Quinta-feira passada. Feriado. Resolvi levantar-me cedo.
Fiz 5 km de agricultura. Fiz buracos no relvado, retirei ramos secos debaixo das árvores, arranhei-me, subi montes, quase caí no lago.
Não !!! Não andei a jardinar, foi simplesmente uma partida de golfe.
Perdi por uma tacada.
Pelo menos não fumei durante a manhã.
Almoço? Uma cataplana de tamboril com marisco no Mister Alvor, bem regada com um Alvarinho delicioso.
Deu-me uma soneira terrível mas resisti.
Fui quase até Monchique (descansem que a alcoolémia estava dentro dos limites legais).
Dei comigo de nariz no ar a olhar para as chaminés das casas à beira estrada.
Tantas vezes a passar por ali e nunca lhes tinha ligado muito, nem olhado para elas em pormenor.
Vemos tantas por aqui, todos os dias...
A máquina fotográfica até estava no carro.
Tirei 23 fotos a outros tantos desses pequenos artefactos da arquitectura tradicional algarvia.
O bichinho ficou e acho que ainda vou fotografar mais e talvez fazer um fotoblogue temático da chaminé algarvia. Se tiver tempo e paciência ...
As chaminés da vaidade
Cilíndricas ou prismáticas, quadradas ou rectangulares, simples ou elaboradas, as chaminés algarvias são um símbolo da região e uma prova da influência de cinco séculos de ocupação árabe. Um legado arquitectónico e ornamental presente em grande parte das cidades e vilas do sul de Portugal e visível nas ruas estreitas, na estrutura das casas e no ar de minaretes das chaminés que adornam os telhados.
E no Algarve não havia duas chaminés iguais, porque os mais ou menos elaborados motivos decorativos dependiam sempre dos dias de construção, do prestígio, da vaidade e das posses do proprietário. Aliás, era costume entre os mestres pedreiros perguntar quantos dias queriam de chaminé para avaliar o valor da chaminé a construir, que se traduzia no tempo que a mesma demorava a erigir. Quanto mais delicada e difícil era a sua elaboração, mais dispendiosa se tornava. A cor predominante era o branco da cal, mas honrosas excepções mostram ainda hoje alguns motivos coloridos, sobretudo em tons ocres e azuis.
Esta é uma das principais razões por que as chaminés algarvias ostentam as mais variadas formas, desde as simples ranhuras, aos complicados e belos rendilhados, ou à representação em miniatura de torres de relógio ou de casas. Mas sempre um símbolo visível da arte popular, uma prova de perícia para cada pedreiro e um motivo de orgulho para qualquer proprietário.
Mais do que pura utilidade, as chaminés algarvias desempenhavam um papel ornamental, sendo prova disso a presença de duas chaminés nas casas de campo, numa região em que as condições climatéricas pouco o justificam. A chaminé de uso e também a mais simples e mais funcional ficava situada na casa do forno, onde era costume fazer as refeições, enquanto a chaminé rendilhada, mais pequena e personificada, ocupava um lugar de destaque na cozinha da própria casa, compartimento apenas utilizado para receber visitas ou organizar festas.
Em termos práticos, a chaminé era considerada um sinal de presença de pessoas nas casas, um bom indício do estado do tempo e o local onde era marcada a data de construção da casa.
O interior do Algarve, especialmente Querença, Martinlongo e Monchique são os locais onde melhor se podem contemplar estas seculares chaminés algarvias, uma arte de formas geométricas e rendilhados diversos, rematada a cal, que simboliza o prestígio e a vaidade dos proprietários.
(Fonte: VisitAlgarve - Portal da Região de Turismo do Algarve)
Obrigada pelo aplauso Jorge. Gosto de o ter lá pela minha moon.
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