Cacilheiros são os barcos do rio Tejo, que fazem a ligação fluvial entre Lisboa e Cacilhas (na margem sul), transportando pessoas e viaturas.
domingo, 30 de novembro de 2008
Silêncio ! Vai-se cantar o fado (Zé Cacilheiro)
Cacilheiros são os barcos do rio Tejo, que fazem a ligação fluvial entre Lisboa e Cacilhas (na margem sul), transportando pessoas e viaturas.
sábado, 29 de novembro de 2008
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Augusto Gil - Um poeta popular
Já há tempos publiquei neste blogue um pequeno poema de Augusto Gil, intitulado "A Pérfida Cloé".
Não poderia deixar de voltar a referir-me ao poeta no dia do 79º aniversário do seu falecimento.
Augusto César Ferreira Gil, nasceu em Lordelo do Ouro a 31 de Julho de 1873 e faleceu na cidade da Guarda onde viveu desde os três anos, em 26 de Novembro de 1929.
Estudou direito na Universidade de Coimbra onde privou de perto com um grupo de insignes oradores e poetas como Alexandre Braga, Fausto Guedes, Teixeira de Pascoais no tempo em que prevalecia a poesia lírica de João de Deus, que o inspirou.
Influenciado por Guerra Junqueiro, João de Deus e pelo lirismo de António Nobre, a sua poesia insere-se numa perspectiva neo-romântica nacionalista.
Obras poéticas: Musa Cérula (1894), Versos (1898), Luar de Janeiro (1909), O Canto da Cigarra (1910), Sombra de Fumo (1915), O Craveiro da Janela (1920), Avena Rústica (1927) e Rosas desta Manhã (1930). Crónicas: Gente de Palmo e Meio (1913).
A sua vasta obra é composta por uma poesia simples que de imediato foi adaptada pelo povo que ainda hoje o canta em variadíssimos fados.
De várias obras dispersas, destacam-se as publicações em livro:
"Alba Plena" : onde pretende relatar a vida da mãe de Jesus sendo os últimos dois versos deste poema o seu epitáfio no cemitério da Guarda: "... e a pendida fronte ainda mais pendeu/e a sonhar com Deus, com Deus adormeceu".
"A Canção da Cigarra" : (sátira às mulheres) o seu ego ferido por um amor que temporariamente se afasta (e com quem veio casar mais tarde) traz à tona a sua veia satírica das mulheres e da sociedade daquela época. De toda esta obra destaca-se sem dúvida alguma a série de quadras que compõem a “Canção das Perdidas” verdadeira obra prima, cujas trovas de tal modo adaptadas pelo povo acabaram por perder toda a noção de autoria.
"Luar de Janeiro" : onde se destaca A Balada da Neve e O Passeio de Santo António (Fonte: Laura Poesias)
A Balada da Neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho.
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.
Estudou direito na Universidade de Coimbra onde privou de perto com um grupo de insignes oradores e poetas como Alexandre Braga, Fausto Guedes, Teixeira de Pascoais no tempo em que prevalecia a poesia lírica de João de Deus, que o inspirou.
Influenciado por Guerra Junqueiro, João de Deus e pelo lirismo de António Nobre, a sua poesia insere-se numa perspectiva neo-romântica nacionalista.
Obras poéticas: Musa Cérula (1894), Versos (1898), Luar de Janeiro (1909), O Canto da Cigarra (1910), Sombra de Fumo (1915), O Craveiro da Janela (1920), Avena Rústica (1927) e Rosas desta Manhã (1930). Crónicas: Gente de Palmo e Meio (1913).
A sua vasta obra é composta por uma poesia simples que de imediato foi adaptada pelo povo que ainda hoje o canta em variadíssimos fados.
De várias obras dispersas, destacam-se as publicações em livro:
"Alba Plena" : onde pretende relatar a vida da mãe de Jesus sendo os últimos dois versos deste poema o seu epitáfio no cemitério da Guarda: "... e a pendida fronte ainda mais pendeu/e a sonhar com Deus, com Deus adormeceu".
"A Canção da Cigarra" : (sátira às mulheres) o seu ego ferido por um amor que temporariamente se afasta (e com quem veio casar mais tarde) traz à tona a sua veia satírica das mulheres e da sociedade daquela época. De toda esta obra destaca-se sem dúvida alguma a série de quadras que compõem a “Canção das Perdidas” verdadeira obra prima, cujas trovas de tal modo adaptadas pelo povo acabaram por perder toda a noção de autoria.
"Luar de Janeiro" : onde se destaca A Balada da Neve e O Passeio de Santo António (Fonte: Laura Poesias)
A Balada da Neve
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho.
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.
O Passeio de Santo António (Fado)
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Eça de Queirós
Este governo não cairá porque não é um edifício, sairá com benzina porque é uma nódoa.
(in "O Conde de Abranhos" - Eça de Queirós)
José Maria de Eça de Queirós é por muitos considerado o melhor escritor realista português do século XIX.
Eça de Queirós nasceu, em 25 de Novembro de 1845, na Póvoa do Varzim.
Eça de Queirós foi batizado como "filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queiroz e de mãe incógnita".
Este misterioso assento dever-se-á ao facto de a mãe do escritor, Carolina Augusta Pereira de Eça, não ter obtido consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça, para poder casar.
De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se opunha, casaram os pais de Eça de Queirós, já o menino tinha quase quatro anos. Por via destas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna que em 1855 morreu.
Nesta altura foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra onde estudou direito.
Além do escritor, o casal teria mais seis filhos.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Lisboa, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Seus primeiros trabalhos, publicados como um folhetão na revista "Gazeta de Portugal", apareceram como colecção, publicada depois da sua morte sob o título Prosas Bárbaras.
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós viajou ao Egipto e visitou o canal do Suez que estava a ser construído, que o inspirou em diversos dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o "O Mistério da Estrada de Sintra", em 1870, e "A Relíquia", publicado em 1887. Em 1871 foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Quando foi despachado mais tarde para Leiria para trabalhar como um administrador municipal, escreveu sua primeira novela realista da vida portuguesa, "O Crime do Padre Amaro", que apareceu em 1875.
Aparentemente, Eça de Queirós passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e em Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, "A Capital", escrito numa prosa hábil, plena de realismo. As suas obras mais conhecidas, "Os Maias" e "O Mandarim", foram escritas em Bristol e Paris respectivamente.
Seu último livro foi "A Ilustre Casa de Ramires", sobre um fidalgo do séc XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara ambientada no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Morreu em 1900 em Paris. Está sepultado em Santa Cruz do Douro. (Fonte: Wikipédia)
Eça de Queirós nasceu, em 25 de Novembro de 1845, na Póvoa do Varzim.
Eça de Queirós foi batizado como "filho natural de José Maria d'Almeida de Teixeira de Queiroz e de mãe incógnita".
Este misterioso assento dever-se-á ao facto de a mãe do escritor, Carolina Augusta Pereira de Eça, não ter obtido consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça, para poder casar.
De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se opunha, casaram os pais de Eça de Queirós, já o menino tinha quase quatro anos. Por via destas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna que em 1855 morreu.
Nesta altura foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra onde estudou direito.
Além do escritor, o casal teria mais seis filhos.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra. Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Lisboa, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta.
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Seus primeiros trabalhos, publicados como um folhetão na revista "Gazeta de Portugal", apareceram como colecção, publicada depois da sua morte sob o título Prosas Bárbaras.
Em 1869 e 1870, Eça de Queirós viajou ao Egipto e visitou o canal do Suez que estava a ser construído, que o inspirou em diversos dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o "O Mistério da Estrada de Sintra", em 1870, e "A Relíquia", publicado em 1887. Em 1871 foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Quando foi despachado mais tarde para Leiria para trabalhar como um administrador municipal, escreveu sua primeira novela realista da vida portuguesa, "O Crime do Padre Amaro", que apareceu em 1875.
Aparentemente, Eça de Queirós passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e em Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, "A Capital", escrito numa prosa hábil, plena de realismo. As suas obras mais conhecidas, "Os Maias" e "O Mandarim", foram escritas em Bristol e Paris respectivamente.
Seu último livro foi "A Ilustre Casa de Ramires", sobre um fidalgo do séc XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara ambientada no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Morreu em 1900 em Paris. Está sepultado em Santa Cruz do Douro. (Fonte: Wikipédia)
25 de Novembro de 1975
Golpe militar que pôs fim à influência da esquerda militar radical no período revolucionário iniciado em Portugal com o 25 de Abril de 74.
Esta acção militar constituiu uma resposta à resolução do Conselho da Revolução de desmantelar a base aérea de Tancos e de substituir alguns comandantes militares. Os partidários do designado "Poder Popular" ocupam então várias bases militares, bem como meios de comunicação social. Este contra-golpe foi levado a cabo pelos militares da ala moderada, na qual se enquadrava Vasco Lourenço, Jaime Neves e Ramalho Eanes. Consequentemente, o almirante Pinheiro de Azevedo permaneceu no poder enquanto primeiro-ministro do VI Governo Provisório e demitiram-se alguns militares entre os quais Otelo Saraiva de Carvalho.
O 25 de Novembro traduziu militarmente aquilo que a nível político se vivera no Verão Quente de 75 dando origem a uma crescente estabilidade permitida pelo reforço do pluripartidarismo e da Assembleia Constituinte, que se tornou visível com a redacção da Primeira Constituição verdadeiramente democrática: a Constituição da República de 1976.
O Coronel Jaime Neves (na foto), Comandante do Regimento de Comandos da Amadora, foi uma figura preponderante dos operacionais, que merece ser recordado nesta data.
Esta acção militar constituiu uma resposta à resolução do Conselho da Revolução de desmantelar a base aérea de Tancos e de substituir alguns comandantes militares. Os partidários do designado "Poder Popular" ocupam então várias bases militares, bem como meios de comunicação social. Este contra-golpe foi levado a cabo pelos militares da ala moderada, na qual se enquadrava Vasco Lourenço, Jaime Neves e Ramalho Eanes. Consequentemente, o almirante Pinheiro de Azevedo permaneceu no poder enquanto primeiro-ministro do VI Governo Provisório e demitiram-se alguns militares entre os quais Otelo Saraiva de Carvalho.
O 25 de Novembro traduziu militarmente aquilo que a nível político se vivera no Verão Quente de 75 dando origem a uma crescente estabilidade permitida pelo reforço do pluripartidarismo e da Assembleia Constituinte, que se tornou visível com a redacção da Primeira Constituição verdadeiramente democrática: a Constituição da República de 1976.
O Coronel Jaime Neves (na foto), Comandante do Regimento de Comandos da Amadora, foi uma figura preponderante dos operacionais, que merece ser recordado nesta data.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
Miragens no deserto
Muitas vezes ouvi falar de miragens.
Nunca tinha visto nenhuma e muito menos pensava que se poderiam reflectir nas fotografias.
Ignorância minha.
Em 2004 estive de férias em Cabo Verde, na Ilha do Sal.
Uma coisa vos posso garantir: nem as casas, nem os lagos, existem naquele local.
sábado, 22 de novembro de 2008
Rosa Ramalho - Uma artesã portuguesa
Rosa Ramalho (1888-1977) é o nome artístico de Rosa Barbosa Lopes, barrista e figura emblemática da olaria tradicional portuguesa.
