domingo, 14 de dezembro de 2008

Os médicos não são como os professores


O Governo está em maré de "comprar" guerras. Primeiro os funcionários públicos em geral, de seguida os professores, agora os médicos.

Por este caminho não vai ter um Feliz Ano Novo.

A cegueira reformista (ou teimosia destruidora) impede o bom senso, pondo claramente a nu o autoritarismo. Estamos a regredir 35 anos.

Assistimos à destruição da Escola Pública, estamos a assistir à destruição do Serviço Nacional de Saúde, áreas sensíveis da sociedade onde, mais do que em quaisquer outras se desejam calma, serenidade e bom ambiente de trabalho, sem os quais é impossível levar a cabo as tarefas que competem aos profissionais dos respectivos sectores.

A substituição de Correia de Campos por Ana Jorge foi afinal tão só uma mudança de pessoas, que não correspondeu a uma alteração da política desastrosa do Governo.

Os encerramentos dos serviços vão continuar pelo País fora e agora pretende-se alterar, por via legislativa própria e com um simulacro de audição dos sindicatos, as Carreiras e Qualificações Médicas.

Quer agora o Governo impor um regime de 40 horas de trabalho semanal, quer que os médicos com mais de 50 anos de idade regressem ao trabalho nocturno na Urgências (de que estavam dispensados), quer que os médicos com mais de 55 regressem ao trabalho diurno nas Urgências e assim se pretende eliminar para os médicos os limites à prestação de trabalho extraordinário previstos no Código do Trabalho.

O Governo quer descaracterizar a Carreira Médica de Clínica Geral e a de Saúde Pública, ignora as de Medicina do Trabalho e de Medicina Legal.

Tudo isto sem que se fale em remunerações, claro.

A revogação pura e simples do Decreto-Lei 73/90 (Regime das Carreiras Médicas) trás consigo a revogação de muita legislação em vigor, inclusive o Decreto-Lei 44/2007 (este já de Correia de Campos). Casa e descasa !!!

No domínio da Qualificação, quando se entrega a titulação e graduação em exclusivo à Ordem dos Médicos, pretende-se acabar com a capacidade formativa e de avaliação dos Hospitais, regressando às condições do tempo da "outra senhora". Será que vai ser restaurado o famigerado Exame à Ordem ? Será que vão acabar os Internatos Hospitalares ? Será que vai avante a Recertificação, obrigatória de 5 em 5 anos, perante a Ordem (com uma reavaliação curricular, uma prova técnica pública de competências e uma discussão de artigo científico publicado), sem a qual o médico fica impossibilitado do exercício profissional ? Em que outras Ordens isto se passa ?

Diz o Sindicato Independente dos Médicos (SIM): "... se pensarmos que a transição de categorias e de posições remuneratórias implicam milhões de euros em gastos salariais, e que filtros apertados vêm mesmo a calhar ... e se for tida em conta a alteração pretendida no Internato Médico e que possibilita o exercício autónomo da medicina no fim do 1º ano, assim lançando no mercado de trabalho mão de obra barata e pouco reivindicativa, mesmo que paradoxalmente (será?) à custa de uma menor qualificação técnica ... o que se exige agora aos médicos portugueses, e sobretudo aos que exercem a sua actividade no Serviço Nacional de Saúde, é que cada um e todos se definam. Agora já não dá para subterfúgios e silêncios dúbios. O tempo é de cerrar fileiras e limpar as armas. A vantagem do tempo presente é que só dá direito a duas posições/resposta - sim ou não. O talvez morreu."

Há uma coisa de que este Governo se esquece: é que os médicos e os outros profissionais da saúde não são como os professores.
A luta será muitíssimo mais dura.

6 comentários:

  1. Acredito Jorge
    Sabe qual é o a diferença, é que para o povinho se o centro de saúde fechar é uma desgraça e fazem tudo para o manter aberto, a educação não interessa a niguém. Para o estado, quanto mais burro for o povo melhor, por sua vez os pais o que querem é que os filhos passem. Os professores são uma cambada de preguiçosos. Estamos a começar a aprender a sermos unidos e a lutar. Unidos também venceremos

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  2. Mikasmi
    Respondi no diHITT.
    Obrigado pela visita e comentário.

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  3. Caro Jorge
    As Guerras que este governo compra são mais que muitas, e não tem vergonha nenhuma, cá em casa sempre votamos no PS, mas já todos juramos que não o voltaremos a fazer.
    A primeira coisa que estes tipos fizeram foi castigar os Jornalistas acabando com a Caixa de Previdência e Abono de Familia dos Jornalistas, o que levou à "falência" da Casa da Imprensa.
    Tudo o que for bom para o povo eles retiram.
    Mas o povinho anda anestesiado, e por isso temo esta canalha volte a conquistar a maioria absoluta.
    Parabéns pelo seu Blog, gosto de o visitar.
    Abç
    G.J.

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  4. Jorge, visitando o seu blog atráves do Paulo, me deparei com o texto
    "Os médicos não são como professores". Eu o li com bastante atenção e achei conveniente em determinados aspectos. Naturalmente as classes de profissionais são distintas em suas funções e isso faz com que cada um tenha o seu espaço na sociedade. Existem forças que vêm deteriorando as classes e toda a estrutura que as envolve. Isso inclue a lasse dos professores, médicos etc. Gostaria de colocar apenas uma observação em relação ao comentário da Mikasmi, quando diz que os professores são uma cambada de preguiçosos. Sou educadora e não me considero preguiçosa em qualquer aspecto. Estudo, trabalho, luto por condições melhores. Trabalho em escolas de periferia, onde a qualidade de ensino e aprendizagem cresceu devido ao empenho do quadro de professores e equipe pedagógica da qual faço parte. Claro que existem professores preguiçosos sim, assim como médicos e outros profssionais que tb o são, além de outros adjetivos que não cabe citar no momento.Assim com ela diz que a união começa a se fazer presente, em diversos lugares essa luta tb jáexiste. Mas nunca, em momento algum, sendo educadora, desprestigiaria minha classe chamando-a de cambada de preguiçosos, porque sei do meu trabalho e empenho em melhorar cada vez mais e lutar por todos os direitos que temos e contra essas imposições que o governo vem fazendo pra que a qualidade da nossa educação caia cada vez mais. Discutir, argumentar, e, principalmente não ficar calados, é fundamental para que a situação não se sedimente.
    Lutar é de lei.
    Independente do país em que vivemos, as crises e dificuldades são semelhantes,e acredito que devamos ter acima de tudo, respeito por aquilo que fazemos e somos.
    Desculpe-me a Mikasmi se entendi de forma indevida a sua colocação.
    Um grande abraço.
    Flavina Maria Braga Silva

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  5. Flavina
    Não sou advogado de defesa de ninguém mas a Mikasmi é professora também.
    Eu entendi que ela quis repetir o que os "ignorantes" dizem da vossa classe.
    Obrigado pela sua visita e brilhante cmentário.

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  6. Sr. Gaspar, a CPAFJ acabou ? nem sabia, pois continuo a falar com eles.
    A Casa de Imprensa ? Recebeu o fundo de publicidade da Caixa (milhões de escudos), e depois o que fez deles ? Deve estar a referir-se apenas aos reembolsos .. então fique a saber que quem pagava não era a caixa, mas a ARSLVT! Fale de coisas que saiba, pois se quiser ainda lhe ensino algumas coisitas.

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