Vem este artigo a propósito de um documentário que eu vi, ontem à noite, no Canal de História. Chamava-se Diamante de Sangue.
O terrifíco cenário apresentado, até porque Angola foi a terra da minha juventude, à qual me ligam sentimentos profundos, fez-me pensar que seria bom falar disso. Aqui vai:
Nas décadas de 1980 e 1990, alguns países da África ocidental e central, desintegraram-se num banho de sangue de torturas, assassinatos e guerra civil. A carnificina foi motivada pelo comércio ilegal de pedras preciosas. São os diamantes que adornam os dedos de milhões de pessoas em todo o mundo. As enormes somas de dinheiro e armas que se trocaram por diamantes contribuíram para criar duas das guerras civis mais sangrentas de África e provocaram atrozes ataques contra os direitos humanos dos civis. Por este motivo, as pedras preciosas chegaram a ser conhecidas como "os diamantes de sangue" ou "os diamantes do conflito".
Os “diamantes de sangue” alimentam conflitos, guerras civis e violações dos Direitos Humanos.
Durante estes conflitos, as receitas do tráfico de diamantes ascendem a biliões de dólares e têm sido usadas pelos senhores da guerra e pelos rebeldes para comprar armas. Estima-se que 3.7 milhões de pessoas morreram devido ao conflito causado pelos diamantes em Angola, na República Democrática do Congo (RDC), na Libéria e na Serra Leoa.
Enquanto que as guerras em Angola e na Serra Leoa terminaram e as lutas na RDC diminuíram, o problema do conflito dos diamantes ainda não acabou.
Apesar de existir um esquema internacional de certificação de diamantes, chamado Processo de Kimberley, que foi lançado em 2003, o conflito dos diamantes da Costa do Marfim encontrou um novo caminho através do Ghana para o mercado internacional dos diamantes. Como mostra o conflito na Serra Leoa, mesmo um pequeno número de diamantes pode originar uma enorme devastação num país. Entre 1991 e 2002 mais de 50.000 pessoas foram mortas, mais de 2 milhões deslocadas do país ou feitas refugiadas e milhares foram mutiladas, violadas e torturadas. Hoje, o país está a recuperar das consequências do conflito.
Na Serra Leoa e em Angola "a guerra acabou mas, apesar da riqueza dos diamantes, ouro e bauxite, titânio, etc., subsistem muitos males que a geraram: desemprego, pobreza, corrupção, mau governo, juventude sem esperança; 70% dos seis milhões de nascidos na Serra Leoa tem menos de um dólar por dia. Freetown, a capital, é um campo de refugiados que transborda pobreza selvagem" (Hala Jaber, no Sunday Times).
..."conduzida por um bando de rebeldes que um militar saído dos campos de treino na Líbia chefiou, a guerra implicou dezenas de milhares de crianças- -soldados recrutadas à força, e gerou onda de atrocidades tremenda: violações sistemáticas, mutilações (é costume na fúria dos guerreiros amputar mãos, pés e orelhas), deslocados e mortos . O esforço de manutenção da paz dirigido pela ONU fez asfaltar centenas de quilómetros de estradas e construir ou reabilitar 153 escolas e 76 hospitais; criaram escolas especiais para recuperação das crianças-soldados". Mas o desespero persiste: "O fosso entre ricos - que controlam o poder político e o negócio dos diamantes - e a grande massa do povo é cada vez maior. Mais de metade da população têm menos de 35 anos e o desemprego ronda os 80%." (Lydia Polgreen, no The New York Times)
O lançamento, em 2006, do filme “Diamante de Sangue”, de Edward Zwick, realizador de O Último Samurai e Tempo de Glória, é a oportunidade de relembrar aos governos e à indústria dos diamantes, que têm de assegurar que os diamantes proveniente de zonas de conflito não devem encontrar forma de entrar no mercado de consumo.
