terça-feira, 7 de outubro de 2008

Professores

O novo sistema de avaliação está a deixar os professores avaliadores sem tempo de preparar as aulas. Multiplicam-se as reuniões e a burocracia é muita, queixam-se vários docentes. Os resultados dos alunos vão contar e há quem tema que, por causa disso, as notas venham a ser inflacionadas. Outros parâmetros, como o empenho e a relação com os alunos, também suscitam dúvidas.(Jornal Público de 7/10/2008)

Isto é a verdade nua e crua.

Eu não sou professor, mas vivo o dia a dia dessa classe de torturados profissionais.

Vilipendiados por um certa opinião pública castrada de ideias e manipulada pela propaganda ministerial, constantemente matraquilhada por quem, economicamente dependendo dos subsídios governamentais, faz o jogo político desse mesmo Governo - refiro-me à Confederação de Pais e ao seu presidente - os professores estão cada vez mais desesperados.

Infelizmente vão perder a guerra. Com prejuízo da sua sanidade mental e, sobretudo, com prejuízo - este irrecuperável - da formação dos alunos, os nossos filhos, os nossos netos, as futuras gerações de portugueses.

Mas não são só os avaliadores que sofrem com este estado de coisas. O que dizer daqueles que vêem o seu futuro dependente de um processo irracional e, no mínimo "não exequível" ? São os próprios formadores dos avaliadores, braços armados do ministério, que o dizem em plenas acções de formação.

O deixa andar no que toca à qualidade da preparação dos alunos está praticamente instalado. O Governo propagandeia o aumento das taxas de sucesso escolar, mas não se atem na qualidade do ensino, nem nos conhecimentos dos alunos.

Tendemos, cada vez mais rapidamente, para a incompetência diplomada.

Que os alunos adquiram ou não os conhecimentos necessários ? Não interessa.

O que é preciso é que haja números.
O que é preciso é que não haja reprovações.
O que é preciso é dividir os professores para reinar.

Os pais ainda não entenderam isso ???

Eu diria, como Zeca Afonso: O que é preciso é ... avisar a malta !!!

3 comentários:

  1. Olá, Jorge!

    Obrigada por este artigo.
    Também eu estou convencida de que os professores vão perder a guerra, mas por sua própria responsabilidade. Sou professora e penso que a maioria de nós ainda não percebeu a força que tem. Bastaria que, unidos, exigíssemos as condições mínimas de trabalho dignas de qualquer profissional. Na verdade, estas não existem na maioria das nossas escolas, mas continuamos a fazer tudo por tudo pelos alunos, sacrificando horas de descanso, o convívio familiar, comprando materiais do nosso bolso, etc, etc. Até quando???
    Para nós ficou bem claro, com todas as medidas tomadas pelo Ministério, que o que ao governo menos preocupa é a qualidade do ensino. Interessa-lhe, sim, o sucesso fabricado, administrativo. Um dia, quando todos se derem conta do monstro que ele criou, será tarde.
    Teremos uma escola pública apenas para as famílias carenciadas, pois os que têm algum poder económico estarão em instituições privadas.
    Um beijo,

    Milouska

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  2. MILOUSKA :

    Já contou as "armas" ? Já pressentiu o nº dos seus colegas de ensino a quem não interessa (ou não convém) essa união ?
    Claro que era fácil, nessa área, e em muitas outras, tirar Portugal do charco.
    Já viu o gigante que é a máquina da imagem do Governo ?
    Como dizia o outro, TUDO EM NOME DO POVO e do seu bem estar. Ele é o SIMPLEX, ele é AS NOVAS OPORTUNIDADES...
    Vamos (já estamos !) para o lameiro e com um sorriso idiota estampado na cara !!!

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  3. Pois, João. Tem toda a razão.
    Quanto às Novas Oportunidades, todos sabemos como funcionam e qual o seu objectivo; O Simplex é mais do que "Complex" no ensino. É a morte pura e simples da escola pública de qualidade. E ajudado incondicionalmente por uma imprensa pouco séria (porque estudar os temas a fundo dá muito trabalho) o governo vai-nos desgovernando como quer e lhe apetece...

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