Tudo começou por culpa da Monika e de uma bola de snooker, preta e com o número oito.
A tarefa não foi fácil mas acho que, modéstia à parte, me saí razoavelmente.
O mais difícil, confesso, foi "passar a bola".
A quem ?
Eu não estava habitado a estas coisas, nunca me tinha visto nessas andanças.
Em toda a minha vida, talvez por feitio próprio, mas muito pela educação recebida, sempre procurei não ofender ninguém, não causar perdas de tempo às pessoas, não ser... "o chato". Mas nada poderia fazer porque, entre a espada e a parede, que é como quem diz, entre a Monika e o resto do mundo, eu tinha que optar. Joguei quase no escuro, escolhi aqueles que mais me diziam, pela qualidade dos seus escritos, pela sintonia de opções várias vezes expressa neles, pela frequência de contactos.
Dentro do lote de escolhidos para a minha maldade, estava, é bem de ver, a Letícia Castro do Babel.com, um dos blogs que leio quase diariamente, sempre com muito agrado e atenção.
Mal sabia eu o que estava para acontecer.
A resposta veio célere e a primeira reacção que em mim provocou foi ir comprar um livro. Porquê ? Primeiro porque sou um leitor compulsivo, depois porque o tinha visto na estante de novidades da FNAC, e estive mesmo para o adquirir. Ainda não sei porque o não fiz nesse dia. Mas gosto de estar informado e ... vou preparar-me para a luta ... para quando a Letícia vier a Portugal. Porque sei que agora, depois de ter escrito o que escreveu, a Letícia não tem como recuar ... Está-lhe no sangue espanhol.
Sangue espanhol !!! Imagem de dureza, dominador, mas não ruim... no fundo doce como uma zarzuela, firme como um toureiro.
Hernando Cortez foi uma aberração, estou hoje certo disso. Pobres aztecas, ingénuo Montezuma ...
Também eu julgava que os espanhóis eram intrinsecamente ruins, colonizadores e dominadores. Que, como aprendi na escola primária, nós estivemos 60 anos "sob o jugo espanhol", como me diziam. Até que um dia, ao visitar Valleta - Malta, me apercebi que, afinal, os brasões de armas espanhol e português estavam esculpidos, lado a lado, na fachada principal do Quartel General dos Cavaleiros Peninsulares, um edifício da época filipina.
A minha posição sobre o colonialismo português, em especial o do Brasil, é conhecida, até porque já a expressei publicamente em vários locais, no diHITT inclusive. Mas, como já disse no tal post da Bola 8, nunca virei as costas a uma boa briga...
Mas sempre vos adianto desde já que, nas minhas viagens ao Brasil, nunca me apercebi de nenhuma reacção negativa ao facto de eu ser português. Antes pelo contrário. Sempre me trataram muitíssimo bem, com muito carinho e consideração. Acreditem que sempre me senti como se estivesse em minha casa, no meu próprio país.
Mas deixemos isso para uma conversa frente a frente, numa esplanada do Chiado, em Lisboa, com duas chávenas de bom café brasileiro e, talvez, na companhia do espírito de Fernando Pessoa. E depois de eu ler o 1808 !!!...
Letícia, minha Amiga, o poeta português António Gedeão, escreveu:
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
A Letícia virá, mais tarde ou mais cedo, concretizar esse seu sonho. E fique certa de que vai encontrar alguém no aeroporto á sua espera. E eu não vou lá estar sozinho, seguramente.
Sabe outra coisa que os espanhóis tb tem, além do "sangue ruim"? hehehe Eles choram como manteiga derretida e aí o coração arde e a paixão, uma das melhores qualidades desse povo, aflora.
ResponderEliminarO enxergar a zarzuela, além do espírito dominador é próprio da ternura lusitana que dobra o dorso e rende o "inimigo". O brasileiro por sorte herdou essa ternura.