Rosa Ramalho nasceu a 14 de Agosto de 1888 na freguesia de Santa Maria de Galegos (concelho de Barcelos). Filha de um sapateiro e de uma tecedeira, casou-se aos 18 anos com um moleiro e teve sete filhos.
Aprendeu a trabalhar o barro desde muito nova, mas interrompeu a actividade durante cerca de 50 anos para cuidar da família. Só após a morte do marido, e já com 68 anos de idade, retomou o trabalho com o barro e começou a criar as figuras que a tornaram famosa.
Enquadrada na tentativa de propaganda do Estado Novo, premiada no pós-25 de Abril, foi admirada por artistas, políticos, actores e personalidades dos mais diversos quadrantes.
As suas peças simultaneamente dramáticas e fantasistas, denotadoras de uma imaginação prodigiosa, distinguiam-na de outros barristas e oleiros e proporcionaram-lhe uma fama que ultrapassou fronteiras.
Foi a António Quadros que se deveu a descoberta de Rosa Ramalho pela crítica artística e a sua divulgação nos meios ditos "cultos".
A sua fama ultrapassa as feiras de Barcelos e chega ao Porto. Primeiro com a divulgação efectuada por António Quadros e em seguida, numa exposição colectiva organizada na Galeria Alvarez, do Porto, em 1956.
Desde então, grupos de estudantes dirigiam-se, às quintas-feiras, a Barcelos para visitarem a ceramista que não sabia sequer assinar o seu nome nas peças.
Foi a primeira barrista a ser conhecida individualmente pelo próprio nome e teve o reconhecimento, entre outros, da Presidência da República, que em 9 de Junho de 1980 lhe atribuiu o grau de Dama da Ordem Militar de S. Tiago de Espada.
Em 1968 tinha-lhe sido também entregue a medalha "As Artes ao Serviço da Nação".
Sobre a artista há um livro de Mário Cláudio (Rosa, de 1988, integrado na Trilogia da mão) e uma curta-metragem documental de Nuno Paulo Bouça (À volta de Rosa Ramalho, de 1996).
Actualmente dá nome a uma rua da cidade de Barcelos e a uma escola EB 2,3 da freguesia de Barcelinhos.
Há também a possibilidade de que se venha a transformar a sua antiga oficina, na freguesia de Galegos São Martinho, onde está sepultada e sempre viveu, num museu de olaria com o seu nome. O seu trabalho é continuado actualmente pela neta Júlia Ramalho.
Segundo Júlia Ramalho, neta Rosa Ramalho, “a minha avó dizia que via demónios e contava-me histórias de feiticeiras e eu acreditava em tudo”.
É assim que se recorda desta personagem que marcou a cena artística portuguesa entre o final da década de 50 até ao seu falecimento, em 1977.
Para Júlia Ramalho, os visitantes faziam parte do dia-dia e mesmo quando o Estado Novo tentou aglutinar a obra da sua avó como instrumento de propaganda, manteve a sua autonomia. Eram muitas as personalidades que faziam a vilegiatura até Galegos: ”O Dr. Salazar só vimos uma vez no Museu de Arte Popular, mas o Américo Thomaz passou uma vez por aqui, o povo reuniu-se para ver a comitiva, a minha avó estava a assistir, ele viu-a e mandou parar o carro só para cumprimentá-la. A minha avó tratava-o tu cá tu lá.”
Os artistas chegavam sempre nos dias de folga e ficavam o dia todo, como Raul Solnado, Eunice Muñoz, José Viana. A Amália aparecia regularmente: “Uma vez veio fazer um filme na casa da minha avó, chegou de madrugada com várias pessoas. A minha avó ia cedo para a cama, mas lá abriu a porta e foi arranjar pão em Barcelos para matarem a fome”, recorda Júlia Ramalho.
As idas a Lisboa são frequentes, para participar nas feiras de artesanato onde recebe estímulos e carinho de um público diversificado. Mas a ceramista tem a idade avançada. Em Dezembro de 1977 uma hérnia que tinha piorou. e acabou por falecer.
“Viveu muito pobre e trabalhou até morrer”, resume Júlia Ramalho.
As suas peças simultaneamente dramáticas e fantasistas, denotadoras de uma imaginação prodigiosa, distinguiam-na de outros barristas e oleiros e proporcionaram-lhe uma fama que ultrapassou fronteiras.
Foi a António Quadros que se deveu a descoberta de Rosa Ramalho pela crítica artística e a sua divulgação nos meios ditos "cultos".
A sua fama ultrapassa as feiras de Barcelos e chega ao Porto. Primeiro com a divulgação efectuada por António Quadros e em seguida, numa exposição colectiva organizada na Galeria Alvarez, do Porto, em 1956.
Desde então, grupos de estudantes dirigiam-se, às quintas-feiras, a Barcelos para visitarem a ceramista que não sabia sequer assinar o seu nome nas peças.
Foi a primeira barrista a ser conhecida individualmente pelo próprio nome e teve o reconhecimento, entre outros, da Presidência da República, que em 9 de Junho de 1980 lhe atribuiu o grau de Dama da Ordem Militar de S. Tiago de Espada.
Em 1968 tinha-lhe sido também entregue a medalha "As Artes ao Serviço da Nação".
Sobre a artista há um livro de Mário Cláudio (Rosa, de 1988, integrado na Trilogia da mão) e uma curta-metragem documental de Nuno Paulo Bouça (À volta de Rosa Ramalho, de 1996).
Actualmente dá nome a uma rua da cidade de Barcelos e a uma escola EB 2,3 da freguesia de Barcelinhos.
Há também a possibilidade de que se venha a transformar a sua antiga oficina, na freguesia de Galegos São Martinho, onde está sepultada e sempre viveu, num museu de olaria com o seu nome. O seu trabalho é continuado actualmente pela neta Júlia Ramalho.
Segundo Júlia Ramalho, neta Rosa Ramalho, “a minha avó dizia que via demónios e contava-me histórias de feiticeiras e eu acreditava em tudo”.
É assim que se recorda desta personagem que marcou a cena artística portuguesa entre o final da década de 50 até ao seu falecimento, em 1977.
Para Júlia Ramalho, os visitantes faziam parte do dia-dia e mesmo quando o Estado Novo tentou aglutinar a obra da sua avó como instrumento de propaganda, manteve a sua autonomia. Eram muitas as personalidades que faziam a vilegiatura até Galegos: ”O Dr. Salazar só vimos uma vez no Museu de Arte Popular, mas o Américo Thomaz passou uma vez por aqui, o povo reuniu-se para ver a comitiva, a minha avó estava a assistir, ele viu-a e mandou parar o carro só para cumprimentá-la. A minha avó tratava-o tu cá tu lá.”
Os artistas chegavam sempre nos dias de folga e ficavam o dia todo, como Raul Solnado, Eunice Muñoz, José Viana. A Amália aparecia regularmente: “Uma vez veio fazer um filme na casa da minha avó, chegou de madrugada com várias pessoas. A minha avó ia cedo para a cama, mas lá abriu a porta e foi arranjar pão em Barcelos para matarem a fome”, recorda Júlia Ramalho.
As idas a Lisboa são frequentes, para participar nas feiras de artesanato onde recebe estímulos e carinho de um público diversificado. Mas a ceramista tem a idade avançada. Em Dezembro de 1977 uma hérnia que tinha piorou. e acabou por falecer.
“Viveu muito pobre e trabalhou até morrer”, resume Júlia Ramalho.
Esculturas de Rosa Ramalho
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
O Pintor e o Quadro (4) - Zé Penicheiro
O Pintor
A pintura de Zé Penicheiro afirma-se como um fascinante exercício de rigor, equilíbrio, contenção e expressividade.
Nunca o geometrismo das suas composições está inquinado por uma visão esquematizadora ou redutora, friamente académica ou superficialmente decorativista.
Muito pelo contrário: aí culmina uma busca exigente e constante de captação do essencial, aí se exprime um olhar agudo, depurado e depurador. Ao serviço desta opção estética, refinando-a e acentuando-a, uma paleta de grande sobriedade, de onde o artista extrai matizes e efeitos surpreendentes. (Fernando Fausto Almeida)
Nasce na aldeia beirã de Candosa, Tábua.
Passa a sua juventude na Figueira da Foz.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e ilustrador.
Colabora em diversas publicações, jornais do Porto, Lisboa e província; "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" e outros, publicam os seus cartoons de humor.
Criador de uma expressão plástica original, que domina de "Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições nesta modalidade, a partir de 1948.
Rumo ao Norte do País desenvolve a sua actividade no domínio da publicidade criativa e de decoração.
Como decorador, assinalou a sua presença na projecção e concepção de stands e pavilhões em diversos certames - Feiras e Exposições nacionais e internacionais.
Autor de diversos Painéis e Murais dispersos pelo país.
No período de 1958 a 1968, efectua viagens de estudo a Museus e Galerias de Madrid, Paris, Zurique e Munique.
Em 1958, é convidado a colaborar, artisticamente, em programas musicais e culturais da RTP/Norte e, em 1982, no programa "Desenhando com Música".
Fundador do Círculo de Artes Plásticas "Aveiro/Arte".
No final da década de 70, regressa à Região Centro e passa a dedicar-se, exclusivamente, à Pintura.
Tem larga representação em colecções particulares espalhadas pelo mundo e em Museus nacionais. (Fonte: Wikipédia)
Nunca o geometrismo das suas composições está inquinado por uma visão esquematizadora ou redutora, friamente académica ou superficialmente decorativista.
Muito pelo contrário: aí culmina uma busca exigente e constante de captação do essencial, aí se exprime um olhar agudo, depurado e depurador. Ao serviço desta opção estética, refinando-a e acentuando-a, uma paleta de grande sobriedade, de onde o artista extrai matizes e efeitos surpreendentes. (Fernando Fausto Almeida)
Nasce na aldeia beirã de Candosa, Tábua.
Passa a sua juventude na Figueira da Foz.
Inicia a sua carreira artística como caricaturista e ilustrador.
Colabora em diversas publicações, jornais do Porto, Lisboa e província; "Primeiro de Janeiro", "A Bola", "Os Ridículos", "O Sempre Fixe", "A Bomba" e outros, publicam os seus cartoons de humor.
Criador de uma expressão plástica original, que domina de "Caricatura em Volume", inicia o seu ciclo de exposições nesta modalidade, a partir de 1948.
Rumo ao Norte do País desenvolve a sua actividade no domínio da publicidade criativa e de decoração.
Como decorador, assinalou a sua presença na projecção e concepção de stands e pavilhões em diversos certames - Feiras e Exposições nacionais e internacionais.
Autor de diversos Painéis e Murais dispersos pelo país.
No período de 1958 a 1968, efectua viagens de estudo a Museus e Galerias de Madrid, Paris, Zurique e Munique.
Em 1958, é convidado a colaborar, artisticamente, em programas musicais e culturais da RTP/Norte e, em 1982, no programa "Desenhando com Música".
Fundador do Círculo de Artes Plásticas "Aveiro/Arte".
No final da década de 70, regressa à Região Centro e passa a dedicar-se, exclusivamente, à Pintura.
