sábado, 31 de janeiro de 2009

Músicas que o cinema imortalizou (7)



Singin' in the Rain - Gene Kelly (do filme Singin' in the Rain)

Politicamente correcto


"O histórico deputado do Partido Socialista, Manuel Alegre, disse hoje no Porto, que José Sócrates não é acusado de nada e pediu empenho nas investigações para que a verdade seja esclarecida.

“Segundo a única entidade competente, o procurador-geral da República, José Sócrates não é acusado de nada e, portanto, aquilo que eu desejo é que as coisas sejam esclarecidas, porque é muito ingrato para uma pessoa estar sujeita a ser julgada na praça pública”, disse Alegre em declarações aos jornalistas momento antes de proceder à inauguração da sede do Porto do MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania).

Evitando comentar o silêncio do Presidente da República relativamente ao caso Freeport – “compete ao PR definir aquilo que deve dizer ou não deve dizer”- o ex-candidato presidencial disse que “parece que há dificuldade em investigar e as coisas demoram muito tempo e depois ninguém é acusado, ninguém é inocentado”. “Vive-se uma nebulosa e isso não é bom para a democracia”, rematou Manuel Alegre." (Fonte: Público)

Não se esperava outra coisa de Manuel Alegre a não ser o politicamente correcto.
Dentro do Partido Socialista o incómodo já será notório, pelo arrastamento que o assunto Freeport necessariamente acarreta e de que as sondagens são reflexo.
Aguardemos os desenvolvimentos políticos.

Chaminé Algarvia (2)



Alcantarilha - Algarve - Portugal

Demita-se


O Primeiro-Ministro já não tem condições para governar.

Só o facto de não ter estado na Assembleia da República para a discussão do Orçamento "Suplementar", porque sentiu necessidade de tratar dos seus assuntos pessoais e fazer mais uma declaração ao país sobre o caso Freeport, é prova disso.

Os actos da governação de Portugal não podem ser subestimados e passados para segundo plano.

O país não o pode aceitar, o povo português exige que assim não seja.

Os maus exemplos que José Sócrates dá aos portugueses têm sido constantes.

Desde a cena do cigarro a bordo do avião até ao recurso aos paraísos fiscais fora de Portugal, passando pela, ainda não claramente esclarecida, licenciatura, não são consentâneos com a dignidade que se quer na imagem de um Primeiro-Ministro.

O país está a ser descredibilizado, o Partido Socialista afunda-se, a Justiça tenta passar uma imagem de imparcialidade ao mesmo tempo que mostra, claramente, que afinal os cidadãos não são todos iguais perante a Lei.

Como diz João Marcelino (Diário de Notícias de hoje) "José Sócrates deve tratar os portugueses como pessoas adultas, que sabem pensar e tirar as suas próprias conclusões."

Viana do Castelo


Viana do Castelo é uma cidade portuguesa, capital do distrito de Viana do Castelo, na região norte.
É sede de um município com 314,36 km² de área e cerca de 36.750 habitantes no seu núcleo urbano e 83 mil em todo o concelho, subdividido em quarenta freguesias.
O município é limitado a norte pelo município de Caminha, a leste por Ponte de Lima, a sul por Barcelos e Esposende e a oeste tem litoral no Oceano Atlântico.
As origens do povoamento remontam a antes da era cristã como o comprovam as ruínas de um castro ou citânia no alto da colina de Santa Luzia.
Recebeu o seu primeiro foral do rei Afonso III de Portugal em 1258 e o nome de Viana da Foz do Lima em razão da sua localização geográfica.
Em 1848 foi elevada a cidade por decreto de Dona Maria II, tendo visto então a sua designação alterada para Viana do Castelo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Chaminé Algarvia



Capacete de Gladiador - Carvoeiro - Algarve - Portugal

Polémica na Saúde




A Ministra da Saúde tem falado pouco à comunicação social.
Pelos visto, felizmente que é assim.
Porque para dizer barbaridades como estas mais vale estar calada.
De boca fechada não sai asneira.

Eu não estou ligado à função pública pelo que não sou suspeito nas minhas afirmações.

Realmente, e como disse o Bastonário da Ordem dos Médicos, a culpa é deste Governo (ministro anterior) que, tendo transformado os Hospitais Públicos em "empresas", permitiu a livre contratação de médicos, externos ao hospital, para tarefas específicas (como serviço em Urgências) que, aliás, são muito bem pagas.
Eu diria que, agora, impera a lei da oferta e da procura e não me parece ilegítimo que os médicos, como todos os outros profissionais, queiram ser melhor remunerados pelos serviços que prestam. Isto desde que não se perca a qualidade, que compete à Direcção Clínica de cada hospital verificar.

E porque é que os Hospitais contratam serviços externos ?
Obviamente porque necessitam deles, porque não têm, nos seus quadros, profissionais suficientes para assegurar esses mesmos serviços.
Se assim não fosse, não precisariam de o fazer já que pagam mais aos profissionais de fora do que aos seus próprios médicos.

Quanto à formação contínua, a Ministra (porque é médica e de carreira hospitalar) sabe bem que isso tem sido, de há muitos anos para cá, uma reivindicação constante dos médicos, para a sua inclusão no seu horário de trabalho.

Se, como diz a Ministra, "do ponto de vista do futuro e do ponto de vista da qualidade da saúde dos portugueses, isto pode ser muito grave", não vejo razão para que o Governo não proíba, imediatamente, a contratação de médicos exteriores a cada Hospital e obrigue os hospitais a governarem-se com a "prata da casa".

Mau início de pré-campanha eleitoral, senhora Ministra da Saúde.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Mojado


Mojado (molhado) é a designação popular daquele que nada através da fronteira, quer entre o México e os Estado Unidos, quer entre Marrocos e Espanha, ou seja, o emigrante ilegal.

Mais de 100 mil marroquinos tentam, todos os anos, atravessar clandestinamente o estreito de Gibraltar. Para milhares, o sonho termina de forma trágica.

A travessia do estreito é uma aventura de alto risco. Faz-se por meio de barcos de pesca – pateras – normalmente equipados com motores de 40 a 60 cavalos. A partida dá-se ao longo de todo o litoral norte do Marrocos, descendo até Kenitra, próximo da capital. A vigilância redobrada do estreito obriga os aventureiros a darem mostras de temeridade. Os 12 quilómetros que separam a Espanha de Marrocos – no seu ponto mais próximo – podem transformar-se numa arriscada travessia de várias centenas de quilómetros. Mais ainda quando o objetivo é chegar às Ilhas Canárias. No final de Abril de 2002 ocorreu um naufrágio ao largo de Agadir (foram encontrados sete mortos marroquinos).

Em 2001, um sobrevivente da travessia declarou ao semanário marroquino Demain o seguinte: “Este estreito é minha última chance. É a última fronteira entre o inferno e um mundo possivelmente melhor. Quem tenta correr esse risco, sabe o que tem pela frente. É um jogo. Um jogo de vida e de morte.” E um outro entrevistado completa: “Tentei atravessar nas pateras por três vezes: uma prisão e dois naufrágios, um deles com seis mortos, mas eu tentaria de novo. Se morrer, serei um mártir da economia! Faço o que faço por minha família.

