familia e nas amizades mais próximas.
Claro que há quem tenha muito mais responsabilidades do que eu. E há sobretudo quem deva intervir politica e disciplinarmente, quando é imperioso intervir.
Não compreendo, por isso, que os responsáveis do Ministério da Educação desvalorizem a gravidade do que o filme do Carolina Michaelis revela – que não é caso isolado, como demonstram outros videos que estão a circular, como muitos professores há muito denunciavam e como até o PGR já alertara. A inversão de valores e abalo à autoridade que o video documenta é grave, passe-se numa só ou em 7% das escolas do país. O acto tem de ser punido exemplar e rapidamente, para que a dissuassão no futuro funcione.
E sobretudo não compreendo que perante actos de delinquência conhecidos, ocorridos em várias escolas e cometidos pelos mesmos alunos – maxime as agressões repetidas na escola de Tarouca - responsáveis do ME venham encolher os ombros, dizendo que nada se pode fazer porque os responsáveis são menores, não podem ser privados da escola, não podem ser expulsos da escola, nem objecto de quaisquer sanções aplicadas pelas autoridades escolares.
Eu pasmo! Então os outros alunos, professores e funcionários da escola vão ter que aguentar quantas mais agressões e distúrbios certos alunos entendam perpetrar? Então o bom ambiente e a segurança na escola vai ficar dependente dos humores de algumas crianças deseducadas em familias disfuncionais, como admitia esta manhã à TSF o Secretário de Estado Valter Lemos serem os delinquentes de Tarouca?
Como é obvio essas crianças e jovens perturbadas não podem ser privadas da escolaridade. Precisam até de acompanhamento especial, em escola ou instituição adequadas. Não podem, de maneira nenhuma, é continuar nas escolas normais a desinquietar toda a gente e a agredir quem lhes resista. Caso contrário, a sensação de impunidade alastra, e não haverá meio nenhum de restaurar disciplina e segurança nas escolas.
A aluna matulona que agrediu a pequena professora no Carolima Michaelis, o canastrão que filmou a cena rebolado de gozo, os delinquentes que repetidamente agrediram empregadas e alunos em Tarouca, os paspalhões que procuram destrambelhar uma professora numa aula de economia noutro video esta noite passado nas TVs, só podem ter um destino e amanhã já. Por ordens da Senhora Ministra, se as autoridades escolares não tomarem a decisão que se adequa: imediata suspensão das escolas respectivas, com divulgação pública da suspensão. E rápidos processos disciplinares, para efectivar a expulsão daqueles alunos das escolas que perturbaram e acelerar as suas tranferências para instituições adequadas, onde as suas necessidades de educação especiais sejam asseguradas pelo Estado, se os paizinhos não quiserem ou puderem tomar outras disposições.
Ele há limites para tudo. E momentos para intervir de forma exemplar. O Ministério da Educação precisa de mostrar que não é complacente com alguns e intransigente com outros. Que a lei e a disciplina é para todos e para fazer cumprir por todos. Pelos alunos também.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Na pesquisa da semana ...



Provocação !!!
"A diferença entre um cirurgião e um médico é que o cirurgião lava as mãos antes de intervir, como preconizou Pasteur, e o médico fá-lo depois de observar, como fez Pilatos." (Pedro Mayer Garção, in "Esculápio Diz o Que Pensa")

sábado, 22 de março de 2008

D. João VI e a mulata


No ano do duplo centenário da chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, aqui vos deixo um poema na voz inconfundível do saudoso João Villaret