Tem larga representação em colecções particulares espalhadas pelo mundo e em Museus nacionais. (Fonte: Wikipédia)
O Quadro
Castelo Branco (Zé Penicheiro)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Seis meses sem democracia?
Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Ferreira Leite declarou: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...". "Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não seria bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia". (Fonte: Público)
Isto está um país de loucos !!! Onde chegámos ???
Esta senhora é a líder do maior partido da oposição, que quer ser alternativa ao actual Governo ?
Estas frases parecem-me pior do que ter visto a bandeira nazi na Assembleia Regional da Madeira. Será que o Deputado madeirense tinha razão ?
Esta senhora é a líder do maior partido da oposição, que quer ser alternativa ao actual Governo ?
Estas frases parecem-me pior do que ter visto a bandeira nazi na Assembleia Regional da Madeira. Será que o Deputado madeirense tinha razão ?
Ministro no fundo do ranking
O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, é o último de um “ranking” criado pelo “Financial Times”, há três anos, que aprecia o desempenho dos ministros europeus das Finanças e que é liderado pelo congénere finlandês, Jyrki Katainen.
O guia do jornal económico britânico baseia-se em informações estatísticas dos países de origem de cada ministro e na opinião de economistas e comentadores. Para o FT, a deterioração do ambiente económico e financeiro nos últimos meses constitui um momento particularmente difícil para quem lidera a pasta das Finanças na Europa.
Na cauda do “ranking”, na décima nona e última posição com 16,4 pontos (contra 3,8 pontos do ministro finlandês), Teixeira dos Santos é penalizado pelo fraco comportamento da economia portuguesa e pela baixa visibilidade da sua presença nas instâncias europeias, justifica o FT. O “ranking” analisa o comportamento dos ministros em três vertentes: testes político, de estabilidade e económico. (Fonte: Público)
Palavras para quê ? É um político português !!!
Pura demagogia, puro eleitoralismo
No passado dia 12 de Novembro, o primeiro-ministro José Sócrates deslocou-se a Ponte de Lima para inaugurar duas escolas e entregar Magalhães aos 185 alunos da Escola do Freixo e 74 aos alunos de Refóios.
A distribuição foi feita pelo próprio José Sócrates e os miúdos não esconderam a sua alegria.
O que só ontem se veio a saber foi que, depois da comunicação social ter registado o momento e os governantes se terem ido embora, os alunos tiveram que devolver os computadores que tinham recebido.
O presidente da Câmara de Ponte de Lima confirmou ao JN que a entrega foi uma "experiência" para os jovens "se familiarizarem com os computadores" e que os alunos estavam devidamente avisados que não iriam ficar com eles para já.
Segundo Daniel Campelo, os 259 computadores estão nas instalações das escolas à espera das necessárias formalidades e do pagamento para serem entregues. O autarca confessa que no dia não se apercebeu de nada de anormal e que "não acha mal nenhum" na iniciativa.
O JN contactou o gabinete do primeiro-ministro que afirmou desconhecer por completo a situação, salientando que não teve qualquer papel na organização da cerimónia, cabendo a mesma ao Ministério da Educação. (Fonte: Jornal de Notícias)
Mais uma socrática iniciativa de propaganda. Vamos começar a assistir a elas. As eleições estão à porta. E nisso, temos que concordar, o nosso Primeiro-Ministro sempre foi bom.
Mas lembremos aquele provérbio popular que diz: " É mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo !!! ".
Mas lembremos aquele provérbio popular que diz: " É mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo !!! ".
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
Anúncios que ficam na memória - Um hino português
Na minha infância chamavam-lhes "reclames", depois "anúncios", hoje "comerciais". Alguns ficam para sempre na nossa memória, nem sempre pela frequência com que os vemos ou ouvimos, mas porque conseguem plenamente a sua missão: deixar a mensagem ao espectador/ouvinte.
Há casos em que se mantêm fieis a um tema inicial. O efeito destruidor do Crunch é um caso paradigmático. O do Azeite Gallo é outro.
Nada melhor do que a tradição portuguesa para promover o produto. Genial !
A música popular alentejana é conhecida por todos nós:
Ó rama, ó que linda rama
Ó rama da oliveira
E meu par é o mais lindo
Que anda aqui na roda intera.
Anda aqui na roda inteira
Aqui e em qualquer lugar
Ó rama, ó que linda rama
Ó rama do olival.
Eu gosto muito de ouvir
Cantar a quem aprendeu
Se houvera quem me ensinara
Quem aprendia era eu.
Não me invejo de quem tem
Carros parelhas e montes
Só me invejo de quem bebe
A água em todas as fontes.
Eu sou trigo recolhido
Com vontade de ser pão
Só me importa ser moído
Na mó do meu coração.
As imagens são o Portugal profundo, nas suas raízes, nas suas tradições. Até nem falta o bacalhau cozido, a missa do galo, e os rostos das nossas gentes.
Um hino português.
"A cantar desde 1919. O slogan fala por si. Fundado naquela data, conta a lenda que este azeite recebeu o seu nome numa manhã em que Victor Guedes, o fundador, ouviu um galo logo após despertar.
Por ser de origem galega, Victor Guedes registou o nome com dois "L", traço que até hoje perdura e distingue a marca.
Com uma estratégia de comunicação que sempre apela ao tradicionalismo, ao nacionalismo e ao que de melhor se faz em Portugal, as campanhas do Azeite Gallo nunca fogem ao retrato da história popular e alma do povo português." (Fonte: Imagens de Marca)
Um hino português.
"A cantar desde 1919. O slogan fala por si. Fundado naquela data, conta a lenda que este azeite recebeu o seu nome numa manhã em que Victor Guedes, o fundador, ouviu um galo logo após despertar.
Por ser de origem galega, Victor Guedes registou o nome com dois "L", traço que até hoje perdura e distingue a marca.
Com uma estratégia de comunicação que sempre apela ao tradicionalismo, ao nacionalismo e ao que de melhor se faz em Portugal, as campanhas do Azeite Gallo nunca fogem ao retrato da história popular e alma do povo português." (Fonte: Imagens de Marca)
1989
1991/92
1993
Natal de 1995
2000
sábado, 15 de novembro de 2008
Tertúlias Virtuais - O meu ídolo
Eu não tenho ídolos. Não endeuso ninguém.
Admiro várias pessoas, é verdade. O facto de poder dizer "eu gosto deste ou daquele" não os tornam meus ídolos.
Ídolo tem que despertar algo que nos mova. Alguém a quem, nos actos da nossa vida, prestemos homenagem constante e até nos condicione na forma de estar, na maneira de ser, de reagir. Alguém que, naturalmente e sem qualquer tipo de pressão nos comande. Por quem nos deixamos naturalmente subjugar.
Nunca gostei de ser condicionado por ninguém.
Sou um rebelde ? Talvez seja.
Pertenço a uma geração rebelde, a "Geração de 60". E tenho orgulho disso.
O "Proibido Proibir", a "Autoridade Consentida", a "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", isso sim poderão ser os meus ídolos. Porque são conceitos que me orientam e me seguem no dia a dia. E determinam a minha maneira de estar na vida.
Quem são os ídolos humanos ? Actores, cantores, jogadores de futebol ? Quanto tempo dura cada um ? Os ídolos humanos são efémeros. E todos, sem excepção, têm pés de barro.
........................................................................................
Eles estão entre nós,
mas a Terra roda tanto
e a gente anda tão tonta,
que nem se dá conta.
Todos os ídolos têm pés de barro,
não se engane.
Porque todos são fabricados
da mesma argila
com que fomos criados.
E todos nossos anjos e medos
também são pintados
à nossa imagem
e semelhança
de nossos segredos.
Cássia Fernandes
Deuses Mayas (Representação - Xcaret - México)
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Ainda a Educação neste país. O Governo confessa ilegalidades ou estão a fazer de mim burro ?
Abaixo reproduzo uma informação do Ministério da Educação, de Outubro passado, que chegou às Escolas.
Leiam com atenção e expliquem-me se isto não é uma ilegalidade pegada ou se alguém quer fazer dos portugueses burros.
Analisemos a tal informação:
- Diz-se (e é verdade, digo eu) que as Delegações de Competências, para terem valor legal, têm de ser previamente publicadas em Diário da República, por força do nº 2 do Artigo 37º do Código de Procedimento Administrativo (CPA) e que o Ministério da Educação "desenvolveu esforços no sentido de ultrapassar" essa determinação legal (e em vigor, digo eu).
- E para isso (oh santa esperteza !!!) "foi incluída na lei do Orçamento para 2009" uma alteração "que dispensa as Escolas de referida publicação" (a tal publicação obrigatória em Diário da República).
- Assim, diz o Ministério, todo o mundo "deve" (ou pode, digo eu) afixar as tais Delegações de Competências e ... estejam descansados que o Governo já providenciou para que as ilegalidades, que o Ministério autoriza que se cometam agora, vão ser sanadas.
Ora o Ministério da Educação escamoteia a realidade a seu belo prazer.
Primeiro porque não existe (ainda) nenhuma "lei do Orçamento para 2009". O que existe, nesta data, é a Proposta de Lei nº 226/X, que está em discussão na Assembleia da República que pode ou não ser aprovada (a maioria vai tratar de aprovar, claro ... mas ainda não o fez), que deverá ser promulgada pelo Senhor Presidente da República e publicada no Diário da República.
Segundo porque, acho eu que não sou jurista, qualquer acto cometido pelos professores que, supostamente, têm competências delegadas por outros, antes da entrada em vigor da verdadeira Lei do Orçamento para 2009, é um acto ferido à partida de ilegalidade e, como tal, passível de anulação pelo Tribunal Administrativo.
Ou não será assim ? Ou será que eu é que sou burro ?
E pergunta a minha ignorância de não professor nem jurista:
Se eu tiver razão de que estão à espera os Professores ? De que estão à espera os Sindicatos ?
- Diz-se (e é verdade, digo eu) que as Delegações de Competências, para terem valor legal, têm de ser previamente publicadas em Diário da República, por força do nº 2 do Artigo 37º do Código de Procedimento Administrativo (CPA) e que o Ministério da Educação "desenvolveu esforços no sentido de ultrapassar" essa determinação legal (e em vigor, digo eu).
- E para isso (oh santa esperteza !!!) "foi incluída na lei do Orçamento para 2009" uma alteração "que dispensa as Escolas de referida publicação" (a tal publicação obrigatória em Diário da República).
- Assim, diz o Ministério, todo o mundo "deve" (ou pode, digo eu) afixar as tais Delegações de Competências e ... estejam descansados que o Governo já providenciou para que as ilegalidades, que o Ministério autoriza que se cometam agora, vão ser sanadas.
Ora o Ministério da Educação escamoteia a realidade a seu belo prazer.
Primeiro porque não existe (ainda) nenhuma "lei do Orçamento para 2009". O que existe, nesta data, é a Proposta de Lei nº 226/X, que está em discussão na Assembleia da República que pode ou não ser aprovada (a maioria vai tratar de aprovar, claro ... mas ainda não o fez), que deverá ser promulgada pelo Senhor Presidente da República e publicada no Diário da República.
Segundo porque, acho eu que não sou jurista, qualquer acto cometido pelos professores que, supostamente, têm competências delegadas por outros, antes da entrada em vigor da verdadeira Lei do Orçamento para 2009, é um acto ferido à partida de ilegalidade e, como tal, passível de anulação pelo Tribunal Administrativo.