Ricardo Arjona Edgar Morales, (nascido em 19 de Janeiro de 1964, em Jocotenango perto de Antigua, Guatemala), conhecido como Ricardo Arjona, é um popular cantor guatemalteco. Ganhou dois Grammy Awards em três candidaturas: O Grammy Latino de Melhor Álbum Pop (2007) e o Grammy Latino de Melhor Álbum Vocal Pop Masculino (2006), ambos com o seu álbum Adentro, (2005).

Cuidado. Algumas imagens podem ser chocantes.

Portugal de Rosto Antigo (cont.)




Depois de uma troca de e-mails com Luís Lobo Henriques, a quem dei conhecimento de que tinha feito o vídeo anterior, vim a saber que já havia uma versão vídeo do Portugal de Rosto Antigo no YouTube, feita pelo próprio autor e que pode ser vista aqui.

Também tive conhecimento da Exposição "Viagem a um pequeno mundo", com fotos de Lobo Henriques, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria.

Aqui reproduzo o cartaz publicitário.

Um evento a visitar.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Portugal de Rosto Antigo


Esta é mais uma apresentação em PowerPoint que me foi enviada pela amiga Safira, do blogue Escola do Presente.
As fotografias falam por si da sensibilidade e profissionalismo do seu autor, Luís Lobo Henriques.
Muitas mais se podem ver em Zenfolio, Podiumfoto, 1000Imagens e Olhares.
Por mim limitei-me a transformar o slide show em vídeo e a juntar-lhe a deliciosa música Gente Diferente, de Rodrigo Leão, no seu trabalho Portugal, Um Retrato Social.

Espero que gostem.

A Nova Esquerda


"Defendo a criação de um novo sujeito político em Portugal, chamem-lhe partido na designação ortodoxa, emergindo do espaço sociológico criado a partir das candidaturas pioneiras e emancipadoras de Manuel Alegre à Presidência da República e de Helena Roseta às Eleições Autárquicas Intercalares de Lisboa.

Um Movimento Político dos Cidadãos organizado em rede, sem burocracias nem hierarquias rígidas e dogmáticas capaz de ser uma resposta política inovadora às novas exigências do século XXI e que não replique modelos ultrapassados dos outros partidos filhos da Revolução Industrial.

A crise e as suas exigências sociais exigem de nós respostas políticas enérgicas e inovadoras com capacidade de mobilizar aspirações e anseios dos cidadãos, profundamente desiludidos com o enorme fracasso das respostas dadas pelos partidos tradicionais ao longo dos últimos anos. A crise social exige de nós uma Nova Agenda Política com prioridades muito claras e de mudança.

Depois de três quadros comunitários de apoio, milhões e milhões de euros de ajudas alguma coisa de muito grave falhou. Portugal é hoje um dos países mais pobres da Europa. Mais de 18% da população Portuguesa vive abaixo do limiar de Pobreza, com menos de 380 euros mensais. Este é um problema estrutural que ao longo da última década se tem arrastado, sem que se consigam implementar políticas com capacidade de alterar a situação. Ao mesmo tempo Portugal é o país que no contexto Europeu sofre de uma maior desigualdade na distribuição do rendimento e da riqueza – a parcela auferida pela faixa de 20 por cento da população com rendimentos mais elevados é 6.5 vezes superior à auferida pelos 20 por cento da população com rendimentos mais baixos, enquanto a média comunitária é de 4.6 e nos países Nórdicos não vai além dos 3,5. No último Relatório do Eurostat sobre a situação social coesão e igualdade de oportunidades, publicado em 2008, Portugal continua a ser o país com mais desigualdades no contexto da União Europeia. Quase um milhão de pessoas vive com menos de dez euros por dia e duzentos e trinta mil com menos de cinco euros.

Deve ser esta a prioridade política da Nova Esquerda. Mais de vinte anos passaram desde a entrada de Portugal na União Europeia. Depois de todo este tempo a Pobreza tem-se mantido estável em torno dos vinte por cento da população portuguesa: um em cada cinco portugueses é pobre. Temos que mudar este estado de coisas. Não nos devemos resignar e encolher os ombros aos inúmeros apelos manifestados por tantos cidadãos que hoje se sentem desiludidos com a política em Portugal. É este o momento para avançar, deixemos de protelar adiamentos, porque a grave crise social e económica que estamos a viver agrava ainda mais a sua exigência. Se não o fizermos estaremos a ser cúmplices de um silêncio de medo sofrimento e desespero de milhares de cidadãos neste País. Não há desculpas à esquerda!"

Alexandre Azevedo Pinto, Economista, Co-Fundador do Movimento de Intervenção e Cidadania (MIC)

Prespectiva



Barcelona - Espanha

Portimão - Zona Riberinha



Portimão - Zona Ribeirinha - Algarve - Portugal

Sombras chinesas


Luminosidades (10)



Ponte - Serra de Sintra - Portugal

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Amendoeiras em flor


Enquanto a neve cai um pouco por todo o norte e centro de Portugal, no Algarve as amendoeiras já estão em flor.
Outro tipo de "neve" que, todos os anos nesta época, ilumina a paisagem algarvia.



Voltámos ao PREC ?


O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto, falou ontem em “terrorismo de Estado” devido à realização de buscas com “mandados em branco”, numa entrevista concedida à rádio TSF.

O Ministério Público e a polícia são acusados de irem a “escritórios de advogados” sem que haja suspeitas sobre eles, “unicamente para recolher elementos que possam interessar a algumas investigações”, o que constitui uma “prática própria de estados terroristas”, disse o bastonário dos advogados, citado no “site” da TSF.
(Fonte: Público)

O que me preocupa neste assunto não são as buscas em casas e escritórios de presumíveis inocentes, que até podem ter documentos comprometedores sem terem a noção do seu valor probatório.

Aquilo que me assusta são os "madados em branco". Isso sim, faz-me lembrar os terríveis tempos do PREC e os desmandos de Otelo Saraiva de Carvalho (e outros) depois do 25 de Abril.

Luminosidades (9)



Havana - Cuba

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Linha do Tua - Incúria, desleixo ou crime ?


Recebi do amigo João Menéres, Grifo Planante, esta apresentação em PowerPoint e o texto que se segue. Dada a importância do conhecimento dos FACTOS apresentados, resolvi fazer a sua publicação com vista a uma maior divulgação.
"Lembras o acidente na Linha do Tua?

Pois aqui vão alguns factos.....enviados por um amigo, cujo texto segue tb.

Impressionado com a reportagem fotográfica da EMEF sobre os defeitos na infra-estrutura da Linha do Tua, resolvi consultar a "net" e realizar um "slide show".

As causas dos acidentes, nomeadamente o ocorrido no passado dia 22 de Agosto (de que resultaram 1 morto e umas dezenas de feridos) são claríssimas, sobretudo para um engenheiro civil (como a Sr.ª Secretária de Estado dos Transportes), e revoltam pelo desleixo e incompetência revelados pelos que têm como dever zelar pela segurança de pessoas e bens.
Alguns são "membros eleitos" pelo contribuinte.
O que o "slide show" apresenta são factos.
Factos.

Como no caso da Ota, a minha especialidade não é esta, a dos caminhos - de - ferro, mas arrisco a formulação de alguns juízos, por serem mais políticos do que técnicos. Peço a vossa indulgência.

Estou farto, confesso, das situações de compadrio, de desleixo, de incompetência, etecetera, que avassalam este pobre país há alguns tempos. Passados quase 2000 anos antes outra invasão dos vândalos.

