A 30 de Agosto de 1999, em referendo organizado pela ONU, a população de Timor-Leste votou a favor da independência face à Indonésia.
De acordo com alguns antropólogos, um pequeno grupo de caçadores e agricultores já habitava a ilha de Timor por volta de 12 mil anos a.C. Há documentos que comprovam a existência de um comércio esporádico entre o Timor e a China a partir do século VII, ainda que esse comércio se baseasse principalmente na venda de escravos, cera de abelha e sândalo, madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de luxo e na perfumaria, que cobria praticamente toda a ilha. Por volta do século XIV, os habitantes de Timor pagavam tributo ao reino de Java. O nome Timor provem do nome dado pelos Malaios à Ilha onde está situado o país, Timur, que significa Leste.
A colonização
Os portugueses foram atraídos pelos recursos naturais em 1514, trazendo os missionários e a religião católica que atualmente é predominante. Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o Timor Português. Em 1914, a Sentença Arbitral assinada entre Portugal e os Países Baixos para terminar com os conflitos entre os dois países, fixando as fronteiras que hoje dividem a ilha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Aliados (australianos e holandeses) envolveram-se numa dura guerra contra as forças japonesas em Timor. As forças japonesas entraram em Timor-Leste em Fevereiro de 1942 para expulsar as forças australianas que tinham ocupado o território em Dezembro de 1941, violando a neutralidade da então colónia portuguesa. Algumas dezenas de milhar de timorenses deram a vida lutando ao lado dos Aliados, entre os quais se encontrou o célebre régulo Dom Aleixo.
Em 1945, a Administração Portuguesa foi restaurada no Timor Português. Seguiu-se um período de quase três décadas em que não se manifestaram movimentos independentistas.
As guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Timor. A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em acção na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida no território.
Invasão da Indonésia
A 28 de Novembro de 1975, após uma breve guerra civil, a República Democrática de Timor-Leste foi proclamada. Apenas uns dias depois, a 7 de Dezembro de 1975, a nova nação foi invadida pela Indonésia que a ocupou durante os 24 anos seguintes. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador Mário Lemos Pires, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem forças militares suficientes para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilha de Ataúro.
A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu as simpatias do governo dos EUA e da Austrália, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela Comunidade Internacional.
A invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós II Guerra Mundial. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam de forma sistemática e sem controlo meios brutais de tortura, a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização", procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses.
Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português e a islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27ª província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo no Mar de Timor.
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos recursos materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, pela morte em combate de Nicolau Lobato ou por detenção de Xanana Gusmão. Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano com manifestações de massas e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli.
Independência
Em 30 de Agosto de 1999, os timorenses votaram por esmagadora maioria pela independência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia, na sequência de um referendo promovido pelas Nações Unidas. Em 20 de Maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste. (Fonte: Wikipédia)
A colonização
Os portugueses foram atraídos pelos recursos naturais em 1514, trazendo os missionários e a religião católica que atualmente é predominante. Com a chegada do primeiro governador, vindo de Portugal em 1702, deu-se início à organização colonial do território, criando-se o Timor Português. Em 1914, a Sentença Arbitral assinada entre Portugal e os Países Baixos para terminar com os conflitos entre os dois países, fixando as fronteiras que hoje dividem a ilha.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Aliados (australianos e holandeses) envolveram-se numa dura guerra contra as forças japonesas em Timor. As forças japonesas entraram em Timor-Leste em Fevereiro de 1942 para expulsar as forças australianas que tinham ocupado o território em Dezembro de 1941, violando a neutralidade da então colónia portuguesa. Algumas dezenas de milhar de timorenses deram a vida lutando ao lado dos Aliados, entre os quais se encontrou o célebre régulo Dom Aleixo.
Em 1945, a Administração Portuguesa foi restaurada no Timor Português. Seguiu-se um período de quase três décadas em que não se manifestaram movimentos independentistas.
As guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Timor. A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em acção na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida no território.
Invasão da Indonésia
A 28 de Novembro de 1975, após uma breve guerra civil, a República Democrática de Timor-Leste foi proclamada. Apenas uns dias depois, a 7 de Dezembro de 1975, a nova nação foi invadida pela Indonésia que a ocupou durante os 24 anos seguintes. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador Mário Lemos Pires, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem forças militares suficientes para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na ilha de Ataúro.
A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu as simpatias do governo dos EUA e da Austrália, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela Comunidade Internacional.
A invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós II Guerra Mundial. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam de forma sistemática e sem controlo meios brutais de tortura, a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização", procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses.
Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português e a islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27ª província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo no Mar de Timor.
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos recursos materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, pela morte em combate de Nicolau Lobato ou por detenção de Xanana Gusmão. Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano com manifestações de massas e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli.