Ou não será assim ? Ou será que eu é que sou burro ?
E pergunta a minha ignorância de não professor nem jurista:
Se eu tiver razão de que estão à espera os Professores ? De que estão à espera os Sindicatos ?
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
A Ministra da Educação deve estar muito doente ...
"A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, admitiu hoje que as alterações introduzidas no quotidiano dos professores podem provocar desmotivação e insatisfação, alegando, no entanto, que essas mudanças são necessárias aos pais, às escolas e aos alunos.
Maria de Lurdes Rodrigues, que falava na Assembleia da República a propósito do Orçamento do Estado para 2009 do sector, referia-se às alterações nas condições de reforma de todos os funcionários públicos e à regulamentação da componente não lectiva dos docentes.
"Peço desculpa aos senhores professores por ter provocado tanta desmotivação, mas é do interesse dos pais, dos alunos e das escolas. Espero que possam beneficiar desta disponibilidade dos professores para estarem mais tempo nas escolas", afirmou a ministra. "Precisava ou não o país de fazer alterações às reformas de todos os funcionários públicos? Precisava ou não o país destas horas de trabalho dos professores?", questionou." (Fonte e Foto: Púbico e SIC Notícias)
Desculpem mas, correndo o risco de aborrecer os meus leitores com este tema, não posso deixar de voltar a ele.
Porque parece que esta senhora está realmente com dores de cabeça. No mínimo deve estar doente.
A sua dialéctica populista e demagógica toma forma de irrealismo para quem sabe o que se passa no terreno.
Mas vai tentando enganar os menos informados.
Qualquer funcionário público tem o seu horário de trabalho e, se ultrapassar esse horário, tem direito ao pagamentos de horas extraordinárias.
Os professores, na prática, não têm horário porque as horas que têm que trabalhar em casa na preparação das aulas, na elaboração e revisão dos testes e, agora, embrulhados na burocracia da papelada da avaliação não são contabilizadas em parte alguma.
E posso garantir que ultrapassa em muito as tais 35 horas semanais, se somadas às horas lectivas e às reuniões.
A Ministra sabe que se todos os professores exigissem trabalhar as 35 horas semanais do seu horário de funcionários públicos nas Escolas e que essas mesmas Escolas tivessem que lhes dar condições para o fazer, seria o caos total. Sabe mas não diz.
A Ministra sabe que as Escolas não têm nem instalações nem equipamentos que permitam aos professores trabalhar com um mínimo de qualidade. Sabe mas não fala disso.
A Ministra sabe que se o Estado tivesse que pagar horas extraordinárias aos professores, seria o caos orçamental do ministério. Sabe mas não divulga.
Só posso pensar que a Ministra está realmente doente. E que a sua doença é altamente contagiosa. Tenhamos cuidado e vamo-nos vacinar, que é como quem diz, vamo-nos informar.
Porque parece que esta senhora está realmente com dores de cabeça. No mínimo deve estar doente.
A sua dialéctica populista e demagógica toma forma de irrealismo para quem sabe o que se passa no terreno.
Mas vai tentando enganar os menos informados.
Qualquer funcionário público tem o seu horário de trabalho e, se ultrapassar esse horário, tem direito ao pagamentos de horas extraordinárias.
Os professores, na prática, não têm horário porque as horas que têm que trabalhar em casa na preparação das aulas, na elaboração e revisão dos testes e, agora, embrulhados na burocracia da papelada da avaliação não são contabilizadas em parte alguma.
E posso garantir que ultrapassa em muito as tais 35 horas semanais, se somadas às horas lectivas e às reuniões.
A Ministra sabe que se todos os professores exigissem trabalhar as 35 horas semanais do seu horário de funcionários públicos nas Escolas e que essas mesmas Escolas tivessem que lhes dar condições para o fazer, seria o caos total. Sabe mas não diz.
A Ministra sabe que as Escolas não têm nem instalações nem equipamentos que permitam aos professores trabalhar com um mínimo de qualidade. Sabe mas não fala disso.
A Ministra sabe que se o Estado tivesse que pagar horas extraordinárias aos professores, seria o caos orçamental do ministério. Sabe mas não divulga.
Só posso pensar que a Ministra está realmente doente. E que a sua doença é altamente contagiosa. Tenhamos cuidado e vamo-nos vacinar, que é como quem diz, vamo-nos informar.
O Pintor e o Quadro (3)
O Pintor
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, freguesia de Mancelos, Amarante, 14 de Novembro de 1887 — Espinho, 25 de Outubro de 1918) foi um pintor português, precursor da arte moderna, prosseguindo o caminho traçado pelos artistas de vanguarda da sua época. Embora tendo tido uma vida curta, a sua obra tornou-se imortal.
A sua família era rica e influenciou-o a ingressar no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Depressa desistiu do curso e mudou-se para o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905. O curso não satisfaz o seu génio criativo, por isso parte para Paris em 1906 instalando-se em Montparnasse com a intenção de continuar a estudar. As suas primeiras experiências artísticas conhecidas foram desenhos e caricaturas, depois dedicou-se à pintura. Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista, expressionista, cubista, futurista mas sempre recusou qualquer rotulo. Apesar das multiplas influencias procurava a originalidade e a criatividade na sua obra. Em 1908 instala-se no número catorze da Cité de Falguière. Frequentou ateliers preparatórios para Academia de Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa mas, apesar disso, não chega a ser admitido. Em 1910 esteve alguns meses em Bruxelas e em 1911 expôs trabalhos no Salon des Indépendants, em Paris, aproximando-se progressivamente das vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay. Em 1912 publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert, "La Légende de Saint Julien l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte.
Depois de participar em 1913 numa exposição com oito trabalhos nos Estados Unidos da América, no Armory Show, voltou a Portugal, onde teve a ousadia de realizar duas exposições, respectivamente em Porto e em Lisboa. Nesse ano participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914 encontrou-se em Barcelona com Antoni Gaudí, e parte para Madrid onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial. Regressou então a Portugal, onde iniciou meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância ao ponto de, em 1916, expor no Porto 114 obras com o título "Abstraccionismo", que serão também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo.
O cubismo em expansão por toda a Europa foram influências marcantes no seu cubismo analítico.
Amadeo de Souza-Cardoso explora o expressionismo e nos seus últimos trabalhos experimenta novas formas e técnicas, como as colagens e outras formas de expressão plástica.
Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre prematuramente em Espinho, vítima da "pneumónica" que grassava em Portugal. (Fonte: Wikipédia)
A sua família era rica e influenciou-o a ingressar no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Depressa desistiu do curso e mudou-se para o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905. O curso não satisfaz o seu génio criativo, por isso parte para Paris em 1906 instalando-se em Montparnasse com a intenção de continuar a estudar. As suas primeiras experiências artísticas conhecidas foram desenhos e caricaturas, depois dedicou-se à pintura. Poder-se-á dizer que foi um pintor impressionista, expressionista, cubista, futurista mas sempre recusou qualquer rotulo. Apesar das multiplas influencias procurava a originalidade e a criatividade na sua obra. Em 1908 instala-se no número catorze da Cité de Falguière. Frequentou ateliers preparatórios para Academia de Beaux-Arts e a Academia Viti do pintor catalão Anglada Camarasa mas, apesar disso, não chega a ser admitido. Em 1910 esteve alguns meses em Bruxelas e em 1911 expôs trabalhos no Salon des Indépendants, em Paris, aproximando-se progressivamente das vanguardas e de artistas como Amedeo Modigliani, Constantin Brancusi, Alexander Archipenko, Juan Gris e Robert Delaunay. Em 1912 publicou um álbum com vinte desenhos e, em seguida, copiou o conto de Gustave Flaubert, "La Légende de Saint Julien l'Hospitalier", trabalhos ignorados pelos apreciadores de arte.
Depois de participar em 1913 numa exposição com oito trabalhos nos Estados Unidos da América, no Armory Show, voltou a Portugal, onde teve a ousadia de realizar duas exposições, respectivamente em Porto e em Lisboa. Nesse ano participou ainda no Herbstsalon da Galeria Der Sturm, em Berlim. Em 1914 encontrou-se em Barcelona com Antoni Gaudí, e parte para Madrid onde é surpreendido pelo início da I Guerra Mundial. Regressou então a Portugal, onde iniciou meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância ao ponto de, em 1916, expor no Porto 114 obras com o título "Abstraccionismo", que serão também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo.
O cubismo em expansão por toda a Europa foram influências marcantes no seu cubismo analítico.
Amadeo de Souza-Cardoso explora o expressionismo e nos seus últimos trabalhos experimenta novas formas e técnicas, como as colagens e outras formas de expressão plástica.
Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre prematuramente em Espinho, vítima da "pneumónica" que grassava em Portugal. (Fonte: Wikipédia)
O Quadro
Corpus Christi (Amadeo de Souza-Cardoso)
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Alberto João no seu melhor
"O Governo Regional da Madeira decidiu administrativamente, por portaria, avaliar com “bom” os professores em exercício no arquipélago.
“Para todos os efeitos de avaliação do desempenho dos docentes contratados, de transição ao 6º escalão e progressão na carreira dos docentes do quadro, o tempo de serviço prestado nos anos escolares 2007/08 e 2008/09, considera-se classificado com a menção qualitativa de Bom”, determina o artigo 1º da portaria 165-A/2008, publicada a 7 de Outubro na II Série do Jornal Oficial da região. O segundo e último artigo adianta que “o presente diploma entra imediatamente em vigor”.
Pelo decreto legislativo regional nº 6/2008/M, de 25 de Fevereiro, o executivo de Alberto João Jardim aprovou o Estatuto da Carreira Docente, incluindo o regime de avaliação, a vigorar na Madeira, mas não procedeu ainda à respectiva regulamentação.
“A fim de evitar hiatos legislativos importa contemplar em sede de avaliação do desempenho, a situação dos docentes” no presente e anterior ano lectivo, justifica a portaria assinada pelo secretário regional da Educação." (Fonte: Público)
Pelo decreto legislativo regional nº 6/2008/M, de 25 de Fevereiro, o executivo de Alberto João Jardim aprovou o Estatuto da Carreira Docente, incluindo o regime de avaliação, a vigorar na Madeira, mas não procedeu ainda à respectiva regulamentação.
“A fim de evitar hiatos legislativos importa contemplar em sede de avaliação do desempenho, a situação dos docentes” no presente e anterior ano lectivo, justifica a portaria assinada pelo secretário regional da Educação." (Fonte: Público)
Cada vez mais " louco "... cada vez mais " eu quero, posso e mando ! ".
Perfeitamente nas tintas para o socrático governo da Nação !!!
Alberto João Jardim no seu melhor !!!
E o resto é paisagem ...
E esta hein !!!
Só me resta exprimir a minha profunda mágoa.
Tango em pintura
Imagens da Internet - Música: Adios Muchachos (Leopoldo Federico Orch.) - Produção: Jorge C. Reis
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Escola fechada
"A Escola C+S de Alfragide, arredores de Lisboa, foi hoje alvo de um boicote às aulas, tendo de manhã os portões sido fechados a cadeado, situação que a polícia entretanto já desbloqueou.
