quarta-feira, 20 de maio de 2009

Bipolaridade democrática


"Concorrer a uma eleição não é a mesma coisa que responder a anúncios de jornal para se tentar obter o melhor lugar. Não é democraticamente aceitável que alguém se candidate a diversas eleições ao mesmo tempo." (Rui Rio, Diário de Notícias, 20-05-2009)

Tenho que concordar com o Presidente da Câmara do Porto. Mas eu diria mais. Concorrer a diversas eleições ao mesmo tempo é subverter o espírito que deve presidir ao ideal de serviço público e querer enganar o Zé Povinho.

Senão vejamos, por exemplo (sem citar nomes porque até há mais do que uma pessoa nestas condições):

A senhora que concorreu ao Parlamento Europeu é eleita. Isto significa que obteve a confiança dos que nela votaram especificamente para o cargo a que ela decidiu candidatar-se e, implicitamente, disse aos portugueses que se propunha cumprir.

Tempos depois, a mesma senhora, que foi eleita para o Parlamento Europeu pelos portugueses, e que está a cumprir o seu mandato, resolve concorrer a Presidente de uma qualquer Câmara Municipal e ganha as eleições.

Abandona o cargo que lhe foi entregue pelos portugueses, sem cumprir o mandato, faz as malas e volta para casa.

Isto faz-me lembra aquele senhor que, de repente, foi para Bruxelas (porque o tacho era mais bem pago e de maior prestígio internacional) e se esteve nas tintas para o País.

É despudor ? Desprezo pelos seus eleitores ? Desrespeito por todos nós, portugueses.

Se isto já é mau, anunciar de uma assentada que se vai candidatar as duas eleições seguidas para cargos diferentes e, digo eu, depois escolhe o que que mais lhe agradar, é muitíssimo pior. É no mínimo falta de ética e de moral. É falta de vergonha. É fazer dos eleitores parvos. É gozar com o pagode que a sustenta e que, com os seus impostos, lhe paga o ordenado.

E viva Portugal !!!!

3 comentários:

  1. QUERIDO JORGE, BELO TEXTO AMIGO!!!
    ABRAÇOS DE CARINHO,
    FERNANDINHA

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  2. A possibilidade de alguém se candidatar a dois cargos diferentes em actos eleitorais quase consecutivos gera situações de conflito extremamente complicadas.

    Mas, por norma, quem se candidata ao Parlamento Europeu num lugar elegível e é cabeça-de-lista a uma Câmara Municipal fá-lo por um motivo: o partido em questão sabe que não vai ganhar aquela Câmara e prefere não queimar nomes fortes, pelo que opta por alguém que já tem o seu tacho garantido. Sim, porque é possível abdicar de um lugar de eurodeputado para presidir a uma grande Câmara, mas ninguém larga um lugar no Parlamento Europeu para ser vereador sem pelouro (ou seja, da oposição) numa qualquer edilidade.

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