Assisti hoje a uma das cenas mais caricatas da minha vida: a Sessão Solene de Encerramento do Ciclo Comemorativo do Centenário do Turismo em Portugal.
Fui a Aljustrel com o nosso amigo Gaspar de Jesus, que tinha sido um dos premiados no Concurso de Fotografia integrado no evento.
A sessão, que teve lugar no Auditório da Biblioteca Municipal de Aljustrel, foi presidida pela Secretária de Estado do Turismo, Drª Cecília Meireles.
Tudo começou com o Hino Nacional tocado pelo Grupo de Metais da Filarmónica de Aljustrel, seguido de uma projecção de filmes promocionais do turismo em Portugal, arquivo da RTP.
Depois veio a entrega dos prémios de fotografia e os do Concurso Centenário do Turismo nas Escolas.
Estavam presentes alunos e professores de escolas da Póvoa do Varzim, Condeixa, Porto (Campanhã), Vila Verde e Guimarães.
A Secretária de Estado do Turismo entregou os três prémios do Concurso de Fotografia, uns envelopes azuis tamanho A4 que somente continham uns vouchers para uns cruzeiros marítimos.
Em Portugal ? Qual quê !!! No Mediterrâneo (ou no Mar do Norte) que lá é que está o "verdadeiro turismo de Portugal"!!
O segundo prémio, que foi o que coube ao amigo Gaspar de Jesus, foi de 300 € !!!!
Para um cruzeiro ???!!!!
Depois foi o ridículo da cena:
Os alunos das escolas, com os seus trabalhos premiados, foram chamados um a um ao palco mas… oh Deus nos proteja… não havia prémios para entregar. Os moços e moças lá receberam uns beijinhos e uns apertos de mão das autoridades… mas vieram de mãos a abanar !!!
Acreditem que tive pena da Secretária de Estado do Turismo !!!
Tive pena da soneira que lhe deu enquanto teve que ouvir os discursos dos presentes no palco !!! Do Presidente da Câmara de Aljustrel, do Presidente da Região de Turismo do Alentejo e do Dr. Jorge Mangorrinha, Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário do Turismo em Portugal e, em última análise, o responsável por toda esta barracada.
Coitada da Secretária de Estado !!! Abria a boca de sono, mexia no cabelo, "brincava" com o telemóvel, beliscava alguma eventual borbulha na cara, revolvia-se na cadeira.
Por mim não aguentei e saí a meio.
Vejam o site das Comemorações em http://www.centenariodoturismo.org/ e, se conseguirem navegar tranquilamente por lá, digam-me se valeu a pena o dinheiro (o nosso dinheiro) que se gastou.
Alguém vai pedir contas ao tal Dr. Jorge Mangorrinha ????
Mas pior do que isto: tendo também assistido ao evento, ninguém da assistência viu qualquer dos trabalhos premiados. Nem exposição, nem imagens...
ResponderEliminarE o tal envelope azul não continha uma única referência ao prémio atribuído.
É mesmo "Portugal no seu melhor"!
Jorge
ResponderEliminarNão tive como conter o riso. Seria trágico se não fosse cômico. Ainda bem que voce é português e vivenciou isso. Fosse um brasileiro contando, ia ser massacrado.
Abraços
Caro Jorge Costa Reis,
ResponderEliminarLi com atenção o seu post sobre o Centenário do Turismo e, francamente, achei-o muito redutor. As comemorações do Centenário decorreram ao longo de mais de 12 meses, assinaladas por dezenas de iniciativas de cariz histórico, cultural e social, envolvendo mais de centena e meia de organizações e a participação de milhares de pessoas. Foi fruto do intenso trabalho de muita gente que nele se empenhou e cuja face mais visível, e bem, é o Prof. Jorge Mangorrinha, que merecem palavras de elogio, tanto mais porque o fizeram de boa vontade e em prol do nosso País e do Trurismo em especial. A sessão de encerramento foi o culminar desse trabalho, sendo justo realçar a homenagem nela prestada ao Turismo de Portugal, sucessor dos vários organismos públicos responsáveis pelo Turismo desde 1911 e a Brito Camacho, o primeiro ministro com essa responsabilidade no tempo da 1ª República.
