segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Questão de credibilidade


Ninguém (ou muito poucos) já acreditam neste Governo de José Sócrates.

Perdeu a credibilidade na Economia e nas Finanças.

Aquilo que o governo diz é, no dia seguinte, desmentido pelas instâncias internacionais. Os ministros têm que dar o dito por não dito.
E já se admite segunda revisão do orçamento de Estado.

Continua a bater na tecla dos grandes investimentos como o TGV, dizendo que trará um aumento do emprego e será um "empurrão" na economia do País, mas os portugueses sabem que a tecnologia, a matéria prima e, quiçá, a mão de obra (pelo menos a qualificada) será toda, ou quase toda, importada. Os portugueses sabem que serão grandes empresas internacionais que virão executar a obra.
Os portugueses sabem que a rentabilização do custo nunca será possível.

Perdeu na Educação.

Veja-se um Secretário de Estado que diz que a segunda greve dos professores tem números muito inferiores à primeira, enquanto que a sua Direcção Regional de Educação do Algarve afirma que ela tem uma adesão de 10 pontos percentuais a mais do que a anterior.
Veja-se outro Secretário de Estado vir dizer que o processo de avaliação dos professores está a andar normalmente, quando os professores, os seus familiares e os seus amigos sabem que ele está parado na quase totalidade das escolas.

Perdeu na Saúde.

Dizem que tudo está caminhando melhor.
Os portugueses sentem na pele que é mentira. Sabem o que custa continuar a ter que ir para a fila às 5 da madrugada para marcar uma consulta. Sabem que o Instituto Nacional de Emergência Médica não consegue responder a cerca de 30% das chamadas.
Sabem que a Linha Saúde 24 não funciona.
Sabem que continuam a esperar horas e horas nas urgências hospitalares para serem atendidos.
Sabem que o Estado paga fortunas a privados (até no estrangeiro) para operarem os doentes que estão em lista de espera.

Perdeu no Emprego.

Dizem que está controlado, mas todos os dias ouvimos notícias de encerramento de empresas por falência. Os desempregados aumentam a cada dia. Os desempregados sabem-no, as famílias sentem-no, os amigos tomam conhecimento da situação.
Os novos licenciados sabem que não têm grande futuro nas suas áreas de formação.

O primeiro ministro disse na Assembleia da República que as taxas de juro do Banco Português de Negócios, recentemente nacionalizado, eram iguais às da Caixa Geral de Depósitos. Os portugueses interessados sabem que o senhor primeiro ministro estava a mentir.
O primeiro ministro fez show com os computadores Magalhães, mas as pessoas sabem que já não há mais e que foi sol de pouca dura.

Os exemplos das inverdades que diariamente ouvimos são tantos que é impossível enumerá-los todos.

O pior que pode acontecer ao Governo de qualquer país é perder a credibilidade perante os seus cidadãos, especialmente os da classe média.

Isto é um desiderato que o actual Governo de Portugal já conseguiu.

4 comentários:

  1. aqui o pessoal vai dois dias antes para conseguir uma consulta com um clinico geral que nem olha para ele e manda para um especialista que leva dois ou tres anos...depois dos trinta ou voce vira prostituta de segunda linha ou ladrao...ainda acho que os problemas sao menores - o que mais me irrita é o desperdicio do dinheiro publico- voces nao sao obrigados a votar e nos somos - como 70% dos brasileiros sao analfabetos os ladroes ganham sempre - pelo visto ai a merda é parecida...a democracia e seus males...mas ainda é a melhor forma de governo.

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  2. uma análise clara e concisa da realidade deste governo...infelizmente só falta haver na oposição quem se assuma como uma alternativa credível e viável. Porque democracia sem alternativas oferece um espectáculo como aquele que vivemos actualmente. Um governo em crise (e a deixar-nos numa crise ainda maior) e...o vazio

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  3. .........obrigado Jorge, por esta análise politica......continua......continua a escrever, para bem da nação...

    Bjinhos

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