Sim, com prazer, tomaremos essa "chávena", acompanhados de Pessoa. Chame também Florbela, somos velhas amigas. Eu levo Drummond, Quintana, o café e o 1808. E não fujo da luta com prazer, pode ser? rs
Bom, então tá marcado. Avisa o pessoal aí que qualquer dia desses, estou chegando!
Beijos, amigo! Enfeitaste o meu dia. Obrigada.
Letícia.
Oi Jorge, tudo bem?
ResponderEliminarSabe quem lhe escreve? Silvia, a mãe dessa figurinha ai de cima chamada Letícia. Que maravilha esse tipo de "amizade" que se criou, agora, entre Brasil e Portugal na sua figura e na da minha filha. Amei seus dois blogs, o outro, as fotos são belíssimas. Parabéns, ganhou mais uma frequentadora assídua.
fique com Deus,
beijo carinhoso
Silvia
Oi, querido amigo!
ResponderEliminarEntendi perfeitamente, é bem por isso que quando mando uma brincadeira, deixo a mensagem de que sintam-se à vontade os indicados a participar ou não. Sei que muita gente não gosta, mas não dá pra adivinhar quem são. De forma alguma me aborreço com os que não participam, daí o "livre arbitrio". Quero que saiba que embora nos conheçamos a pouco tempo, tenho muita estima por ti. Porque? Não sei explicar... coisa de destino talvez.
Pra terminar quero te dizer hoje com muita sinceridade: "tu tens sido um bom amigo, como à muito não tenho".
Bjuuu com carinho.
Letícia
ResponderEliminarPromessas são para cumprir eheh... Não sei quem é a Florbela. Dê-me o contacto dela para eu lhe falar. Ou então dê-lhe o meu e ela que me contacte.
Desde que não seja na última semana deste mês e nas duas primeiras de Agosto (estarei de férias na Tunísia) podem vir a qualquer altura. Cá vos esperamos.
Para programação da estadia, se eu puder ajudar... estou ao dispor.
Bjs
Sílvia
Os meus parabéns pela excelente "figurinha" que criou. Só pode estar muito orgulhosa dela.
Obrigado pelos comentários aos meus blog.
Beijinho
Monika
Também não sei porquê, mas tu também entraste no meu coração.
Quando nasce o baby ? menina ou menino ?
Bjs
Ah meu amigo, que satisfação então eu tenho de te revelar que a Florbela a quem me refiro é Florbela Espanca (agora vc deve saber), tua conterrânea. É a poetisa que escreveu o poema que eu gostaria de ter tatuado na pele e que foi transformado em música, lindamente na minha opinião, por Fagner (vc o conhece? baixe a música, vai gostar, eu acho). O poema (e a música tb) é esse aqui:
ResponderEliminarFanatismo
'Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”'
Além desse, o segundo favorito é Volúpia, vale a pena lê-lo tb.
Pra saber sobre a sua conturbada vida:
http://www.prahoje.com.br/florbela/?page_id=59
E depois que tiver lido alguns poemas, ouça-os aqui, na voz de Miguel Falabella (vc o conhece?).
http://www.prahoje.com.br/florbela/?p=247
A Florbela é para ser sorvida aos poucos, pois tb há um pouco de amargura nela. Mas, como vc é sensível e consegue ir além da superfície, vai saber extrair de seus poemas toda a sensualidade e paixão de uma mulher ousada que revolucionou a poesia no início do século XX, justamente por ter coragem de dizer o que nenhuma outra tinha dito antes.
Depois vc me diz se gostou, tá bom?
Beijo!
Letícia.
PS: Ah a viagem vai demorar ainda, não se preocupe. Vc viu que já está se formando uma caravana lá no diHITT, né? rs
Que venham muitos Amigos. Seria muito bom depois nos Portugueses retribuirmos a visita.
ResponderEliminarFlorbela e Miguel Falabella estão no post de hoje. Espero que goste, eu adorei.
Bj