Fonte do estabelecimento de ensino disse à agência Lusa que a polícia, chamada a intervir, rebentou com os cadeados cerca das 09h30 de hoje, mas as centenas de alunos continuam fora do recinto escolar.
Tanto professores como alunos aguardam o início das aulas, mas a maioria dos estudantes continua cá fora em conversas alegres e satisfeitos com a participação num acto "revolucionário", tal como disse à Lusa um dos jovens.
O fecho dos portões estará relacionado com a manifestação de professores realizada sábado, como forma de protesto contra a política de educação idealizada pelo Governo.
Ninguém reivindicou até agora a autoria do fecho da escola e a polícia escusa-se a dar mais informações.
Cerca das 09h50, e já com os portões abertos, alguns alunos entraram no estabelecimento mas começaram depois novamente a sair, tendo um dos estudantes gritado para a portaria que tinham sido obrigados a entrar.
Alguns professores entraram na escola, mas a grande maioria continua fora do recinto.
Fora do recinto permanecem dezenas de encarregados de educação." (Fonte: Público)
Parece que os Encarregados de Educação começam a abrir os olhos e a mobilizar-se em defesa dos seus filhos e da escola pública.
Até que enfim !!
domingo, 9 de novembro de 2008
A luta dos professores continua
Em 8 de Março passado, 100 mil professores manifestaram-se, descontentes com as condições de trabalho que o Governo lhes quer impor, nomeadamente o Estatuto da Carreira Docente. Já aqui escrevi vários artigos sobre esse assunto.
Ontem assisti, em Lisboa, à segunda Manifestação dos Professores. Digo-vos que fiquei impressionado.
Os Sindicatos falam de 120 mil manifestantes e não me custa a crer que fosse mesmo esse número. Isto se pensarmos, para quem conhece Lisboa, que quando a frente da manifestação estava a chegar ao largo do Marquês de Pombal, ainda havia gente no Terreiro do Paço a querer entrar na Rua do Ouro.
Em Março, o número de 100 mil foi adiantado rapidamente pela Polícia de Segurança Pública e, pelo maior número de autocarros que chegaram a Lisboa, desta vez foram muitos mais.
Curiosamente o Comandante da força de Polícia, agora, "nem abriu o bico", ou melhor, disse "é impossível calcular dada a dimensão da manifestação", e acrescentou: "tenho indicações para não adiantar números". Elucidativo !!!
Numa classe com, segundo dizem, 140 a 145 mil docentes, a percentagem dos que manifestaram ontem o seu descontentamento (mais de 80% de uma só classe profissional) faria qualquer Governo inteligente parar e repensar o caminho traçado.
Mas a Ministra de José Sócrates, apressou-se a vir dizer que não vai ceder, nem desistir do rumo que traçou.
Algo vai mal com esta senhora.
O seu autismo, eu diria patológico, que se estende ao Primeiro Ministro, não augura nada de bom para o Partido Socialista, em ano de eleições.
O Primeiro Ministro José Sócrates terá que falar aos portugueses, terá que lhes explicar, com verdade e claramente, o que se passa. O porquê deste descontentamento, o porquê da manutenção da Ministra da Educação, o porquê do facto de deixar desmoronar o Partido do Governo, fazendo-o desabar para o abismo político.
E isto porque não restam dúvidas que não está a perder somente 120 mil votos, mas muitos mais. Os dos professores, os dos familiares, os dos amigos e os dos pais em geral, que já se aperceberam que este clima prejudica, em última análise, os seus próprios filhos.
Avé Sócrates !!
Ontem assisti, em Lisboa, à segunda Manifestação dos Professores. Digo-vos que fiquei impressionado.
Os Sindicatos falam de 120 mil manifestantes e não me custa a crer que fosse mesmo esse número. Isto se pensarmos, para quem conhece Lisboa, que quando a frente da manifestação estava a chegar ao largo do Marquês de Pombal, ainda havia gente no Terreiro do Paço a querer entrar na Rua do Ouro.
Em Março, o número de 100 mil foi adiantado rapidamente pela Polícia de Segurança Pública e, pelo maior número de autocarros que chegaram a Lisboa, desta vez foram muitos mais.
Curiosamente o Comandante da força de Polícia, agora, "nem abriu o bico", ou melhor, disse "é impossível calcular dada a dimensão da manifestação", e acrescentou: "tenho indicações para não adiantar números". Elucidativo !!!
Numa classe com, segundo dizem, 140 a 145 mil docentes, a percentagem dos que manifestaram ontem o seu descontentamento (mais de 80% de uma só classe profissional) faria qualquer Governo inteligente parar e repensar o caminho traçado.
Mas a Ministra de José Sócrates, apressou-se a vir dizer que não vai ceder, nem desistir do rumo que traçou.
Algo vai mal com esta senhora.
O seu autismo, eu diria patológico, que se estende ao Primeiro Ministro, não augura nada de bom para o Partido Socialista, em ano de eleições.
O Primeiro Ministro José Sócrates terá que falar aos portugueses, terá que lhes explicar, com verdade e claramente, o que se passa. O porquê deste descontentamento, o porquê da manutenção da Ministra da Educação, o porquê do facto de deixar desmoronar o Partido do Governo, fazendo-o desabar para o abismo político.
E isto porque não restam dúvidas que não está a perder somente 120 mil votos, mas muitos mais. Os dos professores, os dos familiares, os dos amigos e os dos pais em geral, que já se aperceberam que este clima prejudica, em última análise, os seus próprios filhos.
Avé Sócrates !!
sábado, 8 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Avisos aos Paroquianos
Acabei de receber este slideshow por email. Desconheço quem é o seu autor, mas achei tanta graça que não resisti a publicá-lo tal como o recebi. Espero que se riam tanto como eu me ri.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
No golfe - Há dias de azar ...
Esta passou-se no último Open de Portugal, que se realizou no mês passado em Vilamoura.
Na primeira pancada este desafortunado jogador deixou a bola junto ao lago.
Depois de muito penar, lá tirou os sapatos e as meias e entrou mesmo na água.
No fim do sofrimento a bola andou pouco mais que três metros.
Até os bons jogadores profissionais fazem algumas asneiras.
Na primeira pancada este desafortunado jogador deixou a bola junto ao lago.
Depois de muito penar, lá tirou os sapatos e as meias e entrou mesmo na água.
No fim do sofrimento a bola andou pouco mais que três metros.
Até os bons jogadores profissionais fazem algumas asneiras.
Escândalo na Ilha da Madeira (2)
Não posso, nem quero, aplaudir a atitude de José Manuel Coelho, Deputado do PND, a que ontem me referi, nem sequer comungo dos seus ideias políticos. Muito pelo contrário.
Mas a LIBERDADE é coisa que prezo muito.
E na Madeira parece que DEMOCRACIA é entendida como FORÇA BRUTA DA MAIORIA.
Tenho que reprovar veementemente, isso sim, é o facto dos seguranças terem impedido, hoje, o Deputado de entrar no edifício do Parlamento Regional.
Não será isto uma manifestação de tom fascista ? Não é ele um Deputado eleito pelo povo que nele votou ? Não será isto mais uma prova do tão falado défice democrático madeirense ?
Para que servem os Tribunais ?
Mas a LIBERDADE é coisa que prezo muito.
E na Madeira parece que DEMOCRACIA é entendida como FORÇA BRUTA DA MAIORIA.
Tenho que reprovar veementemente, isso sim, é o facto dos seguranças terem impedido, hoje, o Deputado de entrar no edifício do Parlamento Regional.
Não será isto uma manifestação de tom fascista ? Não é ele um Deputado eleito pelo povo que nele votou ? Não será isto mais uma prova do tão falado défice democrático madeirense ?
Para que servem os Tribunais ?
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Faleceu Milú
Estreou-se aos doze anos no filme "Aldeia da Roupa Branca" ao lado de Beatriz Costa.
Extremamente bonita e fotogénica, encantou gerações de portugueses e portuguesas, podendo, sem favor ser comparada às "estrelas" de Hollywood.
Foi também uma presença assídua na rádio, onde começou a cantar aos dez anos .
Em 1942 é a "Luisinha" no filme "O Costa do Castelo", de Artur Duarte, e a sua voz imortalizou a música "Minha Casinha" mais tarde reinterpretada pelo conjunto musical "Xutos e Pontapés", com enorme sucesso.
Outro sucesso foi "Cantiga da Rua".
Casou pela primeira vez, em Dezembro de 1943, aos dezassete anos. Lisboa despovoou-se para ir ver a noiva à igreja de São Sebastião da Pedreira.
Interrompeu a sua carreira artística, mas os e as fãs obrigaram-na a regressar.
E mais sucessos se seguiram, numa das épocas mais criativas do cinema português: "Cantiga da Rua","O Leão da Estrela", em 1947, "O Grande Elias", em 1950, entre outros.
Foi sem sombra de dúvida "a namoradinha de Portugal".
As revistas de cinema e quase todas as outras escolhiam-na para capa, pois a sua beleza deslumbrava.
Fez teatro de revista no Teatro Avenida, nomeadamente em "Ó Rosa Arredonda a Saia" e no Teatro Variedades com "A Vida é Bela" e entrou em alguns filmes em Espanha, nos anos de 1943 e 1946.
Casou, pela 2ª vez em 1960 e viveu no Brasil até 1968, tendo actuado na televisão brasileira, esporadicamente.
A sua última aparição em cinema foi em "Kilas o Mau da Fita", de José Fonseca e Costa, em 1980.
Faleceu a 4 de Novembro de 2008. (Fonte: O Leme)
Extremamente bonita e fotogénica, encantou gerações de portugueses e portuguesas, podendo, sem favor ser comparada às "estrelas" de Hollywood.
Foi também uma presença assídua na rádio, onde começou a cantar aos dez anos .
Em 1942 é a "Luisinha" no filme "O Costa do Castelo", de Artur Duarte, e a sua voz imortalizou a música "Minha Casinha" mais tarde reinterpretada pelo conjunto musical "Xutos e Pontapés", com enorme sucesso.
Outro sucesso foi "Cantiga da Rua".
Casou pela primeira vez, em Dezembro de 1943, aos dezassete anos. Lisboa despovoou-se para ir ver a noiva à igreja de São Sebastião da Pedreira.
Interrompeu a sua carreira artística, mas os e as fãs obrigaram-na a regressar.
E mais sucessos se seguiram, numa das épocas mais criativas do cinema português: "Cantiga da Rua","O Leão da Estrela", em 1947, "O Grande Elias", em 1950, entre outros.
Foi sem sombra de dúvida "a namoradinha de Portugal".
As revistas de cinema e quase todas as outras escolhiam-na para capa, pois a sua beleza deslumbrava.
Fez teatro de revista no Teatro Avenida, nomeadamente em "Ó Rosa Arredonda a Saia" e no Teatro Variedades com "A Vida é Bela" e entrou em alguns filmes em Espanha, nos anos de 1943 e 1946.
Casou, pela 2ª vez em 1960 e viveu no Brasil até 1968, tendo actuado na televisão brasileira, esporadicamente.
A sua última aparição em cinema foi em "Kilas o Mau da Fita", de José Fonseca e Costa, em 1980.