Ao vosso dispor,
Luís Leite Pinto (Eng. Civil, IST)"




O SlideShow pode ser visto em full screen, mas mesmo assim aqui segue a transcrição dos slides de texto.

1 - Breve descrição:

A linha ferroviária do Tua é uma linha de via estreita (distância entre carris de 1 m), com uma extensão de 133,8 km e que ligou durante quase 100 anos a estação do Tua à estação de Bragança.
A partir do início dos anos 90, o acesso a Bragança é interrompido em dois tempos. Primeiro, em Dezembro de 1991, é encerrado o troço de 28,7 km entre Mirandela (km 54,1) e Macedo de Cavaleiros (km 82,8), depois, em 1992, o troço entre Macedo de Cavaleiros e Bragança.
A Linha do Tua vê assim a sua extensão reduzida para cerca de 54 km entre Tua e Mirandela.

2. Cronologia da Obra

1878 - Apresentação do projecto de uma linha férrea pelo vale do Tua, com duas soluções: uma com traçado pela margem esquerda, outra pela margem direita.
16 de Outubro de 1884 - Arranque da obra em Mirandela.
27 de Outubro de 1887 - Inauguração da linha entre Tua e Mirandela.
20 de Julho de 1903 - Início da construção em direcção a Bragança.
2 de Agosto de 1905 - Chegada a Romeu.
15 de Outubro de 1905 - Chegada a Macedo de Cavaleiros.
18 de Dezembro de 1905 - Chegada a Sendas.
14 de Agosto de 1906 - Chegada a Rossas.
1 de Dezembro de 1906 - Chegada a Bragança.
1992 - Encerrada a totalidade do troço entre Mirandela e Bragança ficando apenas em exploração o troço Tua-Mirandela.


Existem meios humanos e materiais para os trabalhos de inspecção da linha e para as obras de manutenção e de reparação que são necessárias em qualquer obra, nomeadamente de utilização pública?
Se sim, os defeitos que a seguir se apresentam são fruto de desleixo.
Se não, são a consequência da incompetência de quem tem a responsabilidade de garantir a segurança de pessoas e bens.

A linha sofre, entre outras deficiências, da falta de alinhamento dos carris, do empeno destes, do apodrecimento das travessas de madeira, da má ligação entre os carris e as travessas, de juntas inoperacionais ou em péssimo estado de utilização e, eventualmente, da falta de estabilização dos taludes que ladeiam a via.

As consequências não podiam deixar de aparecer: em 120 anos de vida da obra ocorreram num único ano (de Fevereiro de 2007 a Agosto de 2008) 4 acidentes de que resultaram 4 mortos e 31 feridos.

A reportagem fotográfica que a seguir se apresenta consta do relatório 9/08 da Manutenção Norte (MN) da EMEF (“Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A.”, comparticipada da CP) intitulado “Reportagem de Situações Irregulares da Via na Linha do Tua com Forte Impacto na Estabilidade da Automotora e na sua Qualidade de Inscrição na Via”.

Pode ver-se o PDF aqui.


É de assinalar que a empresa tem como objecto a manutenção de (...) material circulante e não está vocacionada para operações de inspecção, manutenção, reparação e/ou reabilitação de vias ferroviárias. Estes trabalhos são provavelmente da responsabilidade da REFER ou, eventualmente, da empresa Metro de Mirandela como entidade exploradora.

Da reportagem fotográfica é interessante referir o último parágrafo do seu texto introdutório: “...existência dum conjunto de situações, que...podem originar uma elevada probabilidade de pôr em risco a segurança da circulação”, assim como o conjunto de parâmetros considerados por aquela Empresa (EMEF) como essenciais para garantir uma boa qualidade de circulação. São eles:

- A fixação do carril.
- A qualidade da mesa de rolamento (superfície superior do carril).
- A qualidade da face de guiamento do carril (superfície lateral do carril de contacto com a roda).
- A qualidade do alinhamento da via.

A situação deste conjunto de “parâmetros essenciais” na Linha do Tua seria ilegal caso existissem disposições regulamentares transpostas para Decreto-Lei, como é o caso, na engenharia civil, dos edifícios e das obras de arte.
De qualquer modo, aqueles parâmetros apresentam à data uma qualidade inaceitável de um ponto de vista da segurança e da utilização da via.

Acidentes

12 de Fevereiro de 2007: 3 mortos e 2 feridos.
Acidente devido a um desabamento de terras, confirmado pelo LNEC. (O relatório da comissão de inquérito da REFER destaca que não foram detectadas "situações que indiciassem alguma anomalia ou perigo para a circulação ferroviária", (…) nos últimos cinco anos, na Linha do Tua, "apenas se verificaram situações de queda de pedra ou árvores rapidamente solucionadas“). Sem comentários…

10 de Abril de 2008: 3 feridos.
Acidente devido à queda de blocos sobre a plataforma (informação da REFER).

6 de Junho de 2008: 1 ferido.
Inquérito ainda não concluído, à data.

22 de Agosto de 2008: 1 morto e 25 feridos.
Acidente devido a defeitos na infraestrutura da via.


Algumas declarações:

- ”…a nossa confiança é tão grande que ainda ontem a Secretária de Estado (dos Transportes) viajou lá…” (Ministro das Obras Públicas, Mário Lino, 22 de Agosto de 2008).

- A Linha mantém os niveis de manutenção adequados (Garantia do Director de Gestão de Operação da REFER, José Manuel Tomé, 22 de Agosto de 2008).

- “Estranha” a sucessão de acidentes na Linha…não parecem existir deficiências profundas na infraestrutura (Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, 22 de Agosto de 2008).

“Aparentemente houve falhas humanas na detecção ou na correcção de defeitos na Linha” (ibid).

“…(numa) primeira análise não há registo de anomalias na linha ou no material circulante“ (ibid).

“…a Refer faz manutenção da linha de 15 em 15 dias para analisar seu estado de conservação e de acordo com os resultados da última vistoria estava em condição de ser utilizada...(ibid).

“…mas o que é facto é que o acidente ocorreu, por isso vamos ver e analisar seriamente o que se passou“(ibid).

-“Foi mandado averiguar porque sabemos as causas, mas não sabemos as causas das causas” (Ministro das Obras Públicas, 25 de Outubro de 2008). Comentário: deveria ser evidente que a causa das causas das causas é o Sr. Ministro.

Patético, se não fosse a dimensão da irresponsabilidade, da incompetência, da incúria e as consequências para vidas e bens dos recentes acidentes.

Conclusão:

Inspecção e manutenção das obras públicas? O que é isso?

Prejuízos de vária ordem? Que o contribuinte pague.

Os mortos? Que deles Deus se ocupe.

Luis Leite Pinto, 8 de Dezembro de 2008
( Eng. Civil, IST )

Luz e cor



Crisântemos

domingo, 25 de janeiro de 2009

Nuvens de Tempestade



Nuvens de Tempestade - Alvor - Algarve - Portugal

Ainda o caso Freeport (2)


"O primeiro juiz de instrução do caso Freeport estranhou a “celeridade invulgar” e “um andamento inusitado” no processo, segundo o que escreveu num despacho de Fevereiro de 2005, noticiou hoje o “Diário de Notícias”.

“O processo que conduziu à construção e funcionamento do complexo industrial apresenta várias irregularidades e um andamento inusitado”, escreve o magistrado do Tribunal do Montijo no despacho datado de Fevereiro de 2005.

