"O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior prometeu ontem denunciar ao Ministério Público "todos os casos" de praxes envolvendo humilhações ou situações de violência que cheguem ao seu conhecimento, quer as denúncias tenham partido "das vítimas, das instituições ou dos órgãos de comunicação social". Mariano Gago avisou ainda que, entre os factos que serão encaminhados para a Justiça, incluem-se "os crimes de omissão" cometidos pelas universidades e politécnicos que não actuem quando tiverem conhecimento dos casos." (Fonte: Diário de Notícias)
Estudei em Coimbra nos anos 60 e aí me formei. Fui caloiro e fui sujeito à praxe. Mais tarde praxei alguns novos caloiros. Mas violência, como a que vemos agora, não havia.
Havia sentido de humor, classe, educação, respeito.
Lembro-me de um Colega, que agora é cirurgião distinto, que era "o terror" dos caloiros. Curiosamente, a maior parte das vezes, limitava-se a conversar. E o facto é que uma sessão de praxe com ele era um espectáculo bem divertido para quem assistia. E nunca ouvi queixas de nenhum desses caloiros com quem ele conversava, até porque no fim, quase todos se limitavam a rir da figura mais ou menos ridícula que tinham acabado de fazer.
Nunca, na Coimbra desse tempo, as novas caloiras eram praxadas em público e muito menos por rapazes. Tinham as suas regras nos lares e colégios, onde só viviam estudantes do sexo feminino. Nós homens tínhamos por elas o maior respeito e consideração.
Depois, com a crise académica de 69, a praxe praticamente morreu.
Agora, há uns anos, ressurge em modos absolutamente inacreditáveis. Sem classe, sem critérios de respeito pela pessoa humana.
Importaram-se modelos de não sei onde. Modelos fáceis, que nem sequer solicitam a mínima imaginação dos mais velhos. A violência simples, estúpida e gratuita é posta em prática da maneira mais vil, sem respeito pelo semelhante.
Isto não dignifica em nada os actuais universitários.
É absolutamente lamentável.
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