Eu também assisti à cerimónia e não posso partilhar a sua opinião, porque a considerei muito digna e porque tendo ficado até ao fim das comemorações, pude apreciar a cultura popular e o excelente espectáculo musical, com artistas de referência,que nos proporcionaram a Câmara de Aljustrel eo Turismo do Alentejo.
Nestes tempos dificeis que vivemos, importa valorizar o trabalho e a iniciativa, realçando e estimulando o que se faz de positivo e não o contrário.
Prezado Senhor Alcino Tomaz
EliminarAinda bem que classifica este meu artigo somente de "muito redutor" e não contesta os factos descritos.
Isso é bom, porque assim, e tendo assistido ao evento como eu, o senhor acaba por confessar que o que eu escrevi foi o que se passou. Fico-lhe muito agradecido por essa ajuda, ou seja, pela implícita confirmação do que foi acima descrito.
Não assisti a nenhuma das outras sessões, nem o meu artigo pretende denegrir as comemorações em geral.
Eu falo do que vi. Nada mais.
Reafirmo os meus sentimentos de tristeza e repúdio.
Tristeza pela desleixo que a organização claramente demonstrou no caso dos (não existentes) prémios para os jovens que se deslocaram de tão longe para os receber. Eu vi a decepção nos olhos de alguns.
Tristeza pela aflição da apresentadora da sessão que foi enganada algumas vezes, por exemplo, quando disse mais ou menos isto: "Agora vamos ver os trabalhos premiados… afinal não vamos ver nada !!!"
Tristeza pelo teor de alguns discursos em que a auto-propaganda era manifesta.
Repúdio pela posição em que foi colocado um membro do Governo de Portugal, pessoa que admiro e estimo. V. Exas não tinham o direito de lhe fazer o que fizeram.
Repúdio por constatar quão malbaratados foram os dinheiros de todos nós.
E para terminar, chamo-lhe a atenção para a péssima qualidade do site oficial das comemorações. Provavelmente mais um "ajuste directo" de uns milhares de euros !!!
Cumprimentos
A cena era digna de um filme do Jacques Tati...
ResponderEliminarAssisti à Festa de Encerramento e são deslocadas as palavras por si escritas.
ResponderEliminarComo jornalista, e não obstante o direito que cada um tem de interpretar os factos por forma a seguir determinada direcção (desde que pelos meios e suportes mais indicados para o fazer), venho por este meio chamar a atenção para algumas imprecisões que, não obstante o carácter e intuito do suporte em que foram publicadas, convém sublinhar, sob pena de poder incorrer em “desinformação”. Esta é, aliás, uma luta que todos nós (jornalistas, repórteres, etc.), deveríamos assumir como pessoal para que, de uma vez por todas, o “cronista” não seja necessariamente jornalista, nem o sonho deste último seja escrever crónicas, independentemente de este poder ser, de facto, um trabalho bem mais confortável.
Pelo que me foi permitido observar, o Centenário do Turismo em Portugal, que decorreu durante sensivelmente um ano foi, por acção da sua Comissão Nacional, bastante activo no que toca aos seus objectivos primeiros (consultados que foram, no site institucional) e frutífero quanto à adesão junto da população (conclusão tirada por observação directa).