Com o cenário da guerra civil da Serra Leoa, o filme conta a história do encontro do mercenário Danny Archer, que contrabandeia os diamantes de sangue (usados para financiar a compra de armas para a guerra), Solomon Vandy, um pescador que é separado da família por um dos ataques do grupo rebelde (Frente Revolucionário Unido) e vai para uma mina de diamantes, onde encontra um raro e grande diamante rosa, e da jornalista idealista Maddy Bowen, que investiga sobre os diamantes de sangue e seu comércio ilegal. Tudo isso envolto numa aventura perigosa da caça ao diamante com cenas reais sobre a guerra, mostrando as decapitações de membros dos civis pelos rebeldes, as barbaridades a que são sujeitas as crianças-soldados e o alheamento do resto do mundo diante tais atrocidades.
O pequeno vídeo de apresentação do filme, dobrado em português do Brasil, por ser visto a seguir:
O terrifíco cenário apresentado, até porque Angola foi a terra da minha juventude, à qual me ligam sentimentos profundos, fez-me pensar que seria bom falar disso. Aqui vai:
Nas décadas de 1980 e 1990, alguns países da África ocidental e central, desintegraram-se num banho de sangue de torturas, assassinatos e guerra civil. A carnificina foi motivada pelo comércio ilegal de pedras preciosas. São os diamantes que adornam os dedos de milhões de pessoas em todo o mundo. As enormes somas de dinheiro e armas que se trocaram por diamantes contribuíram para criar duas das guerras civis mais sangrentas de África e provocaram atrozes ataques contra os direitos humanos dos civis. Por este motivo, as pedras preciosas chegaram a ser conhecidas como "os diamantes de sangue" ou "os diamantes do conflito".
Os “diamantes de sangue” alimentam conflitos, guerras civis e violações dos Direitos Humanos.
Durante estes conflitos, as receitas do tráfico de diamantes ascendem a biliões de dólares e têm sido usadas pelos senhores da guerra e pelos rebeldes para comprar armas. Estima-se que 3.7 milhões de pessoas morreram devido ao conflito causado pelos diamantes em Angola, na República Democrática do Congo (RDC), na Libéria e na Serra Leoa.
Enquanto que as guerras em Angola e na Serra Leoa terminaram e as lutas na RDC diminuíram, o problema do conflito dos diamantes ainda não acabou.
Apesar de existir um esquema internacional de certificação de diamantes, chamado Processo de Kimberley, que foi lançado em 2003, o conflito dos diamantes da Costa do Marfim encontrou um novo caminho através do Ghana para o mercado internacional dos diamantes. Como mostra o conflito na Serra Leoa, mesmo um pequeno número de diamantes pode originar uma enorme devastação num país. Entre 1991 e 2002 mais de 50.000 pessoas foram mortas, mais de 2 milhões deslocadas do país ou feitas refugiadas e milhares foram mutiladas, violadas e torturadas. Hoje, o país está a recuperar das consequências do conflito.
Na Serra Leoa e em Angola "a guerra acabou mas, apesar da riqueza dos diamantes, ouro e bauxite, titânio, etc., subsistem muitos males que a geraram: desemprego, pobreza, corrupção, mau governo, juventude sem esperança; 70% dos seis milhões de nascidos na Serra Leoa tem menos de um dólar por dia. Freetown, a capital, é um campo de refugiados que transborda pobreza selvagem" (Hala Jaber, no Sunday Times).
..."conduzida por um bando de rebeldes que um militar saído dos campos de treino na Líbia chefiou, a guerra implicou dezenas de milhares de crianças- -soldados recrutadas à força, e gerou onda de atrocidades tremenda: violações sistemáticas, mutilações (é costume na fúria dos guerreiros amputar mãos, pés e orelhas), deslocados e mortos . O esforço de manutenção da paz dirigido pela ONU fez asfaltar centenas de quilómetros de estradas e construir ou reabilitar 153 escolas e 76 hospitais; criaram escolas especiais para recuperação das crianças-soldados". Mas o desespero persiste: "O fosso entre ricos - que controlam o poder político e o negócio dos diamantes - e a grande massa do povo é cada vez maior. Mais de metade da população têm menos de 35 anos e o desemprego ronda os 80%." (Lydia Polgreen, no The New York Times)
O lançamento, em 2006, do filme “Diamante de Sangue”, de Edward Zwick, realizador de O Último Samurai e Tempo de Glória, é a oportunidade de relembrar aos governos e à indústria dos diamantes, que têm de assegurar que os diamantes proveniente de zonas de conflito não devem encontrar forma de entrar no mercado de consumo.