O juiz salientou que, quando o projecto obteve o parecer pretendido, o desenvolvimento do processo “conheceu uma celeridade invulgar, decorrendo em 20 dias e não nos 100 dias usuais”. Apesar de não ter licença de utilização, o Freeport foi inaugurado em Setembro de 2004." (Fonte: Público)

Isso é uma coisa que ressalta à vista de todos.
E só pode ter acontecido, naquelas circunstâncias, por pressão de alguém que esteve presente no último Conselho de Ministros do Governo de António Guterres. Quem ?
Como o povo diz, "ainda a procissão vai no adro".

Cor e Melodia - Azul


sábado, 24 de janeiro de 2009

Um novo timoneiro


"Não há GPS para a crise, temos de nos guiar pelas estrelas, o problema são as nuvens."

No mínimo é infantil esta frase de Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças do Governo Português.

Nos últimos tempos os portugueses navegaram só pelas estrelas, sem grandes rumos, sem vislumbrarem grandes objectivos, sem timoneiros à altura de grandes façanhas.

Mas, mesmo sem eles, os portugueses conseguiram ultrapassar a escuridão das nuvens de tormenta.

O problema agora é saber quem é que os portugueses vão escolher para novo timoneiro.

É o nosso fado, a nossa sina.

Luminosidades (8)



Museo Picasso - Barcelona - Espanha

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ainda o caso Freeport


"O tio materno de José Sócrates, Júlio Monteiro, admitiu ter proporcionado o encontro entre o actual primeiro-ministro e Charles Smith, sócio da Smith & Pedro, empresa contratada para conseguir o licenciamento do Freeport. As declarações fazem parte de uma entrevista dada pelo tio do ex-ministro do Ambiente ao semanário “Sol” e que será publicada amanhã.

“Foi através de mim que ele conseguiu a reunião”, afirmou Júlio Monteiro, que, contudo, garantiu não saber mais nada sobre o desenrolar dos acontecimentos. O tio de Sócrates sublinhou estar a ser “inconveniente” para o sobrinho mas disse estar-se “nas tintas porque é verdade”. O empresário explicou, ainda, que a situação o magoou: “Eu até fiquei chateado pelo facto de nem me agradecerem [o encontro que marquei]”.

Sobre os assuntos que motivaram a reunião Júlio Monteiro assegurou que apenas sabe que Charles Smith se queixou por alegadamente lhe estarem a pedir quatro milhões de contos para o projecto poder avançar e que se mostrou interessado em falar com o ministro do Ambiente da altura." (Fonte: Público)

E a saga continua !!! Manuela Moura Guedes, na TVI, foi explícita !!! E agora ???

Complexo Mineiro do Lousal


Há tempos alguém me falou no local. Nunca lá tinha ido, embora visse sempre a placa sinalizadora, quando viajava entre Lisboa e Algarve.

Um domingo à hora de almoço, resolvi sair do alcatrão cinzento e monótono da A2 e entrar pelos campos alentejanos, rumo ao Lousal.

Não demorei nada a chegar à conclusão de que o desvio valera a pena.

O aglomerado de casas muito brancas do complexo mineiro tem aquele toque característico dos aglomerados populacionais do Alentejo.

Meia dúzia de lojas de artesanato.

Entrei no Restaurante Armazém Central.

É um antigo armazém do complexo mineiro, hoje bem arranjadinho, limpo, com pessoal muito simpático e onde se come muito bem. Comida típica alentejana: pão regional delicioso e azeitonas bem trabalhadas, queijinho fatiado, chouriço, torresmos. sopa de cação, açorda alentejana, carne frita à portuguesa, migas com carne de porco, frango do campo à moda da casa, jantarinho do monte. Fruta variada. Travesseiro de noiva. Delícia de amêndoa.

Escolhi as migas com carne de porco, por apelo da minha costela alentejana de Gândola, regadas com um belo Marquês de Borba. Cuidado com a Brigada de Trânsito ...

Ao fundo numa mesa estava um grupo de oito pessoas, completamente alheados do que se passava no restaurante. De repente elevou-se no ar uma voz, depois outra e outra. Que belas vozes, que belas cantigas, que belíssimo coro tipicamente alentejano.

Cantaram como se nada se passasse à sua volta. Cantaram para si próprios, como só os alentejanos sabem cantar.

Um local que vale a pena visitar ao domingo.


Das minas do Lousal, entre Canal Caveira e Ermidas do Sado, foram extraídas pirites de cobre entre 1900 e 1988.

Após o seu encerramento foi criada a Fundação Frederic Velge, que envolve a empresa proprietária da mina e a Câmara de Grândola. Esta fundação tem um projecto de dinamização com uma vertente cultural, uma vertente científica e outra pedagógica. O Museu Mineiro pretende preservar a memória e o conhecimento das gerações de trabalhadores que escavaram as minas do Lousal, hoje transformadas numa espécie de "local arqueológico", onde se pode observar e aprender o funcionamento da mina através dos vestígios do trabalho que lá foi feito ao longo das décadas.

Este espaço, que funciona nas próprias antigas instalações da mina (encerrada há já 13 anos), é o primeiro do seu género em Portugal, tendo sido inaugurado a 20 de Maio de 2001.

Entre outras características, destacam-se as estruturas de trabalho recuperadas especialmente para serem visitadas pelo público: instalações, escavações e galerias da mina (de momento, não visitáveis), e mesmo os motores da central eléctrica que abastecia não só a mina como também a população local.

(Fonte: Lifecooler)

Beautiful Blogger




Selo recebido da Conceição Bernardino, do excelente blogue AMANHECER & PALAVRAS OUSADAS, que vale a pena visitar.

O meu muito obrigado pela distinção que me concede.

Embora correndo o risco de o enviar a quem não goste de receber este tipo de coisas, envio-o com amizade aos autores(as) dos seguintes blogs:

Milouska
Fernanda & Poemas
Procuro o meu blog
DE-OLHAR
Arte Fotográfica
Fio de Ariadne
Alma de Poeta
Olhar Direito
Fundo de Mim
Chá de Hortelã

Músicas que o cinema imortalizou (6)



América (do filme West Side Story)

Avaliação dos Professores na Assembleia da República


O projecto de Lei do CDS que visa a suspensão do Avaliação dos professores é votado hoje na Assembleia da República.

Prevê-se que poderá ser "chumbado", até porque o Deputado João Bernardo, do Partido Socialista já anunciou que, ao contrário do que fez há um mês atrás, irá votar contra.

Que é este senhor ? Nada mais, nada menos do que um Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico.

E que disse ele há um mês, na sua declaração de voto ?

Cito:

"Defendo uma escola pública de qualidade, com profissionais valorizados e que sejam sujeitos a uma avaliação profissional centrada na prática pedagógica, promotora do mérito e que valorize a actividade lectiva.

O processo de avaliação do pessoal docente assente no processo do primeiro concurso de acesso a professor titular tirou rigor e capacidades práticas a uma relação de autenticidade, de competência e de confiança, para que se possa efectuar uma avaliação entre pares.

O modelo de avaliação implementado demonstrou-se demasiado complexo e burocrático, o que provocou um enorme desgaste em todos os agentes envolvidos (conselhos executivos, avaliadores e professores em geral).