No que toca à cerimónia de encerramento, prosseguiu conforme o protocolo, articulado entre as entidades organizadoras (Comissão Nacional, Turismo do Alentejo e Câmara de Aljustrel). Este, independentemente de gostos pessoais ou desconhecimento de causa, tem de ser seguido. Qualquer interpretação das reacções observadas, do “sono” da Secretária de Estado ao “estado” de alguns premiados é puro exercício de psicologia de cariz empírico. Se correspondem, ou não, à verdade, só os alvos de tais “acusações” poderão negar ou repudiar, partindo do princípio que não terão sido entrevistadas para que pudessem responder por si. Os prémios… Os “envelopes A4” continham seis “Vouchers Cruzeiro”. Quatro Cruzeiros no Mediterrâneo no valor de dois “Cheques Cruzeiro”. As estadias oferecidas pela INATEL foram, também, atribuídas, embora não fisicamente. Mas serão, certamente, desfrutadas pelos premiados. Mediante alguma consulta de dados estatísticos, poderia ficar sabendo que os cruzeiros são os responsáveis por uma enorme “fatia” de turistas que visitam Lisboa, Fátima e Sintra. A INATEL é responsável por dar a conhecer aos seus associados um Portugal inteiro a preços bastante competitivos ou, se preferir, “anti-crise”. Ambas estas entidades (MSC CRUZEIROS e INATEL) assumiram estes custos por quererem ver-se associadas a um evento. Os concorrentes aos subsequentes “passatempos” consultaram, por certo, o regulamento e sabiam quais os prémios a que concorriam. Estes foram anunciados muito antes do evento, depois do qual houve o convite para juntarem-se à cerimónia de encerramento. Não só a sua presença como também a participação, posto tudo o acima, coincide com aquilo que se convencionou chamar de “sucesso”, mesmo que este se encontre dentro dos humildes moldes a que a organização se tinha proposto.
Quanto aos discursos que integraram a sessão solene, vão ao encontro ao que acabou por ser a cerimónia, as “festas” propriamente ditas e que, posso aventar, teriam diluído alguma sensação de desagrado da sua parte. Do desfile de Grupos Coral ao espectáculo musical nas minas. Porque o Alentejo e todo o seu potencial devem de ser uma aposta. Porque foi bonito ver como Aljustrel, tantas vezes esquecido e ignorado, se engalanou e encheu a população local e visitantes de orgulho! Porque o Cante Alentejano e a sua candidatura a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO, o Montado como derradeira floresta sustentável da Europa e, no geral, um turismo de qualidade e sustentável, que garanta a sustentabilidade das populações e combata a desertificação do interior, não é preciso. É urgente! Mas é, no mínimo, irónico que, passados cem anos sobre o Turismo em Portugal, e nas comemorações disso mesmo, persistam os mesmos Velhos do Restelo que, na altura, e como sempre aconteceu neste país, teimam em criticar, negativamente, aquilo que vêem. O que limita perigosamente aquilo que sabem.
Atentamente,
Exmo Senhor Jornalário/Anónimo
EliminarDesculpe tratá-lo assim, mas fui à procura da sua identidade, uma vez que se intitula "jornalista", profissão que eu muito admiro e respeito. Infelizmente o seu perfil nada diz e o seu blogue apenas contém uma promessa: "Um dia escreverei aqui algo singular…"
Paciência !!!
Mas adiante...
Já deixei claro que o meu artigo (post) não se refere às Comemorações no seu todo, mas tão só ao que assisti na Sessão Solene de Encerramento do Ciclo Comemorativo do Centenário do Turismo em Portugal que teve lugar em Aljustrel.
Tal como o Senhor Alcino Tomaz (que comentou acima) o senhor Jornalário/Anónimo não desmente quaisquer dos factos que eu relatei. Até os confirma quando, por exemplo, diz que houve prémios atribuidos, "... embora não fisicamente".
Não deixa de ser curioso como alunos e professores se deslocaram de tão longe sabendo que iriam receber os seus prémios "não fisicamente".
Se o senhor Jornalário/Anónimo esteve presente, do que não duvido, deve ter reparado na reação da Senhora Secretária de Estado quando, depois de entregar os prémios aos fotógrafos, lhe disseram que não havia mais nada para entregar aos vencedores dos concursos. E aí começaram os beijinhos de circunstância...
Terei muito gosto em continuar a trocar ideias consigo desde que o senhor tenha a gentileza de se identificar de forma clara.
Se o quiser fazer, aqui lhe deixo uma dúvida (entre outras) que o seu comentário me suscita.
O que é que o senhor quer dizer com (cito): "Os “envelopes A4” continham seis “Vouchers Cruzeiro”. Quatro Cruzeiros no Mediterrâneo no valor de dois “Cheques Cruzeiro”." (sic)
Desculpe a minha pergunta. A minha matemática deve andar meio confusa porque não vislumbro quantos cafés posso beber com um "Cheque Cruzeiro".