Independência
Em 30 de Agosto de 1999, os timorenses votaram por esmagadora maioria pela independência, pondo fim a 24 anos de ocupação indonésia, na sequência de um referendo promovido pelas Nações Unidas. Em 20 de Maio de 2002 a independência de Timor-Leste foi restaurada e as Nações Unidas entregaram o poder ao primeiro Governo Constitucional de Timor-Leste. (Fonte: Wikipédia)
Lucélia Santos, actriz brasileira bem conhecida do público em Portugal, produziu um filme intitulado Timor Lorosae - O Massacre Que O Mundo Não Viu, e explica, na sua página web, as razões que a levaram a fazê-lo:
"O primeiro contato de Lucélia com a barbárie que acontecia no outro lado do mundo foi em 1995 com a visita do embaixador da causa timorense José Ramos Horta ao Brasil. Ela ficou chocada como aquilo poderia estar acontecendo em plena década de 90. Quando o professor Ramos Horta e o bispo Belo foram laureados com o Nobel da Paz em 1996, Lucélia foi a Oslo como convidada de honra para a solenidade de entrega do prêmio. Foi lá que surgiu a idéia de se fazer um filme que divulgasse a causa timorense ao mundo, e principalmente no Brasil, que mal ouvira falar em Timor até então. O projeto foi amadurecendo e só então em 2000, com o apoio do governador Mario Covas (a quem o filme é também dedicado), que alavancou o patrocínio das companhias elétricas Bandeirante Energia S.A. e EDP Brasil, que pôde sair do papel. Lucélia foi à Timor com um equipe reduzida e durante um mês registrou a trágica situação em que se encontra o povo maubere. De volta ao Brasil a luta pela finalização do filme continuou e mais importantes passos foram dados, com o apoio da BR Distribuidora, que através da Lei do Audiovisual forneceu recursos para o processo de pós-produção. Lucélia conseguiu também a aquisição de um material de imagens de arquivo, em sua maioria inéditas no Brasil, junto à RTP, ao CIDAC e o CDPM em Portugal. Depois de montado e finalizado, "Timor Lorosae - O Massacre Que O Mundo Não Viu" chega às telas como o primeiro filme a apresentar a triste história timorense ao Brasil e ao mundo, e também como um alerta de como a violência está presente em nossas vidas de forma assustadora."
Em Portugal, o filme ganhou o Prémio Lusofonia em 2001 e, no ano seguinte, no Famafest arrecadou uma Menção Honrosa.
"O primeiro contato de Lucélia com a barbárie que acontecia no outro lado do mundo foi em 1995 com a visita do embaixador da causa timorense José Ramos Horta ao Brasil. Ela ficou chocada como aquilo poderia estar acontecendo em plena década de 90. Quando o professor Ramos Horta e o bispo Belo foram laureados com o Nobel da Paz em 1996, Lucélia foi a Oslo como convidada de honra para a solenidade de entrega do prêmio. Foi lá que surgiu a idéia de se fazer um filme que divulgasse a causa timorense ao mundo, e principalmente no Brasil, que mal ouvira falar em Timor até então. O projeto foi amadurecendo e só então em 2000, com o apoio do governador Mario Covas (a quem o filme é também dedicado), que alavancou o patrocínio das companhias elétricas Bandeirante Energia S.A. e EDP Brasil, que pôde sair do papel. Lucélia foi à Timor com um equipe reduzida e durante um mês registrou a trágica situação em que se encontra o povo maubere. De volta ao Brasil a luta pela finalização do filme continuou e mais importantes passos foram dados, com o apoio da BR Distribuidora, que através da Lei do Audiovisual forneceu recursos para o processo de pós-produção. Lucélia conseguiu também a aquisição de um material de imagens de arquivo, em sua maioria inéditas no Brasil, junto à RTP, ao CIDAC e o CDPM em Portugal. Depois de montado e finalizado, "Timor Lorosae - O Massacre Que O Mundo Não Viu" chega às telas como o primeiro filme a apresentar a triste história timorense ao Brasil e ao mundo, e também como um alerta de como a violência está presente em nossas vidas de forma assustadora."
Em Portugal, o filme ganhou o Prémio Lusofonia em 2001 e, no ano seguinte, no Famafest arrecadou uma Menção Honrosa.
A denúncia do Massacre do Cemitério de Santa Cruz, em Dili, feita por inúmeros órgãos de comunicação social de muito prestígio, as imagens que todo o planeta viu nos seus televisores, os protestos públicos de muitas personalidades de grande prestígio internacional, acabaram por dar resultados positivos que culminaram com o nascimento da mais jovem nação do planeta.
Gostei do post pelo tema que aborda, e pela informação que transmite.
ResponderEliminarOs timorenses são um povo sofredor, mas tb muito lutador.
Ad que agora a sua condição de vida seja precária, estou convencida de que virá a prosperar. Bem merece!!!
Não sei explicar mto bem a razão, mas sinto um carinho mto especial por este jovem país.
Um bj,
milouska
Jorge,
ResponderEliminarAcompanhei sensibilizado e atento os acontecimentos que antecederam a independência.
Antes pouca informação e debate havia,culpa dos média e politicos,e ao ficar sabendo de toda a historia,foi com repulsa e revolta que descobri a vergonha que passou-se,antes e depois da descolonização.
Felizmente que contra todas as possibilidades,os Timorenses são independentes,e cabe ao mundo ficar vigilante perante novas tentações imperialistas dos vizinhos.
Abraço amigo,um bom domingo desejo,
joao