Não pode, no entanto, o sistema educativo suspender (anular) um processo de avaliação dos seus profissionais, em nome da credibilidade e da defesa da escola pública, em que assenta todo o nosso sistema educativo.

Neste sentido, considero positivas as recomendações apresentadas no projecto de resolução n.º 405/X (4.ª), do CDS-PP, sobre a suspensão e simplificação de desempenho de pessoal docente e alteração dos mecanismos de avaliação, nomeadamente:

1 — a) O ano lectivo 2008/2009 estabeleceria a suspensão de um conjunto de normas legais que libertaria muita da carga burocrática e supressão de normativos perfeitamente dispensáveis. Além disso, dispensaria do processo de avaliação os professores que já atingiram o topo da carreira;

b) Determinava-se a antecipação do processo de negociações previsto no memorando de entendimento entre o Ministério da Educação e os sindicatos, previsto para o final do ano lectivo, por forma a encontrar um novo modelo de avaliação mais credível, mais simples e mais objectivo.

2 — Apontava ainda o CDS-PP para um modelo de avaliação que nos parece perfeitamente aceitável, ainda que outros pudessem ser propostos e devessem ser fonte de diálogo e solução a estabelecer ente sindicatos e Ministério da Educação.

Estas duas recomendações, a ser aplicadas, trariam à escola pública a tranquilidade, a exigência e o rigor necessários à sua inequívoca melhoria, mantendo a avaliação, mas salvaguardando a qualidade do processo."
O que é que mudou neste mês?

Luminosidades (7)



Costa Sul de Espanha

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Freeport de Alcochete - Corrupção ou atoardas ?

A 10 de Janeiro o Semanário “Sol” noticiou que as autoridades judiciais inglesas, que têm em curso uma investigação criminal sobre o licenciamento da construção do Freeport de Alcochete, tinham uma lista de 15 suspeitos de corrupção e fraude fiscal, encabeçada por um ex-ministro de António Guterres. Os outros suspeitos que terão estado na origem do desfalque à empresa inglesa de “outlets” são administradores do Freeport, autarcas portugueses, construtores e advogados.

Uma semana depois, o mesmo jornal avançou que o vídeo de uma conversa entre um administrador inglês da sociedade proprietária do espaço comercial e um sócio da consultora Smith & Pedro denunciava o pagamento de “luvas” ao ministro português envolvido no caso. O DVD estaria na posse das autoridades ingleses desde 2007.

Nessa altura, de acordo com as autoridades inglesas, saíram da sede da empresa em Londres grandes quantias de dinheiro, que foram transferidas para Portugal através de “offshores” na Suíça e Gibraltar, alegadamente para o pagamento de “luvas”.

O Freeport, construído numa Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, foi viabilizado num dos últimos Conselhos de Ministros do Governo de António Guterres, durante o mês de Março de 2002, governo em que o actual primeiro-ministro José Sócrates detinha a pasta do Ambiente.

O processo relativo ao espaço comercial do Freeport de Alcochete estará relacionado com suspeitas de corrupção na alteração à Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (ZPET) decidida três dias antes das eleições legislativas de 2002, através de um decreto-lei, e que terá sido mudada para possibilitar a construção da infra-estrutura que já tinha sido anteriormente chumbada, por colidir com os interesses ambientais acordados entre Portugal e a União Europeia.

Em reacção à notícia de 10 de Janeiro do semanário "Sol", a Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu em comunicado que, até ao momento, não há indícios do envolvimento de qualquer ministro português, do actual Governo ou de anteriores, em eventuais crimes de corrupção relacionados como o chamado "caso Freeport".

O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e a Polícia Judiciária realizaram hoje, no âmbito do caso Freeport, buscas na casa e empresas de Júlio Carvalho Monteiro, empresário e tio materno do primeiro-ministro José Sócrates, e no escritório de advogados de Vasco Vieira de Almeida, noticia a edição online do semanário “Sol”. De acordo com o jornal, em causa estão suspeitas de corrupção no processo que permitiu a construção do “outlet”, em Alcochete, e cujo inquérito criminal começou em Fevereiro de 2005.

Na sequência das diligências, as autoridades levaram documentação diversa e alguma referente a “offshores antigas”, segundo disse Júlio Carvalho Monteiro. Ao semanário o empresário informou, ainda, que a contabilidade da sua empresa de Setúbal – a imobiliária ISA – foi apreendida e que a polícia referiu também um email sobre o licenciamento da superfície comercial que terá sido enviado para o Freeport. (Fonte: PÚBLICO)

Eduardo Capinha Lopes, arquitecto que assina o projecto do centro multifuncional do Freeport de Alcochete, foi também hoje alvo de buscas do DCIAP e da Polícia Judiciária no âmbito do caso Freeport. (Fonte: SOL online)
Lembro-me da célebre máxima: "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".
Assunto a seguir atentamente em próximos capítulos.

Mentiras, negligências e incompetências


Ventura Leite, deputado do Partido Socialista e autor do relatório parlamentar sobre acompanhamento dos processos das contrapartidas, lançou ontem um apelo ao primeiro-ministro para que chame a si o controlo dos processos de construção do TGV e do novo aeroporto de Lisboa (NAL).

Pede que José Sócrates não os deixe à responsabilidade do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino. Isto porque, justificou ao PÚBLICO, Mário Lino revelou "manifesta negligência" na gestão do processo de aquisição dos novos aviões da TAP, dado o "desperdício de oportunidades" de obter compensações para a indústria portuguesa num negócio que ascendeu a 2,5 mil milhões de euros.

O deputado disse que "tem que haver outras causas para essa negligência, para além da inexperiência. Há no mínimo falta de vontade política e é preciso saber se esta aproveita a alguém.".

O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, garantiu diversas vezes, nos últimos dias, que empresas portuguesas viram os seus negócios aumentar por via de condições negociadas no âmbito da operação de compra da nova frota Airbus, pela TAP, em 2005 e 2007.

Será que o Ministro Mário Lino ainda tem condições para continuar ?

Claro que o Primeiro-Ministro vai ficar caladinho, como sempre. Ou não ?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Luminosidades (6)



Alhambra - Granada - Espanha

Futebolês


Um novo idioma, variante da língua portuguesa, foi introduzido pela Liga de Futebol Profissional.

Vem isto a propósito do recente conflito entre o Belenenses e o Vitória de Guimarães relacionado com o acesso às meias finais da Taça da Liga.

Diz o Regulamento da competição no seu Artigo 7º:

1. Os jogos são disputados em conformidade com as “Leis do Jogo” autorizadas pela “International Football Association Board” e publicadas pela “Fédération International de Football Association”.
2. Na 1ª fase da Competição, nas Meias-finais e no jogo da Final, em caso de se verificar um empate no final do tempo regulamentar, os dois Clubes procedem ao desempate através do sistema de pontapés da marca de grande penalidade, nos termos previstos nas supra citadas “Leis do Jogo”.
3. Na 2.ª fase e 3.ª fase da Competição caso se venha a verificar um empate de pontuação entre os Clubes, o apuramento para a fase seguinte é efectuado por aplicação dos seguintes critérios:
1.º Melhor “goal average;
2.º Maior número de golos marcados;
3.º Média etária mais baixa dos jogadores utilizados durante a respectiva fase.