Faleceu a 4 de Novembro de 2008. (Fonte: O Leme)
A Minha Casinha
Cantiga da Rua
Escândalo na Ilha da Madeira
O plenário da Assembleia Legislativa da Madeira foi hoje suspenso depois de o deputado do Partido da Nova Democracia (PND), José Manuel Coelho, ter ostentado a bandeira nazi com que identificou o PSD regional (Partido Social-Democrata da Madeira).
Coelho aproveitou a discussão da alteração ao regimento, proposta pela maioria social-democrata, para chamar fascista ao líder desta bancada Jaime Ramos. E, depois de ter exibido a bandeira com a cruz suástica na tribuna, colocou este pavilhão no lugar daquele deputado que, entretanto, tinha abandonado o hemiciclo com o respectivo grupo parlamentar.
A sessão foi interrompida por decisão do presidente da mesa e, após a conferência de líderes em que foi decidido apresentar ao Ministério Público queixa contra o deputado do PND por propaganda nazi, e a retirada da sua imunidade parlamentar, o PSD requereu a expulsão do deputado da Nova Democracia. (Fonte: Público)
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Qual seria a sua reacção ?
Algumas vezes a vida prega-nos partidas súbitas. Veja este pequeno vídeo e diga-nos como reagiria se isto lhe acontecesse.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
domingo, 2 de novembro de 2008
Nacionalização do Banco Português de Negócios
Em conferência de imprensa, no final de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o ministro das Finanças justificou aquela que é a primeira nacionalização em Portugal desde 1975 com a situação "excepcional", "delicada" e "anómala" vivida por aquela instituição bancária, cujas perdas acumuladas rondam os 700 milhões de euros, das quais 360 milhões associadas a operações com o Banco Insular, de Cabo Verde.
O BPN, propriedade da Sociedade Lusa de Negócios, está "numa situação muito perto da iminente ruptura de pagamentos", sublinhou Teixeira dos Santos, lembrando que a instituição "não tendo vindo a cumprir os rácios mínimos solvabilidade" impostos pelo Banco de Portugal e não existem perspectivas de que encontre, a curto prazo, "novas fontes de liquidez".
"Face à inexistência de uma solução que permita defender o interesse dos depositantes, o Governo viu-se obrigado a propor à Assembleia da República a nacionalização do BPN", declarou o ministro, acrescentando que, já a partir de amanhã, a instituição o funcionamento da instituição será acompanhada por dois administradores do Banco de Portugal.
...
O Banco de Portugal identificou operações de "centenas de milhões de euros [no Banco Português de Negócios] que eram clandestinas", não estavam contabilizadas nas contas do banco, revelou hoje Vítor Constâncio, Governador do Banco de Portugal, em conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças. (Fonte: Público)
O Banco Português de Negócios tem cerca de 300 balcões em Portugal e em 2003 estendeu a sua actividade ao Brasil.
Ainda há quem pense que a crise é pequena, que os depositantes não correm riscos, que tudo vai passar num instante...
sábado, 1 de novembro de 2008
Morreu o comediante luso-brasileiro Badaró
O actor e humorista Badaró morreu hoje, aos 75 anos, vítima de cancro, informou a família.
Badaró, que estava internado no Instituto Português de Oncologia (IPO), faleceu durante a madrugada, e as cerimónias fúnebres realizam-se amanhã, em Paço de Arcos.
As 10h30 realiza-se uma missa de corpo presente na Igreja de Paço d'Arcos e o corpo segue depois para a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, cumprindo o desejo do artista de que o seu corpo fosse entregue à ciência, disse Ruben Badaró, filho do actor.
Manílio Haidar Badaró, conhecido apenas como Badaró, chegou a Portugal em 1957 integrado no elenco da companhia brasileira "Fogo no Pandeiro", que durante dois anos manteve em cena um espectáculo de revista, em Lisboa.
O actor fixou residência no país e acabou por se naturalizar português, tendo trabalhado ao longo de décadas em teatro, rádio e televisão. (Fonte: Público)
Estou de luto pela Educação em Portugal
Como sabem, eu não sou professor. Mas não me repugnaria vestir a camisola desta foto.
Porque acho que qualquer português consciente do momento que atravessamos a deveria vestir.
O que assistimos nestes últimos tempos é à degradação do Ensino em Portugal, com graves reflexos na vida futura do país.
Por um lado, professores em luta, por outro o aumento da indisciplina nas escolas, por outro ainda um Primeiro Ministro teimoso e petulante, mantendo uma ministra incompetente, que em vez de melhorar, piora, todos os dias, aquilo que tínhamos de melhor: o prestígio das nossas escolas e dos nossos profissionais nelas formados.
Em 1975, de férias em casa de uns amigos em Caracas, encontrei um membro da administração governamental venezuelana. Disse-me:
- Português ? Médico ? Universidade de Coimbra ? Se quiser cá ficar tenho um posto de trabalho do Estado para si. Quer começar amanhã ?
Não era EU que estava em causa. Era o facto de ter cursado numa das mais prestigiadas (na época) universidades do mundo.
Hoje seria assim ? Infelizmente não creio que fosse.
Há dias, vi na RTP, no programa "A minha geração", uma entrevista com uma garota de 15 anos, oriunda de um país de leste, filha de imigrantes. O destaque dado referia-se ao facto de a garota ser aluna premiada da sua escola.
Em determinada altura, perguntada se tinha tido muitas dificuldades de adaptação à escola portuguesa, nomeadamente ao aprendizado da nossa língua, ela respondeu que não ... porque no seu país de origem estava habituada a regras de trabalho mais apertadas do que aqui.
Eloquente e conclusivo.
Todos os dias ouvimos queixas de Professores. Excesso de papéis, demasiada burocracia, normativas legais diárias ou quase diárias com directivas impossíveis de concretizar, ameaças públicas de represálias, indisciplina nas salas de aulas, agressões por parte dos alunos e até dos encarregados de educação. Milhares a requererem a reforma, mesmo com pesadas penalizações monetárias. Porque não aguentam mais este estado de coisas.
E do Ensino, na sua suprema missão, ninguém fala.
O Primeiro Ministro, intolerante e autista, mantém a ministra, nem se sabe bem como, nem porquê.
Permite que o facilistimo se instale, sem mostrar grande interesse pela sólida aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, que são o futuro deste país. O que é preciso é que ninguém reprove.
Só lhe interessa a SUA REFORMA. O resto não vê ou finge que não vê.
A SUA REFORMA sim, porque é ele o maior responsável pela política global do Governo.
É a ele que os portugueses terão que pedir responsabilidades no futuro, quando esses portugueses se aperceberem que, em matéria de formação dos nossos jovens, continuamos a cair no escalonamento dos países da UE.
Avé Sócrates !!!
Eu só posso estar de Luto pela Educação em Portugal.
(Foto: Jornal Público)
O Pintor e o Quadro (2)
O Pintor
Lisboa, 1908, dia de Santo António, o padroeiro da cidade. O diplomata Marcos Vieira da Silva é pai pela primeira vez. Sua mulher, Maria da Graça, teve uma filha a quem é dado nome de Maria Helena Vieira da Silva.
Maria Helena tem cerca de dois anos quando parte com a família e a sua preceptora para a Suíça. Em Fevereiro de 1911 o pai morre de tuberculose. A família regressa a Lisboa. Instala-se na casa do avô materno.
Tudo é agora diferente. À serenidade da Suíça contrapõe-se a agitação que se vive em Portugal. Lisboa é uma cidade de convulsões. A República tinha sido implantada no ano anterior, e nem a todos agrada. Os movimentos políticos são muitos. As ideias estão ainda em ebulição.
De 1910 a 1926 Portugal terá cerca de 50 governos. As revoluções são uma constante. De permeio, Portugal participa ainda na 1ª Grande Guerra. Ao clima de instabilidade política junta-se também a económica e social. É necessário recorrer a empréstimos estrangeiros e, enquanto isso, os trabalhadores reclamam pelos seus direitos. Tempos difíceis esses.
Maria Helena está protegida de tudo isto. Vive na grande casa de seu avô. Um mundo de adultos. Não frequenta a escola. A educação é feita em casa. A própria mãe toma isso a seu cargo. Aprende a ler e a escrever em português, francês e inglês. Não tem a companhia de outras crianças. Momentos há em que sente tristeza, angústias, talvez a solidão, como ela própria o dirá mais tarde: "Era a única criança, numa casa muito grande, onde me perdia, onde havia muita coisa, muitos livros ... não tinha amiguinhas, não ia à escola....".
Aos 5 anos faz desenhos, aos 13 pinta a óleo. Dado o interesse da criança, a família apoia a aprendizagem.
Em 1916 a Mãe compra uma casa em Sintra. Alguns Verões serão aí passados. A paisagem que a rodeia impressiona-a, questionando-se como representar tudo o que vê.
Na Escola de Belas Artes de Lisboa frequenta um curso de escultura. A anatomia também a interessa; para melhor a aprender frequenta a disciplina na Escola de Medicina. Em 1926 muda-se para outra casa que a mãe adquire em Lisboa. Mas esta cidade não lhe basta. Já não podia progredir em Lisboa, a pintura que aí fazia não me satisfazia, não sabia o que fazer, nem como fazer. Tem de procurar outros caminhos. Dois anos mais tarde parte para Paris, a acompanhá-la vai sua mãe.
Paris é um grande centro. Os grandes movimentos artísticos do século anterior estão ainda muito presentes, ao mesmo tempo que outros surgem. É uma constante mutação. As inovações de Van Gogh, de Gauguin, de Cezanne influenciam muitos dos artistas.
Mãe e filha alojam-se no Medical Hotel, local onde estão instalados ateliers de outros artistas, para além de um ringue de boxe. Maria Helena visita os museus, conhece as obras de mestres. Um deles impressiona-a: Cezanne. Mais tarde há-de inspirar-se num seu quadro para fazer uma tela - "Os jogadores de cartas".
Em Paris contacta com os seus contemporâneos, Picasso, Duchamp, Braque. Está atenta aos novos movimentos, mas não se insere em nenhum. São formas de prisão que não aceita.
Em 1928 visita a Itália. Observa as obras dos grandes mestres italianos. Estuda a perspectiva, as formas. De tudo tira lições para melhor encontrar o seu próprio caminho. Quer que os seus quadros transmitam tudo o que a faz admirar - a forma, o som, o cheiro. Um dia ela própria o dirá: "Procuro pintar algo dos espaços, dos ritmos, dos movimentos das coisas."
De regresso a Paris frequenta a Academia de la Grande Chaumière e, pela primeira vez, participa numa exposição no Salon de Paris.
Em Paris está também Arpard Szenes, pintor húngaro, alguns anos mais velho. Conhecem-se. Não mais se hão-de separar.
Arpard incentiva-a na sua pintura, na procura do seu caminho. Para lhe facilitar o trabalho dá-lhe apoio moral e financeiro. Em 1930 casam e no mesmo ano visitam a Hungria e a Transilvânia. Da viagem, Maria Helena recolhe a imensidão do espaço, a paisagem que observa. É a contínua busca de uma forma de ver. Quando voltam instalam-se em Paris, na Villa das Camélias. O casal não pára de trabalhar. Participam nalgumas exposições. Não tardará a primeira individual. Será Jeanne Bucher, galerista, que a organiza em 1933, onde será também apresentado o livro infantil Ko et Ko, com ilustrações da pintora.
