terça-feira, 9 de junho de 2009

Blogagem Colectiva - Aldeia da minha vida - Ouguela


Sempre fui um "menino da cidade".
Não tenho nenhuma Aldeia da Minha Vida.

Quando tinha 12 anos e vim com meus pais de férias a Portugal (eu vivia então em Angola) e meu Pai perguntou-me:
- Então que queres conhecer ?
Respondi:
- Monumentos !
E passámos as férias, praticamente todas, a percorrer o país.

O património histórico cultural português foi, desde sempre, um dos meus grandes interesses. Daí o facto de ter aderido a esta Blogagem Colectiva. Parabéns, Susana, pela iniciativa.

Aqui segue a minha modesta colaboração:


Ouguela

Ouguela é uma povoação da freguesia de São João Baptista, no concelho de Campo Maior, a 10 km da sede de concelho. Conta com cerca de 60 habitantes. Situada num monte escarpado, a 270 m de altitude, conserva intramuros casas dos sécs. XVII e XVIII.



Esta simpática aldeia fronteiriça, tendo um grande peso na História de Portugal está hoje em completo abandono, degradando-se dia a dia. É pena, pois o seu castelo é de uma beleza extrema e será uma grande perda o seu desmoronamento.

Sofre da desertificação, característica das zonas do interior do país, restando em condomínio dentro do castelo quatro ou cinco casais idosos, aqueles que ainda vão sobrevivendo à custa dos produtos que a terra lhes oferece.



No reinado de D. Dinis, a vila de Ouguela foi tornada portuguesa, pelo Tratado de Alcanizes. Depois do acordo com o rei de Castela, mandou-se reedificar o castelo.

Teve foral dado por D. Dinis a 5 de Janeiro de 1298, renovado por D. Manuel em 1 de Junho de 1512, retendo até à reforma administrativa de 1836 o estatuto de vila sede de concelho independente, altura em que foi integrada no vizinho concelho de Campo Maior. Entretanto, dado o seu declínio, cerca de um século depois, em 1941, foi anexada, como mero lugar, à freguesia de São João Baptista.



O seu castelo foi uma das praças-fortes que defendia periodicamente o Alto Alentejo das invasões castelhanas. Foi mandado edificar à roda de 1300, e cercado durante a crise de 1383-85, a Guerra da Restauração (1642 e 1662, tendo desta feita sido ocupado), a Guerra da Sucessão de Espanha (1709) e a Guerra das Laranjas (1801, ano em que foi de novo ocupado).

Dentro da muralha, a maioria das casas foram antigos quartéis ou habitações das famílias dos militares. A muralha do castelo apresenta um sistema de baluartes, adaptado às técnicas novas de pirobalística que foram surgindo. A muralha antiga tem revelins, parapeitos, cortinas e avançados ângulos.



No ano de 1475, Ouguela foi atacada pelos castelhanos.
O ataque terminou num duelo entre João da Silva, camareiro-mor do príncipe D.João II e alcaide de Ouguela e João Fernandes Galindo, alcaide-mor de Albuquerque, vizinha em Espanha.
Em resultado da luta ambos morreram, João Fernandes Galindo logo, e João da Silva aos vinte e oito dias depois, sem que houvesse mais derrame de sangue de ambas as partes.

Outra lenda conta que, estando Ouguela cercada durante uma guerra, não se sabe qual, e não havendo possibilidade de contactar Campo Maior para pedir reforços, uma criança desceu pela figueira que se encontra ainda hoje pegada á muralha do castelo, transportando consigo a Bandeira e uma mensagem escrita. A criança que costumava brincar com um tamborzinho, conseguiu ultrapassar as linhas inimigas sem levantar suspeitas e correu até Campo Maior onde entregou a mensagem no hospital.
Esta lenda é hoje conhecida pela lenda do Tamborzinho e julga-se ter tido origem num facto real.



O castelo de Ouguela apresenta-se como um miradouro de eleição com uma paisagem a perder de vista.





Dada a existência de poucos recursos, Ouguela torna-se assim um lugar isolado face à relativa proximidade da vila de Campo Maior. Este isolamento/esquecimento por parte das entidades competentes é notório no estado de conservação deste belo exemplar arquitectónico de forma hexagonal irregular, com muralhas de xisto e granito, que, mesmo assim, vale a pena visitar. (Fonte: Wikipédia)


24 comentários:

  1. Jorge,

    não é verdade que seja uma "modesta" participação! Gostei de conhecer sua ALDEIA por opção!

    Forte abraço.

    Andas muito sumido!

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  2. Eduardo
    Realmente tem razão. Tenho andado sumido mais por uma questão de saturação do que por trabalho.
    Por outro lado, o sol e as temperaturas amenas do Algarve chamam mais para o rua e para a praia do que para os computadores.
    Mas vou voltar.
    Obrigado pela visita e pelo comentário.
    Abraço
    Jorge

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  3. Jorge,
    É verdade que escolhemos a mesma aldeia, coincidência notável para uma povoação que, parece-me, é pouco conhecida. No meu caso, porque vivo em Campo Maior, a escolha foi mais ou menos óbvia.
    No entanto, a abordagem que fizemos é bastante diferente. E ainda bem para Ouguela.
    Cumprimentos
    Júlia

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  4. Júlia
    Realmente também acho que as nossas abordagens se complementam e completam o olhar sobre essa terra meio perdida e que merece que outros olhares se fixem nela.
    Eu estive aí a passar um fim de semana magnífico.
    Tenho "costela" alentejana o que me prende definitivamente ao Alentejo.

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  5. Ora ai está a beleza das blogagens! A possibilidade de encontrarmos outros pontos de vista diferentes sobre o mesmo tema, que acabam por se complementar! É isso mesmo, Júlia.

