A blogsfera foi inundada hoje por artigos sobre o 11 de Setembro de 2001, o ataque terrorista da Al Qaeda às Torres Gémeas de Nova Iorque e ao Pentágono em Washington.
Não vou falar nisso.
Embora não possa deixar de lamentar profundamente a morte de tantos civis inocentes e condenar violentamente qualquer forma de terrorismo, não é esse acto ignóbil que quero destacar.
A classificação de "terrorismo internacional" funciona por várias formas e tem vários autores e protagonistas. Depende do ponto de vista de cada um, das convicções políticas de cada um, da sensibilidade individual.
E, porque não, do poder e força de cada um dos agressores ?
Se, por absurdo, os Aliados tivessem perdido a 2ª Guerra Mundial, quem teria sido condenado à forca pelo Tribunal de Nuremberga ? Os alemães que fizeram o Holocausto ou os que, deliberadamente, mandaram matar milhões de inocentes com as bombas atómicas de Hirosima e Nagasaki ? Qual a diferença ?
Não me venham falar de "danos colaterais necessários".
Não quero tomar partido por nenhum dos protagonistas, mas considero que não há desculpas razoáveis para quaisquer destes actos.
Hoje quero lembrar outro 11 de Setembro... o de 1973 !!!
Salvador Allende Gossens (Valparaíso, 26 de junho de 1908 — Santiago do Chile, 11 de setembro de 1973) foi um médico, político e estadista chileno. Foi o primeiro marxista assumido eleito democraticamente Presidente da República, na América Latina.
Filho do advogado e notário Salvador Allende Castro e de Laura Gossens Uribe, Allende casou-se em 1940 com Hortensia Bussi Soto, com quem teve filhas: Paz, Isabel e Beatriz.
Grande orador, começa a carreira política como deputado em 1937 e ocupa o Ministério da Saúde de 1939 a 1942. Foi senador em 1952 pelo Partido Socialista do Chile. Concorre à Presidência da República em 1952 e em 1958. Em 1972 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz.
Em 1964, é novamente derrotado nas eleições à Presidência da República. Nas eleições presidenciais de 1970 concorre como candidato da coligação de esquerda Unidade Popular (UP). Embora sem maioria absoluta, conquista o primeiro lugar com 36,2% dos votos e tem seu nome confirmado pelo Congresso.
Allende assume a presidência e tenta socializar a economia chilena, com base num projecto de reforma agrária e nacionalização das indústrias. A sua política, a chamada "via chilena para o socialismo", pretende uma transição pacífica para uma sociedade mais justa, de raiz socializante. Nacionaliza os bancos, as minas de cobre e algumas grandes empresas, e enfrenta pressões políticas norte-americanas. Essa linha socialista adoptada durante sua breve permanência no poder, além de gerar a oposição dos democrata-cristãos de direita, a falta de união da esquerda , e a antipatia do efectivo militar chileno, aprofundou sensivelmente os problemas da frágil economia chilena.
Em 11 de setembro de 1973, com ostensivo apoio dos Estados Unidos, as Forças Armadas, chefiadas pelo general Augusto Pinochet, dão um sangrento golpe de Estado que derruba o governo da UP. Allende morreu quando as forças armadas revoltadas contra o governo constitucional atacaram o Palácio de La Moneda. Há duas versões aceites sobre a morte de Allende: uma é que ele se suicidou no Palácio de La Moneda, cercado por tropas do exército, com a arma que lhe fora dada por Fidel Castro; a outra versão é que ele foi assassinado pelas tropas invasoras. Sua sobrinha Isabel Allende Llona é uma das que acreditam que seu tio foi assassinado. Teve um funeral com honras militares em 1990. (Fonte: Wikipédia)
Quanta mortes inocentes resultaram deste acto na ditadura de Pinochet ?
Quanto sofreu o povo chileno nesses anos de ditadura militar ?
Quem apoiou Pinochet e os seus comparsas ?
Porque não houve Tribunal Penal de Nuremberga ou outro semelhante ?
Excelente texto. Mostra outra ótica e outros fatos importantes da trágica data.
ResponderEliminarAbraços
A noção de bons e maus, que apesar de tudo na Europa se vai compreendendo ser uma lateralização quase arbitrária, é na América um dogma inserido e formatado nas cabeças menos livres... Bem Orwelliano, não lhe parece? Se somos todos livres de pensar, é impressionante que se consiga impor não uma atitude mas uma forma de pensar... Mas estes teatros que se vão vendo são uma ferramenta poderosa...
ResponderEliminarGrande abraço
Jorge, é incrível, sem ter vindo aqui, comentei sobre aquele 11 de setembro no texto da amiga Monika Baumann referente à data.
ResponderEliminarMuito bem lembrado. Maravilha.
Abraços
Importante ressaltar que Chavez e Morales estão conduzindo seus países á ditaduras de extrema direita,a pergunta que fica :
ResponderEliminarSerá que Chavez e Morales serão lembrados com ternura um dia?
Olá João Assis
ResponderEliminarSerá que são mesmo de extrema direita ? Eu acho que são de extrema esquerda.
Mas também acho que todos devem ser recordados (Hitler, Salazar, Ghandi, Kennedy, Fidel, etc, etc, etc.).
Os bons para serem seguidos, os maus para serem repudiados e constituírem exemplo do que é o horror de certos sres humanos.
O mal é que a história os esquece muitas vezes. E os homens deixam que a História se repita.
Jorge,oque eu quiz dizer é que Chavez e Morales certamente serão depostos por golpes de estado e consequentemente verão instaladas ditaduras em seus Países,um abraço.
ResponderEliminarCaro Jorge Reis,
ResponderEliminarTalvez o principal inconveniente do DiHITT seja o de nos cilindrar com doses maciças de informação, que não nos permitem nem rastreá-la, nem muito menos lê-la na sua larga maioria.
Isto fez com que só agora tivesse visto este texto, com o qual me identifico na íntegra e que subscreveria se fosse esse o caso e se isso me fosse permitido fazer.
Ele chama-nos à atenção, entre outras questões, para uma coisa tão simples e linear como esta: não há «boas» tragédias. E, por outro lado, que elas devem ser lembradas sim, para que, quanto mais não seja, estejamos atentos e façamos uma reflexão séria e desapaixonada quanto às suas verdadeiras causas.
Parabéns pelo óptimo texto.
Um Abraço