No ano seguinte Vieira da Silva vende o seu primeiro quadro, o comprador é também pintor - Campigli.
Em 1935 Vieira da Silva adoece com icterícia . A doença ataca-a de forma violenta, obrigando-a a permanecer de cama. Não lhe é fácil estar parada. É desta época a tela "O Quarto dos Azulejos". Ao tema português do azulejo, junta-se uma nova forma de representação do espaço. Às vezes a doença descobre outros caminhos...
Em Portugal, António Pedro, o encenador e escritor, prepara a primeira exposição. Em Lisboa, tem também um atelier, na casa que mãe comprara anos antes. A estadia prolonga-se por algum tempo o que permite a Vieira da Silva e Arpad Szenes realizarem uma exposição no seu atelier.
De regresso a Paris volta a expôr. Entretanto, por encomenda, faz cópias de Braque e de Matisse, para projectos de tapeçarias. O casal vai agora viver no Boulevard Saint-Jacques. Não ficarão lá por muito tempo.
Na Alemanha a ascenção de Hitler não pára. Os conflitos políticos sucedem-se. Os acordos não fazem cessar os problemas. Em 1939 a Alemanha invade a Polónia. É o limite. A França e Inglaterra declaram-lhe a guerra, começa a II Guerra Mundial. Até 1945 a Europa não saberá o que é a paz.
Portugal mantém a velha aliança com a Inglaterra. Mas ao mesmo tempo não lhe agrada a ideia de combater contra a Alemanha de Hitler. Ou não esteja Salazar no Governo... Portugal tentará ficar fora do conflito. Pelo menos aparentemente, pois sempre poderá ganhar alguma coisa... fica só e com todos. Habilidades de um político. E depois é sempre bom para a espionagem, há um sítio para se conversar... e todos serão benvindos. Claro, que haverá sempre excepções, que no país não se querem comunistas.
Vieira da Silva está em França quando a guerra rebenta. Já não tem a nacionalidade portuguesa devido ao casamento. Mas nunca deixou de vir a Portugal, onde tem um atelier, e mais uma vez o casal decide regressar. Sempre poderá estar num sítio mais tranquilo.
Em Lisboa prepara-se a Exposição do Mundo Português. Enquanto a Europa está em guerra, o governo quer exibir o orgulho de um passado heróico e de um presente em paz. Muitos artistas são chamados a colaborar. Toda a cidade se prepara para os visitantes que espera ter. O Secretariado da Propaganda Nacional incentiva uma exposição de montras na Rua Garrett, a decoração será feita por diversos artistas. Entre eles, Vieira da Silva que faz "Luva com Flores" para a casa "Luva Verde", "Sapatos de 7 léguas" para a "Sapataria Garrett", e ainda "Bailado de Tesouras" para a "Sheffield House". Por esta última há-de receber um prémio. Pinta também por encomenda do Estado um quadro com destino à Exposição.
Durante a estadia no país Vieira da Silva decide pedir que lhe seja devolvida a nacionalidade portuguesa. Invoca motivos, é já uma artista conhecida. Mas o governo português é lá de ligar às artes... E ainda para mais de uma pintora moderna... Tem outras preocupações. Casada com um húngaro? Certamente é um comunista que se quer infiltrar. Sabe-se lá que perigos poderiam advir. Talvez se houvesse um divórcio?! Arpad Szenes ainda coloca tal hipótese, esteve sempre interessado em apoiar a mulher. Vieira da Silva não aceita, casada está, casada fica. Consequência: a nacionalidade portuguesa é-lhe recusada. E quanto ao quadro que se destinava à Exposição, também não é aceite. Coisa triste nascer num país que não nos quer. Melhor será partir.
O casal instala-se no Rio de Janeiro. No Brasil não é ainda possível um artista viver dos quadros que pinta. Para além do mais, são artistas que não estão inseridos nas correntes figurativas tão em voga do Brasil. E depois há os críticos, que nada ajudam a que o público visite as exposições dos novos artistas.
Arpad Szenes decide dedicar-se ao retrato, mais tarde ao ensino artístico. Sempre dá para sobreviver. Vieira da Silva pinta cerâmica, azulejos. Tentam algumas exposições, mas a participação não é animadora.. É tudo tão diferente da Europa... Fazem alguns amigos. Entre eles estão Murilo Mendes e Cecília Meireles. Desta última há-de fazer um retrato.
Da Europa continuam a chegar as noticias da guerra. Vieira da Silva tem momentos de tristeza. Pensa no que se passa . Imagina o que não vê, lembra-se das outras guerras e das leituras do Apocalipse. Quando lhe são contadas as experiências vividas, Vieira da Silva decide pintar "O Desastre". É a realidade de guerra. Não são momentos fáceis de viver. Para atenuar, vem a encomenda de um painel de azulejos para Escola Agrícola do Distrito Federal, Rio de Janeiro. "Quilómetro 44" é o titulo.
Entretanto, Ardenquin, pintor uruguaio, envia fotografias de telas de Vieira da Silva ao seu amigo e também pintor - Torres Garcia. O artigo que este escreve na revista Alfar é de tal forma favorável que Vieira da Silva sente um novo ânimo.
Em 1945 a guerra acaba. Ficará ainda no Brasil algum tempo. Dois anos mais tarde o próprio governador de Minas Gerais convida o casal a expôr em Belo Horizonte. Enquanto isso, Jeanne Bucher organiza em Nova York a primeira exposição individual de Vieira da Silva
É agora tempo de regressar a França. Arpad irá mais tarde pois tem ainda o curso para terminar.
Vieira da Silva é cada vez mais reconhecida. O estado francês sabe a apreciar o seu mérito. Pela primeira vez adquire uma obra sua. Irá fazê-lo mais vezes.
As exposições individuais sucedem-se - Londres, Nova York, Basileia, Lille, Genebra. Ao mesmo tempo recebe prémios pelas suas obras - S. Paulo, Caracas. É reconhecida internacionalmente.
Bem o dissera Vieira da Silva quando fez o pedido de nacionalidade a Portugal... Agora é demasiado tarde. Em 1956 é naturalizada francesa, o próprio Estado francês o decretou.
É tempo agora de possuir melhores condições para poder fazer o seu trabalho. Adquire um terreno na Rue de l’Abbé Carton onde o arquitecto Johannet lhe projecta uma casa em que terá o seu próprio atelier. Tudo terá mais espaço.
No ano seguinte a sua mãe vem viver para Paris. Até ao ano da sua morte, em 1964, não terá outra residência.
O Estado francês atribui a Vieira da Silva o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras; em 1963 será a vez do grau de Comendador.
Já não é só à pintura que Vieira da Silva se dedica. A tapeçaria e o vitral terão também a sua atenção. Em 1965, é-lhe feita a encomenda de 8 vitrais para a Igreja de Saint Jacques, nos quais irá trabalhar durante algum tempo. Entretanto, vão-se sucedendo as retrospectiva sobre a pintora em várias cidades. Entre elas, a de Lisboa, que estará a cargo da Fundação Gulbenkian.
Em 1974, Portugal conhece finalmente o fim de um regime que não favorecia propriamente os artistas. É a revolução dos cravos. Vieira da Silva não fica indiferente aos acontecimentos que ocorrem no país onde nasceu. Faz dois cartazes sobre a revolução, que mais uma vez a Função Gulbenkian se encarregará de editar.
O trabalho da pintora é cada vez mais importante. Muitos são aqueles que a admiram. Chegou agora a vez de fazer uma encomenda para Portugal.
Em 1983 aceita o convite para realizar a decoração da nova estação do Metro de Lisboa - Cidade Universitária.
Arpad Szenes não assistirá à inauguração. Nos princípios de 1985 morre. A estação só será inaugurada 3 anos mais tarde.
A perda do companheiro de tantos anos afecta naturalmente a sua pintura. A cor altera-se, é outra forma de luminosidade. É no ano seguinte que pinta "O fim do mundo"
Vieira da Silva tem ainda tempo para ver a Fundação com o seu nome e do seu marido ser criada em Lisboa. No mesmo ano em que é operada ao coração (1990).
No ano seguinte o Estado francês demonstra mais uma vez o apreço em que a tem - é-lhe atribuído o grau de Oficial da Legião de Honra.
Apesar de tudo, Vieira da Silva continua a pintar. Sabe que o outro lado não estará muito longe. Ainda em 1992 pinta uma sucessão de têmperas, com o título "Luta com um anjo". É o prenúncio do fim. Vieira da Silva não é dada a grandes místicas, mas há sempre interrogações que se colocam: "Às vezes, pelo caminho da arte, experimento súbitas, mas fugazes iluminações e então sinto por momentos uma confiança total, que está além da razão. Algumas pessoas entendidas que estudaram essas questões dizem-me que a mística explica tudo. Então é preciso dizer que não sou suficientemente mística. E continuo a acreditar que só a morte me dará a explicação que não consigo encontrar."
A 6 de Março de 1992, Vieira da Silva morre em Paris. (Fonte: Vidas Lusófonas)
Maria Helena tem cerca de dois anos quando parte com a família e a sua preceptora para a Suíça. Em Fevereiro de 1911 o pai morre de tuberculose. A família regressa a Lisboa. Instala-se na casa do avô materno.
Tudo é agora diferente. À serenidade da Suíça contrapõe-se a agitação que se vive em Portugal. Lisboa é uma cidade de convulsões. A República tinha sido implantada no ano anterior, e nem a todos agrada. Os movimentos políticos são muitos. As ideias estão ainda em ebulição.
De 1910 a 1926 Portugal terá cerca de 50 governos. As revoluções são uma constante. De permeio, Portugal participa ainda na 1ª Grande Guerra. Ao clima de instabilidade política junta-se também a económica e social. É necessário recorrer a empréstimos estrangeiros e, enquanto isso, os trabalhadores reclamam pelos seus direitos. Tempos difíceis esses.
Maria Helena está protegida de tudo isto. Vive na grande casa de seu avô. Um mundo de adultos. Não frequenta a escola. A educação é feita em casa. A própria mãe toma isso a seu cargo. Aprende a ler e a escrever em português, francês e inglês. Não tem a companhia de outras crianças. Momentos há em que sente tristeza, angústias, talvez a solidão, como ela própria o dirá mais tarde: "Era a única criança, numa casa muito grande, onde me perdia, onde havia muita coisa, muitos livros ... não tinha amiguinhas, não ia à escola....".
Aos 5 anos faz desenhos, aos 13 pinta a óleo. Dado o interesse da criança, a família apoia a aprendizagem.
Em 1916 a Mãe compra uma casa em Sintra. Alguns Verões serão aí passados. A paisagem que a rodeia impressiona-a, questionando-se como representar tudo o que vê.
Na Escola de Belas Artes de Lisboa frequenta um curso de escultura. A anatomia também a interessa; para melhor a aprender frequenta a disciplina na Escola de Medicina. Em 1926 muda-se para outra casa que a mãe adquire em Lisboa. Mas esta cidade não lhe basta. Já não podia progredir em Lisboa, a pintura que aí fazia não me satisfazia, não sabia o que fazer, nem como fazer. Tem de procurar outros caminhos. Dois anos mais tarde parte para Paris, a acompanhá-la vai sua mãe.