O Belenenses fundamenta o seu recurso porque, como diz o Regulamento "o critério definido como primeira fórmula de desempate é o "goal-average", que o Belenenses considera ser superior ao do Guimarães: "2 (para o Belenenses), fruto de 2 golos marcados a dividir por 1 sofrido", contra "1,5 (o do Guimarães) que é fruto de 3 golos marcados a dividir por 2 sofridos".

É absolutamente lamentável e inadmissível que se use o inglês no articulado do Regulamento, o que em nada abona a favor do "jurista" que eventualmente o elaborou, nem dos membros da Assembleia Geral que o aprovou.

Mas o mais ridículo é o asnático argumento usado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Diz o jornal Expresso:

"A Liga rejeita a noção defendida pelos "azuis" de "quociente entre golos marcados e sofridos", argumentando que a "expressão goal-average reporta-se à diferença entre golos marcados e sofridos", o que "corresponde ao entendimento comum na linguagem corrente do futebol ". (Fonte: Expresso)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Questão de credibilidade


Ninguém (ou muito poucos) já acreditam neste Governo de José Sócrates.

Perdeu a credibilidade na Economia e nas Finanças.

Aquilo que o governo diz é, no dia seguinte, desmentido pelas instâncias internacionais. Os ministros têm que dar o dito por não dito.
E já se admite segunda revisão do orçamento de Estado.

Continua a bater na tecla dos grandes investimentos como o TGV, dizendo que trará um aumento do emprego e será um "empurrão" na economia do País, mas os portugueses sabem que a tecnologia, a matéria prima e, quiçá, a mão de obra (pelo menos a qualificada) será toda, ou quase toda, importada. Os portugueses sabem que serão grandes empresas internacionais que virão executar a obra.
Os portugueses sabem que a rentabilização do custo nunca será possível.

Perdeu na Educação.

Veja-se um Secretário de Estado que diz que a segunda greve dos professores tem números muito inferiores à primeira, enquanto que a sua Direcção Regional de Educação do Algarve afirma que ela tem uma adesão de 10 pontos percentuais a mais do que a anterior.
Veja-se outro Secretário de Estado vir dizer que o processo de avaliação dos professores está a andar normalmente, quando os professores, os seus familiares e os seus amigos sabem que ele está parado na quase totalidade das escolas.

Perdeu na Saúde.

Dizem que tudo está caminhando melhor.
Os portugueses sentem na pele que é mentira. Sabem o que custa continuar a ter que ir para a fila às 5 da madrugada para marcar uma consulta. Sabem que o Instituto Nacional de Emergência Médica não consegue responder a cerca de 30% das chamadas.
Sabem que a Linha Saúde 24 não funciona.
Sabem que continuam a esperar horas e horas nas urgências hospitalares para serem atendidos.
Sabem que o Estado paga fortunas a privados (até no estrangeiro) para operarem os doentes que estão em lista de espera.

Perdeu no Emprego.

Dizem que está controlado, mas todos os dias ouvimos notícias de encerramento de empresas por falência. Os desempregados aumentam a cada dia. Os desempregados sabem-no, as famílias sentem-no, os amigos tomam conhecimento da situação.
Os novos licenciados sabem que não têm grande futuro nas suas áreas de formação.

O primeiro ministro disse na Assembleia da República que as taxas de juro do Banco Português de Negócios, recentemente nacionalizado, eram iguais às da Caixa Geral de Depósitos. Os portugueses interessados sabem que o senhor primeiro ministro estava a mentir.
O primeiro ministro fez show com os computadores Magalhães, mas as pessoas sabem que já não há mais e que foi sol de pouca dura.

Os exemplos das inverdades que diariamente ouvimos são tantos que é impossível enumerá-los todos.

O pior que pode acontecer ao Governo de qualquer país é perder a credibilidade perante os seus cidadãos, especialmente os da classe média.

Isto é um desiderato que o actual Governo de Portugal já conseguiu.

Mais um Pinocchio Governamental


O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, acredita que a greve de professores de hoje vai ter uma adesão "bastante inferior" à de Dezembro e acusa os sindicatos de "intransigência" ao promoverem uma paralisação quando estão agendadas negociações.

Por enquanto, o único dado oficial diz respeito à região do Algarve, onde a Direcção Regional de Educação revelou que a adesão à greve às 10h30 era de 75 por cento, mais dez pontos percentuais do que na última paralisação.

E disse, "lamentamos que os sindicatos de professores se mantenham com aquele radicalismo e aquela intransigência que têm tido sempre, mas a verdade é que o processo (de avaliação) está a decorrer com normalidade.

Será que a estupidez é tal que ainda continuam mesmo a julgar que o povo é burro ?

Movimento de Intervenção e Cidadania


O deputado socialista Manuel Alegre afirmou hoje que atravessa um momento "difícil" e "pesado", que a porta do diálogo com José Sócrates "é estreita" mas recusou ser "aventureiro", lembrando que também teve quota na maioria absoluta do PS.

As declarações do deputado socialista e ex-candidato presidencial foram proferidas antes de uma reunião com 24 coordenadores da corrente "Opinião Socialista", que tem como objectivo debater o futuro deste movimento político.

Sou uma pessoa responsável. - afirmou Manuel Alegre - Não sou um aventureiro político. Defendo o diálogo à esquerda também com o PS. É difícil, é uma porta estreita, quer para o meu camarada José Sócrates, quer para mim próprio. Ele sabe que existe esta realidade de facto: uma corrente de opinião que abarca muitos socialistas. Não aqueles que estão nos órgãos [do partido] mas muitos eleitores socialistas. Abarca também não socialistas. Não é por mim [que Sócrates convida] mas naturalmente por aquilo que eleitoralmente posso representar, sustentou.

No final da reunião, Manuel Alegre revelou que o movimento que lidera tomou hoje decisões sobre qual será a sua relação com o PS, tendo em vista as próximas eleições, estando disponível para discutir princípios e não "mercearia" de lugares.

Segundo o vice-presidente da Assembleia da República, o seu movimento está "disposto a discutir" com a direcção do PS "princípios e valores", assim como "propostas programáticas concretas". "Comigo não há mercearia. A nossa disputa não é por cargos ou por lugares", sublinhou.
(Fonte: M!C)

Luminosidades (5)




Abóbada da Catedral de Salvador - Bahia - Brasil

domingo, 18 de janeiro de 2009

Na Faixa de Gaza


Vejamos os factos noticiados:

1 - Israel atacou a Faixa de Gaza para responder aos ataques por “rockets” dos palestinianos;

2 - Ontem, depois da "limpeza" que entendeu fazer estar quase feita, Israel declarou "cessar fogo unilateral";

3 - Poucas horas depois a cidade de Sderot, no sul de Israel, foi novamente atacada por "rockets";

4 - A provocação do grupo islamista teve resposta imediata por parte de Israel, que lançou hoje cedo o seu primeiro ataque aéreo desde o curto início das tréguas unilaterais. Mais 100 palestinianos mortos.

5 - O Hamas anunciou há momentos um cessar-fogo imediato, abrangendo o grupo islamista palestiniano e todos os seus aliados na Faixa de Gaza, e deu a Israel uma semana para sair do território.

Está tudo doido ?