Pois é!
ResponderEliminarSer bloguista, não é ser reporter de qualquer coisa.
O blog a que estou a aceder relata aquilo que o seu autor presenciou no momento e, como não tem qualquer ligação política ou partidária (penso eu) nem relacionamento com a comissão organizadora ou outra aqui relacionada, disse no seu cantinho, o que viu e sentiu, ou já não se pode dizer e escrever a verdade sem a esconder?
Também eu, embora não esteja à espera de tal envelope ou coisa parecida, tenho escrito e fotografado para mostrar ao mundo, as coisas do nosso Algarve inseridas no blogue:
www.umraiodeluzefezseluz.blogspot.com
Bem haja amigo por dizer a verdade.
Caríssimo Jorge Costa Reis...
ResponderEliminarEu não preciso de desmentir nem confirmar factos. Preciso apenas de apontar imprecisões que, a haverem, colocam em gravosa dúvida a sua capacidade de análise. Quando me pergunta o valor do "Cheque Cruzeiro", ou me acusa directamente de estar a omitir informação por lapso ou desconhecimento, apraz-me dizer que, afinal, e apesar de todas as críticas que tece, obviamente tendenciosas, não prestou atenção ao que foi dito na cerimónia. Mais grave ainda é ter referido o valor (e, logo, quantos cafés poderia beber com esse), explicitamente, no seu post! Ou seja, quando alguém não sabe o que escreve (ou já não se lembra, ou não relê), é fácil não saber o que faz, embora parta para a crucificação de forma gratuita. Quanto ao eu "confirmar" os factos, recuso-me a ser acusado por quem é, como comprovado acima, manifestamente mau a fazê-lo. Quando alguém vence um prémio, desloca-se ao local de entrega para participar no Protocolo, figurar na "fotografia", por uma questão de "clipping" para o currículo. Se isso lhe interessar. Caso contrário, recusa o convite. Não me cabe a mim afirmar, por desconhecimento, que o Jorge esteja habituado a outro tipo de cerimónias, mas isto não são, informo, os Globos de Ouro. Um prémio é anunciado e os vencedores recebem-no num gesto. Quanto à minha identidade e, como certamente saberá, a minha profissão não permite que eu teça opiniões sobre cerimónias oficiais. Fi-lo aqui pela simples razão de estar a ver um grupo de pessoas (independentemente do seu cargo) a serem injustiçadas no seu esforço. Que foi direccionado para o BEM. Também já dei uma "volta" pelo seu blogue e, perdoe-me a confissão, surpreende-me que a maioria dos seus posts não tomem a mesma direcção. Criticar por criticar é, numa análise crua, feio!
Exmo Senhor Jornalário
EliminarInformei-o, na minha resposta ao seu comentário anterior, de que não manteria diálogo consigo se não terminasse o seu anonimato.
Em toda a minha vida sempre me pautei pelo respeito pelas opiniões dos outros e também nunca me coibi de expressar livremente as minhas. Nem sequer no tempo da ditadura …
Mas fi-lo sempre de cara descoberta, sem véus de cobardes encobrimentos.
Acho que de outra forma não ficaria bem com a minha consciência.
Assumir o que se escreve é um dever de todo o jornalista.
Criticar, no sentido positivo ou no negativo, é quase uma imposição de ética profissional.
Jornalismo de qualidade não significa somente "debitar" notícias. É muito mais do que isso.
Jornalismo não é uma profissão castrativa, antes pelo contrário. E quem assim não a entende deveria mudar de rumo.
Aconselho-o a procurar bem na blogosfera onde, se o fizer, irá encontrar outros blogues e sites das redes sociais que se referem à tal Cerimónia, com críticas muito semelhantes às minhas.
Por último, reitero a minha intenção de não voltar a dialogar com alguém que não tem a verticalidade de caráter suficiente para assumir o que escreve e por isso o faz sob o anonimato.
Assim, quaisquer escritos seus no(s) meu(s) blogue(s) serão apagados logo que eu os encontre, se o senhor não mudar de atitude.