    Parabéns aos dois!

    Jorge: Obrigada por acreditares, desde o início neste projecto, que ameu ver está muito interessante.

    A votação começa amanhã, dia 10 e acaba dia 28 de Junho.

    Vamos ter bastente tempo para ler e reler todos os textos, para depois escolheremos o melhor, não é verdade?

    Bjs Susana

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  6. Ena!!! bela participação :)
    empenhou-se no trabalho histórico e merece nota 21 :)
    e foi bom conhecer mais uma aldeia de Portugal e essa por sinal bem histórica. Pena estar tão em ruínas... mas é assim por todo o Portugal... muito pouco empenhamento da Cultura portuguesa. Só quando há derrocadas vão a correr reconstruir...enfim!
    E fica rodeada de uma paisagem muito bonita. Gostei. Parabéns Jorge! Valeu a pena participar :)
    Beijinho

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  7. Ouguela e Noudar, junto ao rio Xévora, são lugares absolutamente míticos e imperdíveis. Aprendi aqui muito. Dois alcaides que lutam entre si e resolvem a guerra. A lenda do Tamborzinho, muito semelhante à lenda do Menino Jesus da Cartolinha, em Miranda do Douro. Muito interessante. Parabéns e excelente escolha.

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  8. Muito boa a sua blogagem, e muito bem documentada.
    Parabéns. A minha está muito pobrezinha, socorri-me da memória e do que me contaram quando lá estive. Falaram-me também de uma lenda de bruxas ligada ao Castelo, mas já não consigo recordar bem.
    Agora fiquei com muita vontade de conhecer Ouguela, aldeia de que nunca tinha ouvido sequer o nome.
    Um abraço, boa sorte, e muito obrigada pela visita.

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  9. Imagens muito bonitas e texto a condizer!

    Esta participação para mim, está a valer, pelas aldeias que vou encontrando e anotando no bloco das próximas viagens!

    Parabéns!

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  10. Viva, Jorge!

    Bela, sucinta e esclarecedora monografia de Ouguela.

    Assim, vamos conhecendo mais um pouco deste país, tão pequeno, mas tão difícil de conhecer, pela diversidade e beleza.

    Abraço

    Ruben

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  11. Jorge,

    Muito obrigada pelo seu comentário!
    A sua participação não tem nada de modesta. Bem pelo contrário, está magnífica. Belo texto e belíssimas imagens.
    Escolheu, também, uma "terra" em vias de extinção!!! Quantas mais existem por aí sem que se saiba? Esta é a triste realidade de um país mal amado!
    Beijo e parabéns!

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  12. Amiga Jorge
    Tem aqui um belo blog que como sabe sigo a uns meses.
    É bom sabermos que estamos colectivamente a participar na blogagem colectiva “A Aldeia da Minha Vida” e assim a contribuir para a divulgação do nosso País.
    Parabéns pelo seu texto de Ougela, que é um local notável e espero em breve visita-lo. É pena estar tão degradado. Talvez o seu post contribua para o seu arranjo.
    Um abração
    Castela (Portugal Notável)

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  13. Muito boa a sua noticia.
    Há coisas bonitas que desconhecemos e estas blogagens servem para lembrar o muito que por ai anda esquecido.
    Está muito bem documentada fotográficamente.

    Parabéns

    Abraços

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  14. Uma excelente postagem!
    Não ser fácil escolher...
    :)

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  15. lindas fotos...senti como se estivesse lá...seu País e tão lindo quanto o meu Brasil e uma pena que nossos povos não conservam a historia magnífica que temos...fuiiiiiiiiiiiii

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  16. Está interessantíssima esta publicação.
    Espero que ganhe!
    Beijinhos

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  17. Uma aldeia um pouco semelhante à minha. É de facto triste ver uma aldeia com tanta História a degradar-se a pouco e pouco, sem que alguém faça algo, e se procupe em não deixar morrer o passado de vestígios históricos que temos, um pouco, por todo o país espalhados.
    A diferença entre nossas aldeias, é que a minha aos poucos vai sendo restaurada, e por haver quem ainda nela acredita, até investe nela, tentando a si chamar o turismo.
    Pena que os diririgentes das autarquias não aprendam uns com os outros...
    Ao menos valem-nos estes blogs, para que não caiam no esquecimento...
    Uma vida feliz!

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  18. Jorge, pelas notificações que recebi, creio que muitos foram lhe visitar naquela outra postagem e ganhou votos. Estou na torcida. Depois me conta, ok?!
    Beijos

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  19. VOTO NO POST DO JORGE C. REIS
    Bjoks direto do Amazonas!!!
    Malu Chaves
    http://saboreiosbonsmomentos.blogspot.com/

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  20. VOTO NO POST DO JORGE C. REIS
    Marcio Ferreira
    http://bypoesia.blogspot.com/
    Bom se for isso está valendo por fim das duvidas votei nos dois posts... ;-)

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  21. Este comentário foi removido pelo autor.

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  22. Voto no post do Jorge C. Reis.
    Abraços, Karina K do blog www.olhaqueuachei.com.br

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  23. Quero agradecer ao Sr Jorge por difundir a minha bela,linda e tranquila aldeia.
    Aqui podemos encontrar o descanço e a paz que tantas vezes nos faz falta, não deixem se tiverem oportunidade de visitar.
    OBRIGADO SR JORGE REIS
    LUIS TEIXEIRA

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  24. Excelente trabalho!
    Obrigado.
    Aprecio Campo Maior e as suas Festas do Povo.
    A amizade é o maior triunfo da vida.
    Com amizade.
    JDACT

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