Mário Crespo é um dos pivots mais conhecidos da televisão portuguesa. Jornalista distinto, elegante na sua função, às vezes polémico, mas, sem qualquer sombra de dúvida, uma das figuras que ficarão na história do jornalismo e da televisão em Portugal.
Acabei de receber, por e-mail, um texto que lhe atribuem. Procurei mas não consegui saber onde foi publicado. Só encontrei outra referência a ele num blogue, num artigo datado de Agosto/2008, que também não refere a publicação original.
Da autoria de Mário Crespo ou não (acredito que sim), por ventura publicado nalgum jornal português que não li, este texto consegue exprimir o sentir de muitos portugueses e, face à actual situação da nossa economia, ele adquire uma grande actualidade. Aqui o reproduzo, com a devida vénia ao autor:
Da autoria de Mário Crespo ou não (acredito que sim), por ventura publicado nalgum jornal português que não li, este texto consegue exprimir o sentir de muitos portugueses e, face à actual situação da nossa economia, ele adquire uma grande actualidade. Aqui o reproduzo, com a devida vénia ao autor:
Imaginem
( só menos 10% para os tais...!)
Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados.
Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.
Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo. Imaginem que País podíamos ser se o fizéssemos. Imaginem que País seremos se não o fizermos.
CHIÇA, QUE IMAGINAÇÃO TÃO FERTIL...
ResponderEliminarUM ABRAÇO
Jorge,
ResponderEliminarEu também li há algum tempo atrás. Também não sei se foi num e-mail ou numa revista (Visão? , Na Sábado, não foi porque ele não é colunista nesta).
AGORA IMAGINEM MESMO QUE O FERNANDO PINTO TOMA CONHECIMENTO DESTA COISA SIMPLES E TUDO SEGUE CONFORME MÁRIO CRESPO...
Não, neste Portugal, ISTO só em IMAGINAÇÃO...
-QUERIAS ? (E faz o gesto celebrado pelo Rafael Bordalo Pinheiro) ...TOMA !
Até parece simples!!! eh eh
ResponderEliminarUm abraço,
Milouska
Só mesmo em imaginação isto poderá acontecer... Neste Portugal à beira mar plantado, isso não será possível, a não imaginando, claro!
ResponderEliminarSafira
Olá!
ResponderEliminarEste excelente artigo de opinião foi publicado no Jornal de Notícias (2008-08-04):
http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=974848&opiniao=M%E1rio%20Crespo
Abraços!
Paulo
ResponderEliminarObrigado pela informação. Realmente não tinha lido o DN.
Como não conseguiu encontrar o jornal com o artigo.. aqui vai o link para o jornal onde saiu a crónica do Mário Crespo! MUITO BOM, MESMO! http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=974848&opiniao=M%E1rio%20Crespo
ResponderEliminarAté breve
Peço desculpa pela repetição..
ResponderEliminarEstava mesmo distraído...
e o dignissimo henrique monteiro também puxa a sua brasa á sardinha de mário crespo lol: O sr Henrique monteiro de.
ResponderEliminarhttp://bit.ly/cUsRt4
o caso Jn:-reflexão sobre a má fé e falta de principios
ResponderEliminarParece que afinal mário crespo não nos disse da tal verdade que impõe a outros.
http://apombalivre.blogspot.com/2010/02/o-caso-jn-reflexao-sobre-ma-fe-e-falta.html
E EU, Rúbben De Sillva Dias, descendente de Pobre, mas com várias letras dúplas no meu nome, confirmo e afirmo:
ResponderEliminarImaginem que os que hoje celebram o centenário da Répública se lembravam dos seus verdadeiros ideais e os punham em prática:
Dexaria de haver nobres.
Ser povo deixava de significar ser pobre.
Ninguém nasceria rico nem pobre, porque os ideais republicanos proclamam que todos nascemos iguais em direitos, mesmo que isso signifique que, à nascença, todos temos os mesmos direitos de propriedade.
Ninguém pode ser distinguido pela sua ascendência, pois não se escolheu ser filho de nobre ou de pobre.
Todos terão acesso ao ensino, não em igualdade de direitos abstratos, mas na real possibilidade de os exercer.
Todos teremos as mesmas possibilidades de chegar às universidades, mesmo que sejam as de Cambridge ou Oxford.
Todos teremos, à partida, iguais hipóteses de vir a ser Presidentes da República, Ministros ou Secretários de Estado, Gestores Públicos ou Administradores, do Banco de Portugal, da Caixa Geral de Depósitos, da Tap, da PT, ou de qualquer outra empresa com capitais do Estado ou privados.
Porque só há liberdade quando se pode escolher e só se pode escolher quando se conhecem as alternativas, então, só quando todos tivermos as mesmas hipóteses de conhecer, seremos livres e votaremos em liberdade naqueles que escolhermos para nos governarem.
Depois, ninguém terá o direito de reclamar dos prémios de produtividade escandalosos atribuidos a alguns administradores de empresas, nem das reformas vergonhosas, de nababos, para uns, e de miséria, para outros.
Quem tiver, REALMENTE, as mesmas hipóteses à partida - sem distinção de ascendência ou herança - não pode - não tem o direito de reclamar, se as desigualdades da vida foram causadas por não ter aproveitado como os outros as reais possibilidades que a sociedade lhes deu.
O nosso mundo não seria a cidade da Utopia, mas seria melhor, mais justo e mais pacífico.
Os recursos do Mundo não seriam exclusivamente daqueles que sobre eles nasceram, só porque aí nasceram.
O Mundo é da Humanidade.
Todos os recursos naturais são de todos os homens, porque a ninguém pode ser reconhecido mérito por ter nascido num lugar onde não escolheu nascer.
O petróleo, o ouro, o ferro, e a fertilidade do solo são da Humanidade, tal como a água e o ar. Bem haja aos que aí nasceram, mas esses recursos são também dos outros.
As nações ricas têm que doar parte da sua riqueza às nações pobres, para promoverem o seu desenvolvimento, e não poderão explorá-las nos seus parcos recursos.
Esta é a ética da Humanidade: a LIBERDADE.
Podemos abdicar de todos os outros direitos, porque, se houver verdadeira liberdade, todos os outros direitos lhe são imanentes.
Para se ser livre com os outros, terá que ser-se IGUALMENTE livre. Daí resulta a IGUALDADE.
E, se houver igualdade real, todos os outros direitos estarão sistematicamente estabelecidos e garantidos.
Viva a república, cujos ideais os franceses proclamaram;
LIBERDADE
IGUALDADE e
FRATERNIDADE.
Hoje recebi um email com esta crónica. Jurava que era sobre a actual situação do país, sobre o tal orçamento. Mas não, ela foi escrita em 2008!
ResponderEliminarÉ uma pena que este país continue ã se afundar cada vez mais. O que podemos fazer além de imaginar?
Leiam o blog: http://exiladonomundo.blogspot.com/
Também muito actual.