Paris é um grande centro. Os grandes movimentos artísticos do século anterior estão ainda muito presentes, ao mesmo tempo que outros surgem. É uma constante mutação. As inovações de Van Gogh, de Gauguin, de Cezanne influenciam muitos dos artistas.
Mãe e filha alojam-se no Medical Hotel, local onde estão instalados ateliers de outros artistas, para além de um ringue de boxe. Maria Helena visita os museus, conhece as obras de mestres. Um deles impressiona-a: Cezanne. Mais tarde há-de inspirar-se num seu quadro para fazer uma tela - "Os jogadores de cartas".
Em Paris contacta com os seus contemporâneos, Picasso, Duchamp, Braque. Está atenta aos novos movimentos, mas não se insere em nenhum. São formas de prisão que não aceita.
Em 1928 visita a Itália. Observa as obras dos grandes mestres italianos. Estuda a perspectiva, as formas. De tudo tira lições para melhor encontrar o seu próprio caminho. Quer que os seus quadros transmitam tudo o que a faz admirar - a forma, o som, o cheiro. Um dia ela própria o dirá: "Procuro pintar algo dos espaços, dos ritmos, dos movimentos das coisas."
De regresso a Paris frequenta a Academia de la Grande Chaumière e, pela primeira vez, participa numa exposição no Salon de Paris.
Em Paris está também Arpard Szenes, pintor húngaro, alguns anos mais velho. Conhecem-se. Não mais se hão-de separar.
Arpard incentiva-a na sua pintura, na procura do seu caminho. Para lhe facilitar o trabalho dá-lhe apoio moral e financeiro. Em 1930 casam e no mesmo ano visitam a Hungria e a Transilvânia. Da viagem, Maria Helena recolhe a imensidão do espaço, a paisagem que observa. É a contínua busca de uma forma de ver. Quando voltam instalam-se em Paris, na Villa das Camélias. O casal não pára de trabalhar. Participam nalgumas exposições. Não tardará a primeira individual. Será Jeanne Bucher, galerista, que a organiza em 1933, onde será também apresentado o livro infantil Ko et Ko, com ilustrações da pintora.
No ano seguinte Vieira da Silva vende o seu primeiro quadro, o comprador é também pintor - Campigli.
Em 1935 Vieira da Silva adoece com icterícia . A doença ataca-a de forma violenta, obrigando-a a permanecer de cama. Não lhe é fácil estar parada. É desta época a tela "O Quarto dos Azulejos". Ao tema português do azulejo, junta-se uma nova forma de representação do espaço. Às vezes a doença descobre outros caminhos...
Em Portugal, António Pedro, o encenador e escritor, prepara a primeira exposição. Em Lisboa, tem também um atelier, na casa que mãe comprara anos antes. A estadia prolonga-se por algum tempo o que permite a Vieira da Silva e Arpad Szenes realizarem uma exposição no seu atelier.
De regresso a Paris volta a expôr. Entretanto, por encomenda, faz cópias de Braque e de Matisse, para projectos de tapeçarias. O casal vai agora viver no Boulevard Saint-Jacques. Não ficarão lá por muito tempo.
Na Alemanha a ascenção de Hitler não pára. Os conflitos políticos sucedem-se. Os acordos não fazem cessar os problemas. Em 1939 a Alemanha invade a Polónia. É o limite. A França e Inglaterra declaram-lhe a guerra, começa a II Guerra Mundial. Até 1945 a Europa não saberá o que é a paz.
Portugal mantém a velha aliança com a Inglaterra. Mas ao mesmo tempo não lhe agrada a ideia de combater contra a Alemanha de Hitler. Ou não esteja Salazar no Governo... Portugal tentará ficar fora do conflito. Pelo menos aparentemente, pois sempre poderá ganhar alguma coisa... fica só e com todos. Habilidades de um político. E depois é sempre bom para a espionagem, há um sítio para se conversar... e todos serão benvindos. Claro, que haverá sempre excepções, que no país não se querem comunistas.
Vieira da Silva está em França quando a guerra rebenta. Já não tem a nacionalidade portuguesa devido ao casamento. Mas nunca deixou de vir a Portugal, onde tem um atelier, e mais uma vez o casal decide regressar. Sempre poderá estar num sítio mais tranquilo.
Em Lisboa prepara-se a Exposição do Mundo Português. Enquanto a Europa está em guerra, o governo quer exibir o orgulho de um passado heróico e de um presente em paz. Muitos artistas são chamados a colaborar. Toda a cidade se prepara para os visitantes que espera ter. O Secretariado da Propaganda Nacional incentiva uma exposição de montras na Rua Garrett, a decoração será feita por diversos artistas. Entre eles, Vieira da Silva que faz "Luva com Flores" para a casa "Luva Verde", "Sapatos de 7 léguas" para a "Sapataria Garrett", e ainda "Bailado de Tesouras" para a "Sheffield House". Por esta última há-de receber um prémio. Pinta também por encomenda do Estado um quadro com destino à Exposição.
Durante a estadia no país Vieira da Silva decide pedir que lhe seja devolvida a nacionalidade portuguesa. Invoca motivos, é já uma artista conhecida. Mas o governo português é lá de ligar às artes... E ainda para mais de uma pintora moderna... Tem outras preocupações. Casada com um húngaro? Certamente é um comunista que se quer infiltrar. Sabe-se lá que perigos poderiam advir. Talvez se houvesse um divórcio?! Arpad Szenes ainda coloca tal hipótese, esteve sempre interessado em apoiar a mulher. Vieira da Silva não aceita, casada está, casada fica. Consequência: a nacionalidade portuguesa é-lhe recusada. E quanto ao quadro que se destinava à Exposição, também não é aceite. Coisa triste nascer num país que não nos quer. Melhor será partir.
O casal instala-se no Rio de Janeiro. No Brasil não é ainda possível um artista viver dos quadros que pinta. Para além do mais, são artistas que não estão inseridos nas correntes figurativas tão em voga do Brasil. E depois há os críticos, que nada ajudam a que o público visite as exposições dos novos artistas.
Arpad Szenes decide dedicar-se ao retrato, mais tarde ao ensino artístico. Sempre dá para sobreviver. Vieira da Silva pinta cerâmica, azulejos. Tentam algumas exposições, mas a participação não é animadora.. É tudo tão diferente da Europa... Fazem alguns amigos. Entre eles estão Murilo Mendes e Cecília Meireles. Desta última há-de fazer um retrato.
Da Europa continuam a chegar as noticias da guerra. Vieira da Silva tem momentos de tristeza. Pensa no que se passa . Imagina o que não vê, lembra-se das outras guerras e das leituras do Apocalipse. Quando lhe são contadas as experiências vividas, Vieira da Silva decide pintar "O Desastre". É a realidade de guerra. Não são momentos fáceis de viver. Para atenuar, vem a encomenda de um painel de azulejos para Escola Agrícola do Distrito Federal, Rio de Janeiro. "Quilómetro 44" é o titulo.
Entretanto, Ardenquin, pintor uruguaio, envia fotografias de telas de Vieira da Silva ao seu amigo e também pintor - Torres Garcia. O artigo que este escreve na revista Alfar é de tal forma favorável que Vieira da Silva sente um novo ânimo.
Em 1945 a guerra acaba. Ficará ainda no Brasil algum tempo. Dois anos mais tarde o próprio governador de Minas Gerais convida o casal a expôr em Belo Horizonte. Enquanto isso, Jeanne Bucher organiza em Nova York a primeira exposição individual de Vieira da Silva
É agora tempo de regressar a França. Arpad irá mais tarde pois tem ainda o curso para terminar.
Vieira da Silva é cada vez mais reconhecida. O estado francês sabe a apreciar o seu mérito. Pela primeira vez adquire uma obra sua. Irá fazê-lo mais vezes.
As exposições individuais sucedem-se - Londres, Nova York, Basileia, Lille, Genebra. Ao mesmo tempo recebe prémios pelas suas obras - S. Paulo, Caracas. É reconhecida internacionalmente.
Bem o dissera Vieira da Silva quando fez o pedido de nacionalidade a Portugal... Agora é demasiado tarde. Em 1956 é naturalizada francesa, o próprio Estado francês o decretou.
É tempo agora de possuir melhores condições para poder fazer o seu trabalho. Adquire um terreno na Rue de l’Abbé Carton onde o arquitecto Johannet lhe projecta uma casa em que terá o seu próprio atelier. Tudo terá mais espaço.
No ano seguinte a sua mãe vem viver para Paris. Até ao ano da sua morte, em 1964, não terá outra residência.
O Estado francês atribui a Vieira da Silva o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras; em 1963 será a vez do grau de Comendador.
Já não é só à pintura que Vieira da Silva se dedica. A tapeçaria e o vitral terão também a sua atenção. Em 1965, é-lhe feita a encomenda de 8 vitrais para a Igreja de Saint Jacques, nos quais irá trabalhar durante algum tempo. Entretanto, vão-se sucedendo as retrospectiva sobre a pintora em várias cidades. Entre elas, a de Lisboa, que estará a cargo da Fundação Gulbenkian.
Em 1974, Portugal conhece finalmente o fim de um regime que não favorecia propriamente os artistas. É a revolução dos cravos. Vieira da Silva não fica indiferente aos acontecimentos que ocorrem no país onde nasceu. Faz dois cartazes sobre a revolução, que mais uma vez a Função Gulbenkian se encarregará de editar.
O trabalho da pintora é cada vez mais importante. Muitos são aqueles que a admiram. Chegou agora a vez de fazer uma encomenda para Portugal.
Em 1983 aceita o convite para realizar a decoração da nova estação do Metro de Lisboa - Cidade Universitária.
Arpad Szenes não assistirá à inauguração. Nos princípios de 1985 morre. A estação só será inaugurada 3 anos mais tarde.
A perda do companheiro de tantos anos afecta naturalmente a sua pintura. A cor altera-se, é outra forma de luminosidade. É no ano seguinte que pinta "O fim do mundo"
Vieira da Silva tem ainda tempo para ver a Fundação com o seu nome e do seu marido ser criada em Lisboa. No mesmo ano em que é operada ao coração (1990).
No ano seguinte o Estado francês demonstra mais uma vez o apreço em que a tem - é-lhe atribuído o grau de Oficial da Legião de Honra.
Apesar de tudo, Vieira da Silva continua a pintar. Sabe que o outro lado não estará muito longe. Ainda em 1992 pinta uma sucessão de têmperas, com o título "Luta com um anjo". É o prenúncio do fim. Vieira da Silva não é dada a grandes místicas, mas há sempre interrogações que se colocam: "Às vezes, pelo caminho da arte, experimento súbitas, mas fugazes iluminações e então sinto por momentos uma confiança total, que está além da razão. Algumas pessoas entendidas que estudaram essas questões dizem-me que a mística explica tudo. Então é preciso dizer que não sou suficientemente mística. E continuo a acreditar que só a morte me dará a explicação que não consigo encontrar."
A 6 de Março de 1992, Vieira da Silva morre em Paris. (Fonte: Vidas Lusófonas)
O Quadro
L'arène (Maria Helena Vieira da Silva)
Subscrever:
Mensagens (Atom)