Com o cenário da guerra civil da Serra Leoa, o filme conta a história do encontro do mercenário Danny Archer, que contrabandeia os diamantes de sangue (usados para financiar a compra de armas para a guerra), Solomon Vandy, um pescador que é separado da família por um dos ataques do grupo rebelde (Frente Revolucionário Unido) e vai para uma mina de diamantes, onde encontra um raro e grande diamante rosa, e da jornalista idealista Maddy Bowen, que investiga sobre os diamantes de sangue e seu comércio ilegal. Tudo isso envolto numa aventura perigosa da caça ao diamante com cenas reais sobre a guerra, mostrando as decapitações de membros dos civis pelos rebeldes, as barbaridades a que são sujeitas as crianças-soldados e o alheamento do resto do mundo diante tais atrocidades.
O pequeno vídeo de apresentação do filme, dobrado em português do Brasil, por ser visto a seguir:
Assisti ao filme, e é aterrador, não sei como suportam tamanha atrocidade.
ResponderEliminarCada vez que alguém compra um diamante, está a contribuir para isso. Já pensou Lu ?
ResponderEliminarO que revolta, sobretudo, é o facto de, nesses países, não haver o mínimo de respeito pelos direitos humanos. Os senhores fazem as guerras, estropiam e matam os seus povos, mantêm-nos em condições infra-humanas. Não têm de dar contas a ninguém e ninguém lhes pede contas do que fazem.
ResponderEliminarComo dizia uma poetisa portuguesa: "perdoa-lhes, Senhor, que eles sabem bem o que fazem".
Um abraço,
Milouska
Jorge,
ResponderEliminarDiamantes que estão nas mãos de tanta gente rica no ocidente...e em que o dinheiro deles ficou também nas contas bancarias dos políticos e militares Africanos.
A população Africana,o seu povo,é o mais sacrificado do mundo,em que os culpados são os seus governantes,que de nada fazem para melhorar os seus países...pelo contrario,dá a impressão que assim desejam a continuação do seu poder privilegiado.
Abraço amigo,
joao
Caro Jorge, é estarrecedora essa história. Como outras, por exemplo, as grandes marcas de roupa que usam trabalho-escravo nos países do Oriente.
ResponderEliminarMas um signo da posmodernidade. Este é o custo para sustentar o consumo.
Eu já assisti ao filme, o documnetário eu só vi chamadas e perdi a exibição. Não tem muito tempo que postei também sobre isso, "10 razões para não querer e nem comprar diamantes" (http://entretantasbesteiras.blogspot.com/2008/09/10-razes-para-no-querer-e-nem-comprar.html)
ResponderEliminarParabéns pelo post, abraços, Juliana
Eu vi o filmee digo-lhe que vale a pena ver. depois valia a pena, fazer-mos alguma coisa. Mas não fazemos.
ResponderEliminar:-)
Diz a Milouska - "Não têm de dar contas a ninguém e ninguém lhes pede contas do que fazem."
ResponderEliminarMuitas vezes eu penso para que serve por exemplo o Tribunal dos Direitos Humanso ou a Amnistia internacional e outras coisas que tais...Para quê?
Congressos? Jantaradas? Poleiros e outras...
Ate quando ?
ResponderEliminarEternamente eu digo, mesmo que houvesse igualdade social, teriamos sempre guerras, e isso tudo pelo poder de quem tiver mais dinheiro, pelo olho grande dos seres humanos,
Posso dizer que estou no mercado de diamantes em pt e TODOS os diamantes que comercializo estao cerificados pelo processo kimberley.
ResponderEliminarAcho inacreditavel que pessoas cultas como voces ainda acreditam no que um filme, que não é mais que um blockbuster americano, vos transmite.
Se calhar ainda nao repararam mas as roupas que trazem vestidas sao feitas na Asia por miudos de 8 ou 10 anos...ja agora, alguem qual é o processo do cultivo da banana no Ecuador?? informem-se então