Pedro I de Portugal, justiceiro e cru


A 18 de Janeiro de 1367, faleceu, em Estremoz, o rei de Portugal D. Pedro I. Era filho do rei Afonso IV e de sua mulher, D. Beatriz de Castela.
Com a devida vénia aqui transcrevo o excelente texto de Fernando Correia da Silva em Vidas Lusófonas :

"Vejo D. Pedro pegar em armas contra o pai. Com a sua tropa, tenta mesmo ocupar a cidade do Porto. Mas também vejo o bispo de Braga a tentar apaziguar a desavença. Para minha surpresa, D. Pedro amansa. Deduzo que as palavras mágicas tenham sido “a guerra civil envolve sempre o martírio de inocentes”, e D. Pedro a lembrar-se então da inocência dos seus filhos com D. Inês...

El-Rei exige que D. Pedro não persiga os matadores de Inês de Castro e o Príncipe garante que já os perdoou. El-Rei finge aceitar a palavra dada, mas dela desconfia... De qualquer forma, começa a partilhar com o filho o mando e o comando do Reino. Mas quando em 1357 cai no leito de morte, ainda consegue aconselhar os matadores a exilarem-se em Castela. Pelo sim, pelo não, os três abalam e tratam de cruzar fronteira...


Morre el-Rei D. Afonso IV e a primeira medida de D. Pedro de Portugal é combinar com D. Pedro de Castela (filho de D. Afonso XI), a troca de homiziados castelhanos em Portugal por homiziados portugueses em Castela. É assim que são entregues à justiça portuguesa Pero Coelho e Álvaro Gonçalves. Diogo Lopes Pacheco consegue fugir a tempo de Castela para Aragão e daqui para França.


Enquanto trincha e come a sua vianda mal passada pelas brasas e bebe o seu vinho tinto, D. Pedro I vai assistindo à demorada tortura de Pero Coelho e Álvaro Gonçalves. A um, é arrancado o coração pelas costas, a outro pelo peito. Persignam-se os nobres e murmuram, apavorados:


- El-Rei traiu a palavra dada...


Mas a um homem bom (é o nome que neste tempo se dá a um burguês conceituado), ouço dizer:


- Quem trai a quem fez traição, tem cem anos de perdão...


A obsessão d’el-Rei D. Pedro I passa a ser a justiça que aplica, de forma inclemente, contra criminosos quer de origem nobre, quer plebeia, sem fazer distinção entre uns e outros, o que muito agrada à arraia-miúda. Porém, mais do que fazer justiça, D. Pedro gosta é de ver aplicá-la, goza muito com o sofrimento dos condenados. Por isso ora dizem que é Justiceiro, ora dizem que ele é Cru (cruel). Séculos mais tarde irão chamá-lo psicopata, sádico. Não digo que não seja mas estou em crer que a sua Inês degolada em frente dos filhos, infectou e fez purgar o lado obscuro da sua alma...


Nos intervalos entre a aplicação da justiça e a governação do Reino, do que D. Pedro mais gosta é de sair pelas ruas a bailar e a folgar com outros foliões da arraia-miúda.


Mas nunca se esquece da sua paixão. Comentam que, depois da morte de D. Constança, teria casado secretamente com Inês de Castro. Nunca ouvi D. Pedro dizer tal coisa e duvido que isso tenha acontecido, pois seria afrontar desnecessariamente el-Rei D. Afonso IV. Além do mais, para poder casar com uma prima, teria que obter licença especial, bula papal. E desta não há qualquer notícia...


Tenta é preservar a memória de Inês de Castro. Mandou esculpir dois túmulos, um para Inês, outro para ele. Colocados lado a lado, virão a ser os grandes expoentes da arte tumular medieval portuguesa. Os baixos relevos do túmulo de D. Inês representam cenas da vida de Jesus, da Ressurreição e do Juízo Final. Sobre a tampa está esculpida a imagem de Inês, de corpo inteiro, com coroa na cabeça como se fora rainha. As esculturas do túmulo de D. Pedro representam cenas da vida dos dois apaixonados desde a chegada de Inês a Portugal. Por sua ordem, os dois túmulos são colocados dentro da igreja, à mão direita, cerca da capela-mor do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Em 1361 D. Pedro manda trasladar os resto mortais de D. Inês, do Mosteiro de Santa Clara para o Mosteiro de Alcobaça. Os restos mortais seguem em liteira de luxo, conduzida por grandes cavaleiros, acompanhada por muita gente, nobres, clérigos, burgueses e plebeus. Pelo caminho até Alcobaça, muitos homens com círios nas mãos. No Mosteiro, muitas missas e grande solenidade para depositar os restos de Inês em túmulo novo.


Também comentam que D. Pedro forçou os nobres a prestar vassalagem a D. Inês, obrigando-o as beijar a mão do cadáver. Mas isso também não vi.


Outros amores? Depois da morte de Inês, D. Pedro não voltou a casar nem a amancebar-se. Sei apenas que, de uma Teresa Lourenço, teve ainda um bastardo ao qual pôs o nome de João. O que ninguém levou ou leva a mal... Nestes tempos, todo o nobre que se preza, em casa tem um rancho de filhos legítimos e fora de casa tem um rancho de bastardos. O curioso é que este bastardo João virá a ser o futuro Mestre de Avis, fundador da segunda dinastia portuguesa. Sei isto porque pertenço aos séculos XX e XXI; o que ainda vai ocorrer, para mim já ocorreu.


Pelo mesmo motivo também sei que os amores de Pedro e Inês, por causa do testemunho dos meus três companheiros de viagem, irão inspirar não apenas gerações de artistas portugueses, mas de artistas de todo o mundo. Serão tema de ópera na Itália, de zarzuela em Espanha, de romance e tragédia em França, etc..


Que mais tenho eu a dizer? Ah, já sei: D. Pedro morre em 1367, em Extremoz, e o seu corpo é depositado no túmulo do Mosteiro de Alcobaça, ao lado do túmulo de Inês de Castro. Governou o Reino durante dez anos. E dizem as gentes, chorosas, que “este rei nunca havia de morrer” e que “tais dez anos nunca houve em Portugal como estes em que reinou el-Rei D. Pedro”.


Bem, acho que já chegou a hora de regressar ao meu próprio tempo, melhor é deixar-me escorregar a meio do sono..."

(Fernando Correia da Silva)



Mosteiro de Alcobaça - Túmulos de D. Inês de Castro e D. Pedro I de Portugal


Antes do fim do mundo, despertar,
Sem D. Pedro sentir,
E dizer às donzelas que o luar
E o aceno do amado que há-de vir...

E mostrar-lhes que o amor contrariado
Triunfa até da própria sepultura:
O amante, mais terno e apaixonado,
Ergue a noiva caída à sua altura.

E pedir-lhes, depois fidelidade humana
Ao mito do poeta, à linda Inês...
À eterna Julieta castelhana
Do Romeu português.

(Miguel Torga, Inês de Castro)


sábado, 17 de janeiro de 2009

Entrámos em campanha eleitoral ?


"Se os portugueses elegerem Sócrates primeiro-ministro, primeiro vai ser muito complicado, aqui, aturá-lo até 2013 e, por outro lado, se os portugueses o elegerem primeiro-ministro é sinal que o País perdeu o juízo".
(Alberto João Jardim, Lusa, 16-1-2009)


Na sua habitual truculência, raiando a má-criação que eu lhe detesto, o Presidente do Governo Regional da Madeira lá vai dizendo algumas coisas acertadas.

Entrámos em campanha eleitoral ?

Regresso ao passado ?



