quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pequim 2008 - Projecto falhado

"O Presidente do Comité Olímpico Português, Vicente Moura, assumiu ontem que os objectivos propostos no contrato-programa para Pequim falharam. O investimento do Governo não terá retorno em pódios. A cinco dias do encerramento de Pequim 2008, o Comité Olímpico Português (COP) assumiu já a sua derrota. Vicente Moura não resistiu ao salto falhado de Naide Gomes, ao quarto lugar de Gustavo Lima, às criticas de Vanessa Fernandes, à falta de brio de alguns atletas, ao ambiente de completa revolta instalado na comitiva e, sobretudo, à fuga das medalhas que o próprio prometeu ao País e ao Governo. É que por essa "promessa" (quatro medalhas e 60 pontos) o presidente do COP recebeu 14 milhões de euros, num contrato ("Projecto Pequim") assinado em 2005. "O projecto Pequim tem como objectivo principal assegurar especiais condições de preparação aos participantes ou selecções nacionais que reúnem condições desportivas para obterem classificações relevantes nos Jogos Olímpicos de Pequim", lê-se no contrato programa assinado por Vicente Moura e pelo então presidente do Instituto de Desporto de Portugal, José Manuel Constatino. Por este contrato, o Estado comparticipou com 14 milhões de euros, verba que o COP canalizou para Federações, clubes, atletas, treinadores e despesas do próprio Comité. Por sua vez, o COP, uma entidade autónoma, comprometeu-se a obter "cinco classificações no pódio" (a fasquia desceu entretanto para quatro) e "12 classificações até ao 8.º lugar", conforme refere a cláusula 2 do contrato, publicado em Diário da República em Abril de 2005. Com 12 dias de provas, a delegação portuguesa, a maior de sempre, composta por 77 atletas obteve uma medalha de prata e 16 pontos (em Atenas 2004, Portugal conquistou uma de bronze, duas de prata e um total de 43 pontos)." (in Diário de Notícias).


Somos o país que somos. Porquê falsos idealismos?
O que me espanta é que os portugueses continuem na ilusão de serem ainda os que "em perigos e guerras esforçados, mais do que permitia a força humana..."...
Caiamos na realidade, aceitemos de cabeça erguida a nossa pequenez.
A humildade é virtude a cultivar.
Mas não podemos contemporizar com desvarios, com desmedidas aspirações de uns em contraste com o desinteresse e falta de empenho de outros.
Se aquilo que Vanessa Fernandes disse é a verdade dos factos, e tudo leva a crer que sim, alguns dos nossos "atletas olímpicos" não mereciam sequer o apoio que lhes demos, através do Estado que somos todos nós, os contribuintes.
Ouvi, na televisão, depoimentos dos próprios: "não sou pessoa para este tipo de competições", "senti-me paralisado com aquele estádio cheio de gente", "eu já me convenci que, de manhã, no meu caso, só é bom para ficar na caminha", "quando se corre os 5000 metros com as africanas, é melhor ir de férias".
Fiquei estarrecido.
Que lhes vai acontecer ? Que vai esse Estado, que somos todos nós, fazer a quem produziu publicamente tais afirmações ? Será que esta gentinha imbecil vai continuar a viver à nossa custa ?
Esperemos para ver.

1 comentário:

  1. Calculo que o meu caro Jorge Reis seja especialista em desporto de alta-competição para dizer o que diz.

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