Recuso na sua totalidade o Prémio AICA/MC 2009 em repúdio pelo comportamento obsceno e de má fé que caracteriza a actuação do Estado português na efectiva atribuição do valor monetário do mesmo. O Estado, representado na figura do Ministério da Cultura (DGARTES), em vez de premiar um artista reconhecido por um júri idóneo pune-o! Ao abrigo de "um parecer" obscuro do Ministério das Finanças, todos os prémios de teor literário, artístico e científico não sujeitos a concurso são taxados em 10% em sede de IRS, ao contrário do que acontece com todos os prémios do mesmo cariz abertos a candidaturas.
A saber: Quem concorre para ganhar um prémio está isento de impostos pelo Código de IRS. Quem, sem pedir, é premiado tem que dividir o seu valor com o Estado!
Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes. No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir "um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS".
Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé. A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES. Não é verdade. Nunca poderia assinar tal documento.
Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.
Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez. É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte. Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada. Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições. Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.
Paulo Nozolino
1 de Julho de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Vergonha
Só hoje me chegou às mãos esta informação. Porque se trata de um nome conceituado da fotografia portuguesa, não posso deixar de divulgar.
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Se todos nós (de qq actividade!) tivéssemos frutos assim, outro galo já há muito teria cantado nos poleiros!
ResponderEliminarNOTA: Removi o anterior por causa de uma gralha.
Sem comentários!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarÉ assim que vai o nosso país!!!......
Vergonha das vergonhas!!!!!
BFS
Pois é meus caros; o Estado não dá nada a ninguém. Dá pela frente e tira por trás. O Estado é a entidade mais cínica e mal intencionada deste país. Não respeita as pessoas quanto mais a arte dessas pessoas! Uma vergonha... e é por isso, que a mentalidade e a cultura que temos "não passa da cepa torta". Nem com "Novas Oportunidades" lá vamos.
ResponderEliminarJá tinha lido este infeliz episódio algures na net e a indignação que causou.
Desculpem este comentário mas hoje, estou assim, chateada com a vida. Provavelmente, se isto fosse no antigo regime, já tinha a pide à perna, com certeza. Não devia criticar o estado que me (des)governa, mas há limites para tudo.
Há coisas que são por demais injustas,incongruentes,evidentes... e não há meio das pessoas abrirem os olhos e dizerem: BASTA! Portugal não pode continuar assim!
Este grito tem quase 3 meses.
ResponderEliminarEntretanto, ouviu-se alguém do Ministério da Cultura ou das Finanças vir à liça explicar-se?
Não! Pelo menos não dei conta...
Mas a coisa vai piorar...
Também eu já tinha conhecimento disto.Nem precisa de comentários, que está tudo dito no post.Inacreditável, não é?
ResponderEliminarTanto em Portugal quanto no Brasil as coisas vão de mal a pior.
ResponderEliminarDo Paulo Nozolino conhêço apenas uma ínfima parte da sua Obra e creio não surpreender ninguém ao afirmar que gosto!
ResponderEliminarO Homem em si não conhêço, até porque me parece que vive normalmente fora deste desgraçado país.
Mas, actos como este não abundam, até porque, como diz o povo, "é preciso tê-los no sítio...!!!"
Quem tem a coragem de abdicar de tanto dinheiro e de chamar os bois pelos próprios nomes só pode subir na minha consideração.
G.J.
O que acabo de ler merece-me o maior aplauso.
ResponderEliminarNão conheço nada de Paulo Nozolino mas vou tentar conhecer.
Mais que nunca espero que este País mude, pois estou farta de ver tanta "porcaria" no meu País.
Paulo Nozolino tem o meu apoio incondicional.
Gostei de saber que existe um homem com esta coragem.
Parabéns a Jorge C. Reis por publicar e escrever sobre o acontecimento.
Viva!
ResponderEliminar"Fui pelos meus dedos" - como nas Páginas Amarelas - observar quem seriam "2 seguidoras", cujas fotos apareceram hoje no meu blog - não que tal facto me empolgue, até porque nem "conheço" quem por lá "me segue", mas gosto de tentar perceber se existe alguma afinidade de gostos ou de vida, para passaram por lá.
Foi portanto, este o meu percurso, até chegar á sua página e gostei essencialmente das fotos de Veneza, pelo brilho/côr diferente que lhes deu.
Depois parei neste post.
E sinceramente, não me espanta nada o que li e igualmente a posição do artista Nozolino; tão só porque noutro prisma isso se passou comigo.
Em 1993 era eu, um promissor "quadro" do Estado - e "premiada/louvada" pelo mesmo Estado,q.b. Sempre sem qq côr partidária, mas talvez por algum "engenho e arte" - passo a imodéstia - misturado com dedicação e respeito por todas as funções que desempenhei em áreas diversas. Mas não foram todos aqueles papéis - louvores e diplomas - mais algumas medalhas que me "forçaram" a permanecer por mais tempo do que 16 anos de serviço, mas sim, igualmente pelas atitudes das "gentes" do nosso país. Assim... dei literalmente um "salto para o escuro" ao mesmo tempo que disse também: basta! - solicitando assim, ao I Ministro de então, a minha pré-reforma.
e lá continuei o meu caminho...
mal sabia eu, qual "CAMINHO" me aguardava - no bom sentido do termo e animicamente falando.
Até sempre...
Mariz