Ilha da Madeira - Portugal

Músicas que o cinema imortalizou (4)



As Time Goes By - Herman Hupfeld (do filme Casablanca)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Antigo Ministro das Finanças fala


Luís Campos e Cunha acusa o Governo de tentar mascarar e esconder os sinais da crise aos portugueses.

O antigo ministro de Estado e das Finanças de José Sócrates diz que o Governo agiu de forma muito grave e contribuiu para o descrédito dos governantes.


Não é nada que aos mais atentos tenha passado despercebido.

Campos e Cunha foi Ministro das Finanças do actual Governo de José Sócrates e "motivos pessoais, familiares e cansaço" foram a explicação oficial avançada para a decisão do pedido de demissão.

Sabe-se, porém, que Campos e Cunha abandonou o Governo num momento de tensão com alguns colegas do Conselho de Ministros, nomeadamente com Manuel Pinho (actual ministro da Economia) e Mário Lino (actual ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações), os dois principais responsáveis pelo Programa de Investimentos Prioritários que foi nessa altura tinha sido apresentado pelo primeiro-ministro.

Ainda na altura, Campos e Cunha disse no Parlamento que os grandes investimentos, como a OTA e o TGV, ainda teriam de ser avaliados. Mas logo a seguir, no mesmo local, Mário Lino (ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações) afirmou que a decisão política já estava tomada.

Luís Campos e Cunha é o convidado desta semana da grande entrevista Rádio Clube/Correio da Manhã para ouvir no próximo domingo, ao meio-dia.

Primeira declarações aqui. Entrevista completa a ter em atenção.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tertúlia Virtual - Fogo




O fogo que na branda cera ardia,

Vendo o rosto gentil que eu na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.

Como de dous ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.

Ditosa aquela flama, que se atreve
A apagar seus ardores e tormentos
Na vista de que o mundo tremer deve!

Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.

Luis Vaz de Camões

Músicas que o cinema imortalizou (2)




Hello Dolly - Barbra Streisand e Louis Armstrong

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Pintor e o Quadro (10) - Malangatana


O Pintor

Valente Ngwenya Malangatana nasceu em Matalana, Província de Maputo, a 6 de Junho de 1936.
Frequentou a Escola Primária em Matalana e posteriormente, em Maputo, os primeiros anos da Escola Comercial.
Foi pastor de gado, aprendiz de nyamussoro (médico tradicional), criado de meninos, apanhador de bolas e criado no clube da elite colonial de Lourenço Marques.
Tornou-se artista profissional em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes que lhe cedeu a garagem para atelier.

Acusado de ligações à FRELIMO (um dos movimentos para a independêcia de Moçambique), foi preso pela polícia política do regime ditatorial português aquando duma onda de prisões, que também levou à cadeia, entre outros, os poetas José Craveirinha e Rui Nogar.
Contrariamente aos seus companheiros, não se provou tal envolvimento pelo que acabou absolvido, após quase 2 anos de prisão.
No entanto, a pressão sobre ele exercia-se continuamente pois os seus quadros, embora não exactamente retratando a realidade, davam-na a entender muito bem. Vejam-se as obras desses anos e toda a simbologia que deles se desprende de denúnica do regime colonial.

Após a independência teve vários envolvimentos na área política, tendo sido deputado pelo Partido Frelimo de 1990 até 1994 e hoje é um dos seus membros mais distintos.

Foi um dos fundadores do Movimento para a Paz e pertence à Liga de Escuteiros de Moçambique.
Foi um dos criadores de Museu Nacional de Arte de Moçambique e procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte (associação que agrupa os artistas plásticos moçambicanos).

Muito ligado à criança, tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escolinha dominical "Vamos Brincar", uma escolinha de bairro.
Impulsionador, no passado, de um projecto cultural para a sua terra natal, Matalana, retoma-o, logo que a guerra termina, criando-se assim a Associação do Centro Cultural de Matalana.

Desde 1959 que participa em exposições colectivas em várias partes do mundo para além de Moçambique nomeadamente África do Sul, Angola, Brasil, Bulgária, Checoslováquia, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, índia, Islândia, Nigéria, Noroega, Paquistão, Portugal, RDA, Rodésia, Suécia, URSS e Zimbabwe.
A partir de 1961 realizou inúmeras exposições individuais em Moçambique e ainda na Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia.
Tem murais pintados ou gravados em cimento em vários pontos de Maputo e na cidade da Beira, na África do Sul, no Chile, na Colômbia, nos Estados Unidos da América, na Grã-Bretanha, na Suazilândia e na Suécia.

A sua obra, para além dos murais e das duas esculturas em ferro instaladas ao ar livre é composta por Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmnica, Tapeçaria, Escultura e encontra-se em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, espalhadas por inúmeras partes do Mundo.

Malangatana foi membro do Júri do Primeiro Prémio Unesco para a Promoção das Artes, é membro permanente do Jurí "Heritage" no Zimbabwe, foi membro do Jurí da II Bienal de Havana e da Exposição Internacional de Arte Infantil de Moscovo.


A Poesia

Pensar alto

Pensar alto
Sim
às marrabentas
às danças rituais
que nas madrugadas
criam o frenesi
quando os tambores e as flautas entram a fanfarrar

fanfarrando até o vermelho da madrugada fazer o solo sangrar
em contraste com o verdurar das canções dos pássaros
sobre o já verduzido manto das mangueiras
dos cajueiros prenhes
para em Dezembro seus rebentos
dançarem como mulheres sensualíssimas
em cada ramo do cajual da minha terra
mas, sim ao orgasmo
das mafurreiras
repletas de chiricos
das rolas ciosas pela simbiose que só a natureza sabe oferecer

mas sim
ao som estridente do kulunguana
das donzelas no zig-zague dos ritos
quando as gazelas tão belas
não suportam mais quarenta graus à sombra dos canhueiros em flor

enquanto as oleiras da aldeia, desta grande aldeia Moçambique
amassam o barro dos rios
para o pote feito ser o depositário
de todo o íntimo desse Povo que se não cala disputando
ecoosamente com os tambores do meu ontem antigo.

(Valente Malangatana)


O Quadro



Vivências - Malangatana

Músicas que o cinema imortalizou (1)



Que Será Será - Doris Day

Tinha que ser


Tinha que ser. Eu tenho mesmo que falar nele, embora a princípio, tivesse jurado que não o iria fazer.

Há muito tempo que não via tanto alarido. Rádio, televisão, jornais, revistas cor de rosa...
Sou leitor assíduo do Público Online. Creio que nunca vi tantos blogues referenciando uma notícia. Trinta e um blogues esta manhã.
Pena que o rapaz não tivesse escrito previamente o "discurso" de tomada de posse (desculpem: de aceitação do prémio).
Aquela do "espero cá voltar outra vez" não me caíu lá muito bem.

E quem ganhou afinal ? Sócrates, claro !
Uma noite, vários dias, em que não se vai falar do estado caótico da economia, nas "habilidades" dos boys, nas dificuldades das famílias, no desemprego, nas obras públicas sem concurso... Até o "Pós das Contas" se rendeu. Imaginem !

Correndo o risco de me repetir demasiado, volto a reproduzir um velho poema de Chico Buarque que há dias publiquei aqui no blogue, dentro de outro contexto.
Façam as devidas adaptações.

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A todo o pessoal
Adeus


(Chico Buarque)