sexta-feira, 21 de março de 2008

O Senhor Ministro e os cães


O Senhor Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Dr. Jaime Silva, veio revolucionar o mundo da canicultura portuguesa com a perspectiva da proibição de criação das raças que ele, Senhor Ministro, considera perigosas.
Ao que parece são elas ( e para já ): Pittbul, Rottweiler, Fila Brasileiro, Dogue Argentino, Stafordshire Terrier Americano, Staforshire Bull Terrier e Tosa Inu.
Para além de uma boa formação em Economia (acredito que a tenha) e de aceitável experiência no mundo da agricultura (é o que diz o seu curriculum), desconheço se o Senhor Ministro é criador ou proprietário de cães. O curriculum publicado na página do Governo é omisso quanto a esse desiderato e por isso creio que não o será.
Deduzo pois, e creio que com alguma legitimidade, que o Senhor Ministro decide, neste campo, com base nas informações e conselhos que lhe chegam dos seus assessores.
Pois parece que o Senhor Ministro anda mal informado e aconselhado, já que não vislumbro a razão da escolha destas 7 raças do mundo canino e da não inclusão de outras que poderão ser também consideradas perigosas, como sabe qualquer leigo na matéria.
Será que o Senhor Ministro não acha potencialmente perigosos os Mastins, os Pastores Alemães ou os Dobermann ?
Será que o Senhor Ministro não acha potencialmente perigosos os nossos Pastores da Serra da Estrela, os Rafeiros Alentejanos, os Cães de Castro Laboreiro, para já não falar nos Fila de S. Miguel ?
Claro que falar de raças portuguesas potencialmente perigosas é politicamente incorrecto. Eu sei, Senhor Ministro !! Todos nós sabemos disso !!
Como o compreendo Senhor Ministro ...
Como é fácil ser-se Ministro ( da Agricultura, da Educação, da Saúde... ) nos tempos que correm...
Só é preciso propagandear trabalho, seja ele bom ou completamente absurdo (para não adjectivar de outra maneira mais dura).
Como entendo a hipocrisia deste Governo...
Sempre lhe digo, Senhor Ministro:
O que há por aí é gente que não merece sequer ter o amor de um cão.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Na pesquisa da semana...



"No mundo atual está se investindo cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos teremos velhas de seios grandes e velhos de pau duro, mas eles não se lembrarão para que servem." (Dr. Drauzio Varella - Médico - Brasil)

Estes gajos só dão broncas...

"Em comunicado, o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa (COMETLIS) esclareceu que três agentes se deslocaram ao Consulado (...do Brasil) para «interceptarem um indivíduo suspeito de homicídio», adiantando que havia a indicação que se tratava de alguém «perigoso». O Comando da PSP sublinha que a PSP entrou na área de atendimento ao público do Consulado, onde «houve necessidade de identificar algumas pessoas» que se encontravam no local." in Portugal Diário


Depois das "visitas" às Escolas e aos Sindicatos, das tentativa de diminuir o impacto das manifestações e de reter manifestantes, eles chegam agora aos Consulados estrangeiros...

Será que o azar bateu à porta do Primeiro Ministro logo em fins de mandato ?

De facto há razões de sobra para deitar as mãos à cabeça !!!

quarta-feira, 19 de março de 2008

O piercing proibido II


GOVERNO SIMPLIFICA A LÍNGUA

Num país em que "a minha pátria é a língua portuguesa" era inevitável o sobressalto patriota. Aconteceu ontem: fica proibido pôr um piercing na pátria. Comprova-se a vontade em simplificar a língua: depois do acordo ortográfico, tira-se o piercing. A pátria ficou mais coesa: havia portugueses com piercing na língua e portugueses sem piercing na língua - ficou um país de língua única (tirando o mirandês). Quando a lei sair no Boletim, a língua oficial é sem piercing. Tudo porque, parece, um piercing pode matar. Por isso o Governo decidiu perder o latim com o assunto: não quer uma língua morta. Legislou-se, pois, para que haja tento com a língua. Mas se passa a ser proibido, passa a poder ser controlado. Como? Vejo o polícia: "Importa-se de nos mostrar a língua?" É o tipo de caça à multa sem escapatória. Se um cidadão tem piercing, e mostra, multa-se por infringir a nova lei. Se não tem, multa-se por causa da lei antiga: mostrar a língua à autoridade é desrespeito.

Ferreira Fernandes, in Diário de Notícias

O piercing proibido



Decidi iniciar-me na arte de "blogar" !!! Procurarei, pelo menos, divertir-me !!!

E a primeira coisa que e veio à memória foi o que Honório Novo escreveu no Jornal de Notícias sobre os "malfadados" piercings e a atitude "paternalista" do nosso Governo sobre o assunto.

Aqui o reproduzo com a devida vénia:

" Renato Sampaio conseguiu uma façanha com a proposta de proibir a colocação de piercings fora das orelhas, isto é, fora do local politicamente correcto para pendurar brincos!... Só que esta proposta é só uma mais das sucessivas e acarinhadas tentativas para distrair a opinião pública dos "bons resultados" de três anos de Governo!... ".